Quase cinco anos após ficar entre a vida e a morte, depois de ser atingido por acidente com um tiro de borracha disparado pela PM, Anderson de Moura ainda luta para se recuperar de forma completa. O final da temporada 2009 ficará para sempre marcado na vida do estudante e de sua família. No ano do centenário do Coritiba, ele estava no Couto Pereira na última rodada do Campeonato Brasileiro, quando o time do coração disputava contra o Fluminense a sobrevivência na Série A da competição. O resultado, empate por 1 a 1, rebaixou o Coxa e provocou a ira dos torcedores da casa, que invadiram o campo (assista ao vídeo).
- Eu estava xingando um policial e no momento outro policial, que estava perto, atira em mim. E todo mundo viu que foi errado. Têm vídeos das pessoas gritando: "Ele morreu, ele morreu". Quando a minha mãe entrou (no hospital) e viu que estava todo encharcado de sangue, ela falou: "Não, agora, o Anderson não tem mais volta" - disse Anderson.
Após retornar para casa, Anderson nunca mais voltou a um estádio de futebol. E hoje ainda luta para retomar a vida normal, comum de qualquer estudante de sua idade. Aos 24 anos, ele não pode mais seguir o sonho de estudar gastronomia. Mas sua vontade maior agora é recuperar completamente os movimentos dos braços, pernas e a fala, além de divulgar a paz.
- Tem que ser mais coerente. Se perder, não vai começar a brigar - falou o estudante, que trava diariamente a árdua batalha para reaprender a fazer coisas simples, como ler.
A batalha do Couto Pereira, que deixou Anderson e muitos outros feridos, rendeu ao Coritiba uma punição de perda de 10 mandos de campo. Pena similar a recebida pelo rival Atlético-PR, que teve de jogar nove jogos fora de casa, sendo quatro sem público na Arena da Baixada, por conta da briga generalizada entre seus torcedores e os do Vasco da Gama, na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013, em Joinville.