Após lançar seu primeiro longa-metragem, o ator e diretor Caco Ciocler afirmou neste sábado (16) que a experiência com o filme o ajudou a descobrir parte de sua própria trajetória, além da história dos judeus na Alemanha durante a ditadura de Adolf Hitler, nos anos 1940. O documentário “Esse Viver Ninguém Me Tira” foi o último filme brasileiro, entre os que disputam o Kikito, a ser exibido no Palácio dos Festivais, em Gramado, na Serra gaúcha.
“Eu descobri que parte da minha existência eu devia também à Dona Aracy [Aracy Guimarães Rosa]”, resumiu o estreante cineasta em entrevista coletiva. Na obra, através de depoimentos, Ciocler documenta a história da mulher de Guimarães Rosa, que quando morou na Alemanha ajudou os judeus perseguidos pelo nazismo. Trabalhando como secretária do consulado brasileiro no país, planejou fugas, auxiliou na falsificação de vistos e facilitou a emissão de passaportes, entre outras façanhas.
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“O caminho que me interessava como judeu era entender quem era aquela mulher e essas questões todas dos nazistas. E sobre isso não existia praticamente nada de documento”, destacou. “Para ser sincero, a gente achou uma carta, em alemão, que a gente traduziu. Mas isso não entrou no filme porque a carta era muito complicada e a gente chegou a conclusão que isso não ajudaria”, detalhou sobre o processo de trabalho que excluiu documentos e se concentrou apenas em entrevistas.
Ciocler entrou no projeto quando este estava em andamento. A presença dele provocou alterações no roteiro. O documentário é narrado em primeira pessoa e a narrativa é quase que inteiramente conduzida por depoimentos. A intenção, segundo Ciocler, era focar apenas na história de Dona Aracy, e não abordá-la como a esposa do escritor Guimarães Rosa.
“No roteiro inicial tínhamos uma proposta de falar com as filhas de Guimarães Rosa, mas achamos depois que isso seria uma questão extremamente particular, e não caberia expor essa questão tão íntima da família. Isso acabou nos obrigando a falar da Aracy independente de Guimarães Rosa. Tirar a Aracy da sombra dele”, acrescentou.
“O filme é sobre a Aracy. E desde o início, essa foi a nossa motivação. O João virou um coadjuvante na história”, completou a co-produtora da obra, Alessandra Paiva.
O filme deve chegar ao circuito nacional, mas ainda não tem previsão de lançamento. Aracy Guimarães Rosa morreu aos 102 anos, vítima de complicações do Mal de Alzheimer. “Ela não era coadjuvante de escritor. Ela tinha brilho próprio”, ressaltou a co-produtora.
A exibição ocorreu na sexta-feira (15), após a homenagem ao diretor e fotógrafo Walter Carvalho. No tapete vermelho, o ator posou para fotos ao lado da namorada Luísa Micheletti e da equipe do filme e ainda fez ‘selfies’ com as fãs.
O Festival de Cinema de Gramado começou na última sexta-feira (8) e termina neste sábado (16), quando ocorre a cerimônia de premiação. A festa está marcada para às 21h, no Palácio dos Festivais. Serão entregues 37 prêmios, entre menções especiais e Kikitos. Oito filmes nacionais, cinco latinos e dezenas de curtas-metragens concorrem aos troféus. O cantor gaúcho Nei Lisboa fará o show de encerramento.
- Serviço
Encerramento do 42ª Festival de Cinema de Gramado
Data: Sábado, 16 de agosto
Onde: Palácio dos Festivais (Av. Borges de Medeiros, 2697)
Quanto: R$ 100
- Todos os filmes da mostra competitiva
Longa-metragem nacional
"A despedida" (2014), de Marcelo Galvão (SP)
"A estrada 47" (2014), de Vicente Ferraz (RJ)
"A luneta do tempo" (2014), de Alceu Valença (RJ)
"Esse viver ninguém me tira" (2014), de Caco Ciocler (DF)
"Infância" (2014), de Domingos Oliveira (RJ)
"O segredo dos diamantes" (2014), de Helvécio Ratton (MG)
"Os senhores da guerra" (2014), de Tabajara Ruas (RS)
"Sinfonia da necrópole" (2014), de Juliana Rojas (SP)
Longa-metragem estrangeiro
"Algunos dias sin musica" (2013), de Matías Rojo (Argentina/Brasil)
'El critico" (2014), de Hernán Guerschuny (Argentina)
"El lugar del hijo" (2013), de Manuel Nieto (Uruguai)
"Esclavo de dios" (2013), de Joel Novoa (Venezuela)
"Las analfabetas" (2013), de Moisés Sepúlveda (Chile)
Curta-metragem nacional
"A pequena vendedora de fósforos" (2014), de Kyoko Yamashita (RS)
"Brasil" (2014), de Aly Muritiba (PR)
"Carranca" (2014), de Wallace Nogueira e Marcelo Matos de Oliveira (BA)
"Carta a uma jovem cineasta" (2014), de Luiz Rosemberg Filho (SC)
"Compêndio" (2014), de Eugênio Puppo e Ricardo Carioba (SP)
"Contínuo" (2013), de Carlos Ebert e Odécio Antônio (PB)
"História natural" (2014), de Júlio Cavani (PE)
"La llamada" (2014), de Gustavo Vinagre (SP)
"Max Uber' (2014), de André Amparo (MG)
"O clube" (2014), de Allan Ribeiro (RJ)
"O coração do príncipe" (2014), de Caio Ryuichi Yossimi (SP)
"O que fica" (2014), de Daniella Saba (SP)
"Se essa lua fosse minha" (2013), de Larissa Lewandowski (RS)
"Sem Título #1: Dance of Leitfossil" (2014), de Carlos Adriano (SP)