Saúde

Cientistas da UFPE criam biossensor que detecta câncer de mama em estágio inicial

Método identifica células cancerígenas de forma precoce, o que pode antecipar tratamento
Prevenção. Examinando marcadores biológicos, o novo exame pode achar o mal bem mais cedo Foto: Terceiro / Latinstock
Prevenção. Examinando marcadores biológicos, o novo exame pode achar o mal bem mais cedo Foto: Terceiro / Latinstock

RECIFE - Normalmente identificado por meio da mamografia, quando o aglomerado de células alteradas já é “visível”, o câncer de mama poderá ser detectado em fase ainda mais inicial, antes mesmo da formação do tumor. Um biossensor que cabe na palma da mão, criado por cientistas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), identifica a doença precocemente no sangue as, o que pode facilitar a antecipação do tratamento e aumentar as chances de cura.

O dispositivo foi desenvolvido no Laboratório de Imunopatologia, da UFPE, em parceria com o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R.), que criou um robô para tratar e preparar a amostra do sangue colhido nas pacientes. Só depois o sangue passa pelo biossensor, que examina um marcador biológico relacionado com o câncer.

Os pesquisadores do C.E.S.A.R ainda estão aperfeiçoando o robô para que ele se torne portátil e possa, assim, ser levado a comunidades de difícil acesso. Eles acreditam que a versão mais enxuta da máquina fique pronta dentro de um ou dois anos, segundo Filipe Villa Verde, um dos envolvidos no projeto. O robô permitirá que a análise da amostra do sangue seja concluída em apenas 30 minutos.

Nos exames com mamógrafos feitos no Sistema Único de Saúde (SUS) e em clínicas particulares, o câncer de mama só é identificado a partir de um determinado tamanho do tumor já instalado (0,5 milímetro). No proposto pelos pesquisadores, o diagnóstico pode sair bem mais cedo.

— O biossensor monitora as moléculas do DNA ou RNA no sangue. Assim, antes de o tumor chegar aos 0,5mm, conseguimos identificar que a mulher está com câncer — afirma Débora Zanforli, uma das responsáveis pelo estudo.

Ainda este ano, o sistema começará a ser testado no Hospital Barão de Lucena (HBL), que atende pelo SUS a 1.300 pacientes com câncer de mama por mês. O chefe do setor de mastologia do HBL, Darley Ferreira Filho, é um dos entusiastas do projeto. Ele lembra o alto custo dos equipamentos de mamografia e ultrassonografia (que variam de R$ 50 mil a R$100 mil) e relata a dificuldade que as mulheres, principalmente do interior, enfrentam para ter acesso aos exames preventivos, concentrados nas grandes cidades. O Instituto Nacional de Câncer estima que pelo menos 57 mil casos da doença serão registrados este ano no país.

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL

O projeto inovador para diagnóstico precoce do câncer de mama será levado para a iGEMCompetition 2014, que ocorre em outubro, em Boston, devendo reunir mais de 3 mil participantes. A equipe será a única do Nordeste a participar do evento. A iGemCompetition foi criada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês) para promover a evolução da biologia sintética no planeta.