Política

Dilma determina que Infraero e FAB ajudem no combate a incêndio em Santos

Corpo de Bombeiros prevê mais quatro dias de trabalho. Caminhões estão proibidos de entrar na cidade
Incêndio em tanques de combustiveis em Santos já dura quatro dias Foto: Marcos Alves/ O Globo
Incêndio em tanques de combustiveis em Santos já dura quatro dias Foto: Marcos Alves/ O Globo

SANTOS E BRASÍLIA  — A presidenta Dilma Rousseff determinou, nesta segunda-feira, à Infraero e à Força Aérea Brasileira (FAB) que ajudem o governo de São Paulo e a prefeitura de Santos no combate ao incêndio nos tanques de combustível da Alemoa. Por orientação da presidente, a Aeronáutica e a Infraero colocarão pessoal e equipamentos para auxiliar na operação. A expectativa do Corpo de Bombeiros é que ainda sejam necessários mais quatro dias para que o incêndio seja encerrado.

O fogo nos tanques armazenados no pátio da Ultracargo, em Santos, já dura quatro dias. O vice-presidente Michel Temer conversou, no último sábado, com o prefeito de Santos, Paulo Alexandre, e com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre Moraes, para levantar a necessidade de apoio aos órgãos estaduais e municipais.

Também nesta segunda-feira, a prefeitura de Santos e o governo de São Paulo proibiram a entrada de caminhões na cidade de Santos enquanto durar o incêndio. Inicialmente, a medida só valeria para esta segunda-feira, quando foram colocadas em prática restrições aos veículos de carga na Via Anchieta, principal via de acesso à Baixada Santista.

O secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, pediu no início da tarde desta segunda-feira que as transportadoras de todo o país não enviem seus veículos de carga para Santos nos próximos dias. Só serão liberados os caminhões que carregarem suprimentos considerados essenciais para a cidade, como medicamentos e produtos perecíveis. O objetivo da medida é evitar que o trânsito fique caótico no município.

A medida foi anunciada em coletiva de imprensa realizada na Prefeitura de Santos no início da tarde desta segunda-feira, após reunião do comitê de crise. Além de Moraes e do prefeito de Santos, Paulo Barbosa, também participaram do encontro o vice-governador Márcio França e integrantes da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros.


Caminhões engarrafados no acesso ao Porto de Santos
Foto: Marcos Alves/ Agência O Globo
Caminhões engarrafados no acesso ao Porto de Santos Foto: Marcos Alves/ Agência O Globo

O prefeito Barbosa afirmou que equipamentos do Exército estão sendo utilizados para medir a qualidade do ar em bairros próximos ao local do acidente. Segundo ele, os índices estão normais, embora poluentes estejam sendo liberados pelo incêndio. Barbosa disse, ainda, que a empresa responsável pelos tanques pode ser multada pela legislação ambiental de Santos por poluir o ar e rio. A lei prevê até R$ 50 milhões de multa.

Motoristas enfrentaram cerca de quatro quilômetros de trânsito lento na Rodovia Anchieta, sentido Baixada Santista, a partir do km 32 na manhã desta segunda-feira por conta do incêndio que consome tanques de combustível na Baixada Santista. Nesta segunda-feira, o problema entra no quinto dia consecutivo.

Como é o primeiro dia útil desde que o incêndio se alastrou, os problemas são inúmeros na região. No trecho da rodovia ainda há muitos caminhões se dirigindo ao porto, sem saber que o acesso está fechado. São poucos os carros de passeio que seguem para o litoral nesta manhã.


Equipes do Corpo de Bombeiros seguem trabalhando no incêndio em Santos
Foto: PMESP / Corpo de Bombeiros
Equipes do Corpo de Bombeiros seguem trabalhando no incêndio em Santos Foto: PMESP / Corpo de Bombeiros

Homens da Polícia Rodoviária orientam os caminhoneiros com destino ao Guarujá para seguirem pela Anchieta. Já os veiculos de carga que iriam para Santos são desviados para a estrada de interligação com a Rodovia dos Imigrantes, onde eles podem estacionar no acostamento. Alguns motoristas estão parados desde o início da madrugada. Segundo eles, porém, muitos caminhoneiros voltaram para São Paulo ou cidades próximas.

Há uma terceira opção para os veículos de carga, segundo a Ecovias, concessionária que administra a Via Anchieta. Eles podem seguir pela estrada até a Rodovia Cônego Domenico Rangoni, em Cubatão. De lá, podem acesaar o porto de Santos pela margem oposta à região do incêndio.

Os bombeiros já utilizaram cinco bilhões de litros de água do mar, bombeados pelo navio governador Fleury, mas a água não chega a atingir as chamas, evaporando antes de chegar ao centro do fogo, que atinge mais de 800 graus.

Como essa água escorre para rios da região, como o Rio Casqueiro, do Alemoa, muitos peixes estão morrendo, com prejuízos ao meio ambiente. A fumaça também tem prejudicado a população da área, que sofre com a fumaça e forte cheiro de combustível. Há pessoas com dificuldades para respirar. A fuligem também cobre residências, aumentando os problemas respiratórios na região do incêndio.

O bloqueio aos caminhões começou à meia noite desta segunda-feira. Os caminhões que chegam à região têm três opções: retornar a São Paulo, ficar parado num bolsão criado na interligação da Anchieta com a Imigrantes ou seguir viagem até o km 58 para acessar Cubatão ou Guarujá, mas nenhum caminhão pode seguir pela Anchieta em direção ao Porto do Alemoa, onde fica a Ultracargo.

O fogo começou na manhã de quinta-feira, atingindo seis tanques de álcool e gasolina, mas agora queimam ainda dois tanques de álcool. Produtos químicos que estavam perto ao local em chamas foram transferidos para outros tanques, localizados a um quilometro do local atingido pelas chamas. O risco de explosão e contaminação do meio ambiente era muito grande. Espuma especial é jogada nos tanques para conter as chamas. Além disso, os demais tanques em volta são resfriados pela água de sete carros de bombeiros.