Saúde

Autoridades de saúde desmentem corrente que divulga dois casos de ebola no Rio

Secretaria estadual de Saúde, Fiocruz e Ministério de Saúde dizem que informação é falsa

RIO - “Minha amiga que trabalha na UPA acabou de me mandar”. Assim começa a corrente que circula na internet com a falsa informação de dois casos de ebola nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Botafogo e de Marechal Hermes, que a Secretaria de Saúde se recusa a divulgar. A corrente diz ainda para as pessoas não frequentarem lugares muito fechados ou ficar perto de pessoas tossindo muito “porque o ebola já está no Brasil”.

Autoridades de saúde ouvidas pelo GLOBO desmentem a informação. A assessoria do Ministério da Saúde negou a informação e informou que casos suspeitos não seriam internados para exames na UPA nem em Marechal Hermes, e sim no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, unidade de referência no Rio. Até o momento não há caso suspeito ou confirmado da doença no Brasil, e o risco de transmissão para o país é considerado baixo.

Em nota divulgada no último dia 15, o Ministério da Saúde dizia que: “O Ministério da Saúde recebe, diariamente, informações da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a situação de circulação de vírus no mundo, inclusive o ebola, além de quaisquer outras situações que possam se caracterizar como emergência de saúde pública. Como a doença é transmitida pelo contato direto com sangue, secreções, órgãos e outros fluidos corporais de pessoas ou animais infectados, a transmissão para outros continentes é considerada como pouco provável. A OMS não recomenda quaisquer medidas que restrinjam o comércio ou o fluxo de pessoas com os países afetados”.

O Ministério da Saúde está fazendo uma ação nas redes sociais para alertar sobre falsos relatos.

A Fiocruz também negou a existência de casos de ebola no Rio e a Secretaria estadual de Saúde também negou a informação e encaminhou à redação uma nota à população publicada no último dia 18:

Indivíduos provenientes da Nigéria estão excluídos de casos suspeitos de ebola. Risco de disseminação para outros continentes segue sendo considerado baixo. Não há nenhum caso no Brasil

A Subsecretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro acaba de distribuir nesta segunda-feira (18) Nota Técnica às unidades de saúde, atualizando a lista de países que devem ter maior atenção a pacientes provenientes, sob risco de ebola. Atualmente, os casos de doença pelo vírus ebola foram identificados em Serra Leoa, Libéria, Guiné; tendo sido notificados, nestes países, 2.127 casos e 1.145 óbitos desde o início do ano de 2014. Este é o maior surto da doença no mundo, com letalidade de aproximadamente 68%. A possibilidade de disseminação para outros continentes continua sendo considerada baixa.

O Rio de Janeiro está trabalhando de acordo com determinações do Ministério da Saúde para manter as unidades de saúde em alerta para a possível identificação de sintomas relacionados ao vírus ebola. Um plano de contingência já foi elaborado em parceria com as secretarias municipais de saúde, Corpo de Bombeiros e Fiocruz. É importante ressaltar, no entanto, que, pelas características da transmissão do vírus, assim como pelo seu comportamento clínico, a possibilidade de disseminação para outros continentes no momento atual é baixa.

- A Nigéria apresentou apenas dez casos da doença, todos de pessoas que tiveram contato com o primeiro paciente, que havia chegado no país, saído da Libéria. Portanto, a OMS já considera que não há circulação do vírus na Nigéria e que todos os casos apresentados já foram isolados - esclarece Alexandre Chieppe, superintendente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde.

Protocolo - Em caso de suspeita de paciente com o vírus, ele será encaminhado pela unidade de emergência em que for atendido para uma unidade de saúde de referência para isolamento e início dos cuidados médicos adequados. Trata-se de uma doença de notificação compulsória imediata e deve ser realizada pelo profissional de saúde ou pelo serviço que prestar o primeiro atendimento ao paciente, pelo meio mais rápido disponível, de acordo com a Portaria No 1.271, de 6 de junho de 2014. Todo caso suspeito deve ser notificado imediatamente às autoridades de saúde das Secretarias municipais, Estaduais e à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

A doença e sintomas - O Ebola é causado por um vírus e está relacionado à ocorrência de surtos de Febre hemorrágica no continente africano desde 1976. Atualmente, seus casos foram identificados em Serra Leoa, Libéria, Guiné e Nigéria.

O período de incubação da doença pode variar de 1 a 21 dias e sua transmissão ocorre somente após o início dos sintomas, por meio do contato direto com sangue e/ou secreções da pessoa infectada (incluindo cadáveres), assim como por contato com superfícies ou objetos contaminados.

São considerados suspeitos pessoas que estiveram em algum dos países citados acima nos últimos 21 dias e que apresente febre de início súbito, acompanhada de sinais de hemorragia.

Notificação - O Ministério da Saúde disponibilizou canais de contato para notificação imediata por parte dos profissionais de saúde de casos suspeitos: 0800.644.6645 / notifica@saude.gov.br