Saúde

Primeiro exame de africano internado no Rio descarta ebola

Souleymane Bah segue em isolamento na Fiocruz e fará novo teste neste domingo

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, em entrevista coletiva neste sábado
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Jorge William
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O ministro da Saúde, Arthur Chioro, em entrevista coletiva neste sábado Foto: Jorge William /

BRASÍLIA - O Ministério da Saúde informou que o resultado do primeiro exame do paciente Souleymane Bah, recém chegado da Guiné, deu negativo para o vírus do ebola. As análises foram feitas pelo Instituto Evandro Chagas, em Belém, referência número um no assunto no país. Um novo teste será realizado neste domingo, 48 horas após a coleta da primeira amostra de sangue, como determina o protocolo médico nesse caso. Na coletiva de imprensa realizada na manhã deste sábado em Brasília, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou que as chances de um resultado diferente são consideradas remotas.

- Do ponto de vista prático, ter um primeiro resultado negativo não pode desarticular o conjunto de ações de vigilância e de isolamento do paciente, todo protocolo continua sendo seguido até que tenhamos o segundo resultado do exame - afirmou Chioro.

Segundo a pasta, o paciente está sem febre desde ontem e não apresentou nenhum outro sintoma que poderia sugerir a doença, mas seguirá internado no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fiocruz, até que o resultado do segundo exame seja divulgado. Caso este também seja negativo, as 64 pessoas que tiveram contato com Bah em Cascavel (PR), de onde ele foi transferido na manhã de sexta-feira para o Rio, e estavam sob observação, deixarão de ser acompanhadas.

A segunda amostra de sangue também será enviada para análise laboratorial no Instituto Evandro Chagas, no Pará, e o resultado ficará pronto na segunda-feira.

De acordo com Chioro, o Brasil continua sendo um país com pouco risco de transmissão, mas não significa que está imune ao surgimento de algum caso confirmado. Por isso, novos encontros do Ministério da Saúde com a Secretaria de Aviação Civil e o Ministério do Turismo devem ocorrer na próxima semana. Ainda não há previsão para ações em aeroportos e portos brasileiros, como a medição de temperatura por escâner.

- Se tivesse um voo direto da Guiné (ou outros países afetados pela epidemia) para cá, claro que valeria a pena essas pessoas serem monitoradas (por escâner de temperatura). Mas não temos - disse o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.

O guineano de 47 anos chegou ao Brasil via Marrocos e desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, em 19 de setembro. Ele foi atendido na última quinta-feira na UPA de Cascavel, às 17h45m, relatando febre, tosse e dor de garganta iniciadas dois dias antes, portanto no limite do período de incubação do ebola.

Em coletiva, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou que o ministério adotou todos os procedimentos necessários para a interrupção de uma possível cadeia de transmissão do vírus, e que os procedimentos adotados até o momento estão previstos no Regulamento Sanitário Internacional.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o ebola já matou mais de 4 mil pessoas. Os países mais afetados são Libéria e Serra Leoa. A Guiné é o terceiro país com mais número de casos, com mais de 600 pessoas infectadas pelo vírus e 400 mortes. Segundo a organização Médicos sem Fronteiras, desde o final de agosto a epidemia se intensificou no país, com mais de 120 casos detectados, sendo 85 deles confirmados.

A Guiné é o único país africano com registro de epidemia da febre hemorrágica que ainda concede visto para estrangeiros que querem vir ao Brasil. A embaixada brasileira no país emite cerca de 40 vistos mensais, afirmou o diplomata Alírio Ramos, único representante do ministério das Relações Exteriores no país, à “BBC Brasil”. De acordo com o diplomata, o Brasil instituiu uma “rigorosa” avaliação para qualquer pessoa que solicite um visto na Guiné, com obrigatoriedade para exames clínicos e laboratoriais de temperatura.

As representações diplomáticas brasileiras em Monróvia, capital da Libéria, e em Freetown, Serra Leoa, deixaram de emitir vistos para o Brasil por determinação do Itamaraty.