SANTOS E BRASÍLIA — A presidenta Dilma Rousseff determinou, nesta segunda-feira, à Infraero e à Força Aérea Brasileira (FAB) que ajudem o governo de São Paulo e a prefeitura de Santos no combate ao incêndio nos tanques de combustível da Alemoa. Por orientação da presidente, a Aeronáutica e a Infraero colocarão pessoal e equipamentos para auxiliar na operação. A expectativa do Corpo de Bombeiros é que ainda sejam necessários mais quatro dias para que o incêndio seja encerrado.
O fogo nos tanques armazenados no pátio da Ultracargo, em Santos, já dura quatro dias. O vice-presidente Michel Temer conversou, no último sábado, com o prefeito de Santos, Paulo Alexandre, e com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre Moraes, para levantar a necessidade de apoio aos órgãos estaduais e municipais.
Também nesta segunda-feira, a prefeitura de Santos e o governo de São Paulo proibiram a entrada de caminhões na cidade de Santos enquanto durar o incêndio. Inicialmente, a medida só valeria para esta segunda-feira, quando foram colocadas em prática restrições aos veículos de carga na Via Anchieta, principal via de acesso à Baixada Santista.
O secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, pediu no início da tarde desta segunda-feira que as transportadoras de todo o país não enviem seus veículos de carga para Santos nos próximos dias. Só serão liberados os caminhões que carregarem suprimentos considerados essenciais para a cidade, como medicamentos e produtos perecíveis. O objetivo da medida é evitar que o trânsito fique caótico no município.
A medida foi anunciada em coletiva de imprensa realizada na Prefeitura de Santos no início da tarde desta segunda-feira, após reunião do comitê de crise. Além de Moraes e do prefeito de Santos, Paulo Barbosa, também participaram do encontro o vice-governador Márcio França e integrantes da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros.
O prefeito Barbosa afirmou que equipamentos do Exército estão sendo utilizados para medir a qualidade do ar em bairros próximos ao local do acidente. Segundo ele, os índices estão normais, embora poluentes estejam sendo liberados pelo incêndio. Barbosa disse, ainda, que a empresa responsável pelos tanques pode ser multada pela legislação ambiental de Santos por poluir o ar e rio. A lei prevê até R$ 50 milhões de multa.
Motoristas enfrentaram cerca de quatro quilômetros de trânsito lento na Rodovia Anchieta, sentido Baixada Santista, a partir do km 32 na manhã desta segunda-feira por conta do incêndio que consome tanques de combustível na Baixada Santista. Nesta segunda-feira, o problema entra no quinto dia consecutivo.
Como é o primeiro dia útil desde que o incêndio se alastrou, os problemas são inúmeros na região. No trecho da rodovia ainda há muitos caminhões se dirigindo ao porto, sem saber que o acesso está fechado. São poucos os carros de passeio que seguem para o litoral nesta manhã.
Homens da Polícia Rodoviária orientam os caminhoneiros com destino ao Guarujá para seguirem pela Anchieta. Já os veiculos de carga que iriam para Santos são desviados para a estrada de interligação com a Rodovia dos Imigrantes, onde eles podem estacionar no acostamento. Alguns motoristas estão parados desde o início da madrugada. Segundo eles, porém, muitos caminhoneiros voltaram para São Paulo ou cidades próximas.
Há uma terceira opção para os veículos de carga, segundo a Ecovias, concessionária que administra a Via Anchieta. Eles podem seguir pela estrada até a Rodovia Cônego Domenico Rangoni, em Cubatão. De lá, podem acesaar o porto de Santos pela margem oposta à região do incêndio.
Os bombeiros já utilizaram cinco bilhões de litros de água do mar, bombeados pelo navio governador Fleury, mas a água não chega a atingir as chamas, evaporando antes de chegar ao centro do fogo, que atinge mais de 800 graus.
Como essa água escorre para rios da região, como o Rio Casqueiro, do Alemoa, muitos peixes estão morrendo, com prejuízos ao meio ambiente. A fumaça também tem prejudicado a população da área, que sofre com a fumaça e forte cheiro de combustível. Há pessoas com dificuldades para respirar. A fuligem também cobre residências, aumentando os problemas respiratórios na região do incêndio.
O bloqueio aos caminhões começou à meia noite desta segunda-feira. Os caminhões que chegam à região têm três opções: retornar a São Paulo, ficar parado num bolsão criado na interligação da Anchieta com a Imigrantes ou seguir viagem até o km 58 para acessar Cubatão ou Guarujá, mas nenhum caminhão pode seguir pela Anchieta em direção ao Porto do Alemoa, onde fica a Ultracargo.
O fogo começou na manhã de quinta-feira, atingindo seis tanques de álcool e gasolina, mas agora queimam ainda dois tanques de álcool. Produtos químicos que estavam perto ao local em chamas foram transferidos para outros tanques, localizados a um quilometro do local atingido pelas chamas. O risco de explosão e contaminação do meio ambiente era muito grande. Espuma especial é jogada nos tanques para conter as chamas. Além disso, os demais tanques em volta são resfriados pela água de sete carros de bombeiros.