Depois de vários meses de expectativa e muitas negociações, o Brasil terá um segundo representante como titular na Fórmula 1 em 2015. Vice-líder da GP2 e piloto reserva da Williams nesta temporada, Felipe Nasr será o novo titular da Sauber, segundo notícia dada em primeira mão pela edição desta quarta-feira do Jornal Nacional. O brasileiro de 22 anos será companheiro do sueco Marcus Ericsson, ex-Caterham, na equipe suíça e assinou um contrato com duração de duas temporadas. Nasr impressionou muito os engenheiros e chefes da Williams neste ano, quando andou no FW36 do finlandês Valtteri Bottas em vários treinos livres e testes.

Se pensarmos no desempenho deste ano, não seria a melhor escolha. Afinal, a Sauber está zerada no Mundial de Construtores, atrás até da Marussia, que não disputou os GPs dos Estados Unidos e também não estará presente no Brasil. Mas a Sauber é uma equipe com uma base sólida, presente na Fórmula 1 desde 1993. Em 2012, chegou a frequentar os pódios com o mexicano Sergio Pérez, que, por conta deste bom desempenho, acabou contratado pela McLaren. A má fase da equipe suíça em 2014 passa por um carro mal-nascido, é verdade, mas também por uma dupla de pilotos fracos: o alemão Adrian Sutil, que nunca comprovou o potencial que se esperava dele, e o mexicano Esteban Gutiérrez, apelidado de "GutiERROS" após uma série de rodadas, acidentes e saídas de pista.

Desde o início da trajetória da Sauber na Fórmula 1, apenas dois brasileiros competiram pela equipe suíça. O primeiro foi Pedro Paulo Diniz, em 1999 e 2000, com três sextos lugares como melhores resultados. Depois, Felipe Massa, emprestado pela Ferrari, fez sua estreia na Fórmula 1 pelo time suíço em 2002. Por duas vezes, Felipe obteve quartos lugares, seus melhores desempenhos pela equipe onde ficou até 2005 (não correu apenas em 2003, quando passou um ano como piloto de testes da equipe italiana).

E qual será o desafio do agora titular Nasr, 31º piloto brasileiro a competir na Fórmula 1, em 2015? Para marcar seu nome na maior categoria do automobilismo, ele precisa terminar à frente de Ericsson, seu novo companheiro. Fica difícil imaginar o que a Sauber poderá fazer na próxima temporada. Mas parece certo que o desempenho ruim de 2014 é uma exceção na trajetória da equipe suíça, que conta com uma boa equipe técnica e uma das mais modernas fábricas da Europa, na pequena cidade de Hinwil.

É fato que o anúncio de Nasr como titular da Sauber é uma excepcional notícia para o automobilismo brasileiro. Afinal, o país não tem dois representantes na categoria desde 2012. Mas é bom ter cautela, não ter expectativas exageradas. Ele correrá por uma equipe média. Se ele terminar o ano com uma boa quantidade de pontos já é uma vitória. Uma característica de Nasr, contudo, será essencial: o brasileiro aprendeu na GP2 a lidar com o desgaste dos pneus, grande desafio da Fórmula 1 nos últimos anos. Se ele confirmar isso, a expectativa de um bom futuro na categoria deverá se concretizar.