30/03/2015 13h59 - Atualizado em 30/03/2015 16h34

Dilma diz ter 'clareza' de que ministro Joaquim Levy foi 'mal interpretado'

Ministro da Fazenda disse que Dilma nem sempre age de maneira 'efetiva'.
Segundo presidente, Levy ficou 'bastante triste' com repercussão da fala.

Do G1 PA e do G1, em Brasília

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (30), durante entrevista após entregar casas do programa Minha Casa, Minha Vida em Capanema (PA), "ter clareza" de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi "mal interpretado" ao dizer que ela nem sempre faz as coisas da "maneira mais fácil" e "efetiva".

A declaração de Levy foi dada em uma palestra em inglês, na última terça-feira, em São Paulo, a ex-alunos da escola de negócios da Universidade de Chicago (EUA), onde estudou. O jornal "Folha de S.Paulo", que divulgou na internet a gravação com a fala do ministro, informou que no encontro, restrito, Levy disse: "Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes não da maneira mais fácil, mas... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno". De acordo com o jornal, a fala do ministro foi uma crítica à "pessoa" da presidente.

"Em política, vocês sabem que às vezes eu não posso seguir um caminho curto porque eu tenho de ter o apoio de todos aqueles que me cercam. Então, tem a questão de construir consensos. Eu acho que é nesse sentido que ele falou e não tem por que criar maiores complicações por isso. Ele já explicou isso exaustivamente. Ele ficou bastante triste com isso e me explicou", afirmou.

Depois que um repórter reiterou o questionamento sobre a declaração, ela afirmou: "Eu li, não precisa. Eu também tenho clareza que ele foi mal interpretado. Tenho clareza disso", afirmou.

Em Porto Alegre, onde participou de um debate sobre reforma política, o vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou que a declaração de Levy foi "nada ofensiva". Temer também considerou que o ministro foi mal interpretado.

"Você sabe que eu li a matéria e, interessante, eu acho que se exarcebou o conteúdo do que ele [Levy] disse. O que ele disse foi exatamente o seguinte: a presidente tem ótimas intenções, faz as propostas, mas tem o jeito dela de fazer as coisas. Foi simplesmente isso, não achei nada ofensivo. Acho que deram uma interpretação equivocada", afirmou o vice-presidente.

No mês passado, Dilma classificou como "infeliz" uma declaração de Levy sobre a politica de desonerações do governo. Na ocasião, o ministro anunciava uma redução das desonerações e afirmou que "essa brincadeira" não deu resultados e custou "extremamente caro".

No dia seguinte, em visita ao Uruguai, questionada sobre a declaração do ministro, a presidente afirmou: "Acredito que a desoneração da folha foi importantíssima – e continua sendo. Se ela não fosse importante, nós tínhamos eliminado e simplesmente abandonado. Acho que o ministro foi infeliz no uso do adjetivo."

Ajuste e reformas
A presidente afirmou que, após o ajuste fiscal – que implica cortes orçamentários para reequilibrar as contas públicas – vai realizar "várias reformas". Ela não antecipou quais serão. "Tem várias reformas que temos de fazer depois dos ajustes. Eu não anunciou o que vou fazer", declarou.

Segundo Dilma, o governo fez o possível para conter os efeitos da crise internacional e, esgotadas as possibilidades, teve de recorrer ao ajuste. "Sem a gente fazer esse ajuste, nós fomos até onde podíamos", declarou.

Antes da entrevista, no pronunciamento que fez após entregar casas do programa Minha Casa, Minha Vida, em Capanema (PA), Dilma disse que não será preciso “reformar tudo” para enfrentar a crise econômica, mas sim “ajustar um pouco” o Orçamento da União.

Segundo ela, o Brasil tem uma "base sólida" para ultrapassar as dificuldades financeiras.
“É óbvio que sabemos que o Brasil está enfrentando algumas dificuldades, mas são dificuldades passageiras. Uma coisa é você ter que ajustar um pouco o Orçamento, outra coisa é ter que reformar tudo. Não temos que reformar tudo porque o Brasil tem uma base sólida”, afirmou.

De acordo com a presidente, o governo está trabalhando "todos os santos dias" para que o país retome o crescimento econômico. "Cada dia é um dia. Nós estamos todos os santos dias trabalhando para que o Brasil retorne a uma taxa de crescimento compatível com seu potencial", declarou.

 

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