O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta terça-feira (31) que defende a criação de um "novo bairro" com uso misto (residencial e comercial) para "várias faixas de renda" na área que atualmente é ocupada pela Ceagesp.
O entreposto de alimentos deve se mudar para a região do Rodoanel, ainda sem data prevista. A mudança ocorrerá porque a administração municipal conseguiu costurar um acordo com o governo federal para a retirada da Ceagesp do programa de privatizações (veja detalhes na reportagem do SPTV, acima, e no vídeo abaixo).
Agora, a Prefeitura e a central de entrepostos vão firmar um convênio para a construção de uma nova estrutura através de uma parceria público-privada. O objetivo da Prefeitura é que o parceiro na construção da nova central seja beneficiado em parte da intervenção urbana no "novo bairro".
Paralelamente, a administração municipal vai encaminhar para a Câmara proposta de alteração na lei de uso do solo da região, atualmente Zona Industrial (ZPI), para uma Zona de interesse especial (ZIE).
Dessa forma, o terreno poderia passar a receber moradias, parques e até empresas. Segundo Haddad, o envio da proposta ao Legislativo municipal deve ocorrer nas próximas semanas.
O projeto é visto com interesse por Haddad, pois a atual Ceagesp fica no Arco do Futuro, eixo estruturante de desenvolvimento econômico e social da cidade.
“Eu defendo que seja uma nova centralidade. Não defendo só residência. Tem que ter uso misto. Residencial e não residencial. E no residencial várias faixas de renda não só destinada para um bairro de alto padrão. Você tem tamanho para projeto urbano avançado”, disse Haddad.
A região, além de equipamentos públicos, conta com duas linhas da CPTM, o que facilitaria o acesso dos futuros moradores.
A mudança se enquadra na proposta de campanha de Fernando Haddad que busca estimular o progresso da urbanização da região dos rios Pinheiros e Tietê. Para o prefeito, o projeto é “incontornável”.
“Não faz sentido que um terreno com aquele valor imobiliário, com aquele potencial de desenvolvimento ficar sendo ocupado por um entreposto, que pode estar em um lugar melhor, liberando área para o desenvolvimento urbano”, afirmou.
O modelo da Parceria Público Privada, no entanto, ainda é estudado. “Faz 10 dias que conseguimos tirar do programa da desestatização. A Ceagesp ia ser vendida. Nós conseguimos negociar com a União depois de mais de um ano. O que vai permitir à Ceagesp lançar o chamamento público para verificar se há interessados”, afirmou Haddad.
De acordo com o prefeito, as empresas têm se interessado no projeto. “Mais de um grupo que já disse que é viável e desejável que mude de local para um sítio que mude a logística de distribuição e que seja mais adequado a realidade da cidade hoje”, afirmou. A saída do entreposto contribuiria para reduzir o tráfego na Marginal Tietê assim como facilitaria o escoamento das mercadorias.
Haddad acredita que a área de 700 mil metros quadrados deve ser alienada em prol do novo projeto urbanístico.
“Certamente aquele terreno o destino dele não vai ser União, nem Prefeitura. O terreno vai ser alienado num projeto urbanístico de ocupação, que pode ser dedicado a uma ou muitas empresas. Deve superar R$ 3 bilhões o valor do terreno", comentou.
"Estamos falando de um projeto muito grande. Mas a partir do momento que a Ceagesp tiver área disponível para se instalar em outro local e recebendo o terreno atual um tratamento jurídico adequado para uso e ocupação. O terreno vai se valorizar e vai poder ser feita a parceria público privada para mudança”, afirmou.
Prefeitura quer tirar Ceagesp da Zona Oeste de São Paulo (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
