RIO - Eles têm fama de sujos e comilões. Para os fãs da gastronomia carioca, suas carnes é que dão sabor à tradicional feijoada. Porém, os suínos estão deixando os tradicionais chiqueiros e entrando nas casas. Na versão minipigs — resultado do cruzamento de três raças de pequeno porte — os porquinhos são os bichos de estimação da vez. Carinhosos, inteligentes, dóceis e, principalmente, limpos são alguns adjetivos usados por seus donos para descrevê-los. A empresária Luciana Monnerat Niemeyer diz mais: que convivem amigavelmente com os outros bichos da casa e são ótimas companhias em viagens. Moradora de São Conrado, nos fins de semana ela costuma ir com os três filhos e a porquinha Chiquinha, de um ano e meio, para Friburgo:
— A Chiquinha não dá trabalho, pois fica calma no carro — elogia.
O Rei do pedaço - a moda dos minipigs: assista
Mesmo morando em um apartamento de aproximadamente 70 metros quadrados, em Jacarepaguá, a auxiliar administrativa Milena Dias não abriu mão de ter um minipig. A chegada da nova moradora, Pérola, produziu algumas adaptações na casa. A sala, por exemplo, virou o quarto da porquinha.
— Meus amigos estranham, mas muitas pessoas não têm gatos e cachorros? Qual a diferença? — questiona Milena, que fez um chá de bebê para receber Pérola.
Para resgatar as lembranças da época em que morava em uma fazenda no Rio Grande do Sul, a produtora Lenita Medina Schimitt comprou um minipig. Mas o animal fugiu dos padrões e cresceu mais do que o esperado. Frida pesa 60 quilos e mede 45 centímetros de altura. Geralmente, quando adultos os minipigs atingem 40 centímetros de altura e cerca de 25 a 30 quilos.
— Comparada a uma porca comum, ela ainda é um bebê. As pessoas que desejam ter um minipig devem ficar atentas, pois não adianta comprar e depois querer se desfazer do animal — alerta.
Moradora de São Conrado, a produtora permite que Frida ande por toda a casa, brinque com os outros animais e tome banho de piscina com a família.
— Adoro quando ela vai para a sala assistir à TV comigo. Faço da Frida meu travesseiro — diverte-se Lenita.
ALERTA CONTRA MODISMO
A presidente da Associação Nacional de Implementação dos Direitos dos Animais, Andréa Lambert, diz que, como qualquer animal, os minipigs dão trabalho, precisam de espaço, cuidados veterinários e atenção.
— Ter a guarda de um animal é sempre bom para os dois lados, mas somos contra o modismo. Não adianta comprar um animal e depois abandoná-lo porque cresceu demais, ficou velho, doente ou porque já perdeu a graça — recomenda Andréa Lambert.
Os minipigs precisam de uma alimentação balanceada para evitar que engordem demais. Ração para coelhos (menos calórica), frutas, legumes e verduras fazem parte do cardápio desses pets. Além disso, pelos e pele precisam ser hidratados, semanalmente, para evitar ressecamento.
— É muito importante que esses animais sejam imunizados e examinados — alerta o presidente da Academia de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro, Aristeu Pessanha.
Por serem animais sensíveis, os porquinhos raramente são encontrados em pet shops. Geralmente, são comprados em um criatório de São Roque, em São Paulo, e o preço do filhote varia entre R$ 1,2 mil e R$ 2,5 mil.
A paixão por esses animais despertou na técnica de enfermagem Cida Anuda a vontade de ter sua própria criação. Mesmo contrariando o marido, ela comprou, em novembro passado, o primeiro porquinho, Gabriel. Hoje, são sete.
— Até meu marido, que não gostava da ideia, já pensa em cursar veterinária para ajudar no meu futuro negócio — comemora Cida.
E os apaixonados por minipigs adoram exibi-los nas redes sociais.
— Pérola tem 8.500 seguidores. É um sucesso — gaba-se Milena.