Saúde Ciência

Arqueólogos encontram cemitério com ‘um milhão de múmias’ no Egito

Entre os restos humanos encontrados, há os de uma criança morta há 1500 anos
Imagem mostra o braço, com um bracelete, de uma criança de 18 meses morta há 1500 anos Foto: Reprodução do Facebook
Imagem mostra o braço, com um bracelete, de uma criança de 18 meses morta há 1500 anos Foto: Reprodução do Facebook

TORONTO - Arqueólogos descobriram um antigo cemitério no Egito que guarda mais de 1 milhão de múmias naturais, preservadas pelo ambiente local, de acordo com a equipe da Universidade de Brigham Young, em Utah, nos EUA, responsável por trazer à tona o tesouro histórico. Entre os restos humanos encontrados, estão os de uma criança morta há cerca de 1500 anos.

Cientistas da instituição vinham escavando a área de Fag el-Gamous, juntamente com uma pirâmide próxima, perto da cidade de Faiyum, há cerca de 30 anos. Muitas das múmias encontradas datam da época em que Roma ou o Império Bizantino governava o Egito, do século I ao 7 d.C. Restos de vidro e até calçados coloridos, desenhados para uma criança, foram encontrados ali.

"Estamos quase certos de que há mais de um milhão de enterramentos dentro desse cemitério. É grande e denso", explica o professor Kerry Muhlestein, diretor do projeto de escavação, no texto em que apresenta a descoberta.

Tudo indica que não se trata de um cemitério para reis e outros nobres. Os pesquisadores explicam que os restos mortais encontrados ali não estão acompanhados de ornamentos ou sequer resquícios de caixões. São raros os casos de cadáveres com órgãos internos removidos. Em vez disso, foi o ambiente naturalmente árido que os mumificou. "Acho que não podemos chamar o que aconteceu com essas pessoas como uma autêntica mumificação", diz Muhlestein.

A criança foi encontrada com diversas outras múmias. Estava envolta por uma túnica e tinha um colar e dois braceletes em cada braço. "Há evidências de que tentaram mumificar totalmente a menina. Seus dedos do pé e unhas, além do cérebro, estão incrivelmente preservados", diz o texto dos pesquisadores no Facebook. "Os acessórios nos fazem pensar que se trata de uma menina, mas não temos certeza".

Eles acreditam que a criança tinha em torno de 18 meses quando morreu. "Ela foi enterrada com muito cuidado, deixando claro que alguém que a amou muito fez tudo o que pôde para cuidar de seu funeral. É muito triste, mas funcionou. Foi um lindo enterro", acrescenta o texto.

Local da escavação no Egito Foto: Reprodução do Facebook
Local da escavação no Egito Foto: Reprodução do Facebook

MÚMIA DE MAIS DE 2 METROS DE ALTURA

De onde tantas múmias vieram permanece um mistério e as histórias sobre elas são incontáveis. Há um vilarejo perto do local, mas pequeno demais para ter um cemitério tão grande. Uma cidade antiga chamada Philadelphia, não muito longe, tem cemitérios dentro de seus próprios limites. Há ainda uma pirâmide próxima aos enterramentos, mas foi construída há 4500 anos, ou seja, dois milênios antes da morte da maioria das pessoas enterradas.

O time de cientistas envolvidos na descoberta é bem experiente e já escavou mais de 30 múmias nos últimos 30 anos. "Uma vez encontramos um macho que tinha mais de dois metros de altura, muito alto para caber na cova, então dobraram-no ao meio antes de enterrar", contou Muhlestein, acrescentando que mesmo com boa nutrição, esta seria uma altura incomum para a época e que teria sido causada, provavelmente, por uma patologia relacionada ao crescimento.

A descoberta desta múmia ainda não foi publicada, e estará junto com um banco de dados sobre múmias que a equipe está desenvolvendo. Quando prontos, esses dados ajudarão os pesquisadores a estudar padrões de sepultamento na região.