18/12/2012 18h45 - Atualizado em 18/12/2012 20h27

Obras do Porto do Açu podem ter causado salinização de água

Produtores rurais de São João da Barra, RJ, contabilizam prejuízos.
LLX afirma que salinidade nas águas decorre da geologia da região.

Priscilla AlvesDo G1 Norte Fluminense

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) revelou que a água usada por produtores rurais do quinto distrito, em São João da Barra, no Norte Fluminense, está com teores de sal acima do recomendado. O problema, segundo a pesquisa, seria causado pelas obras do Porto do Açu.

Produtores rurais da região já contabilizam prejuízos na colheita e nesta terça-feira (18) interditaram a RJ-224 em protesto. Eles perceberam que a plantação não se desenvolvia e alguns chegaram a perder toda a lavoura. Os produtores então resolveram pedir ajuda aos pesquisadores da Uenf, que começaram a investigar a água. O problema teria começado durante as obras de drenagem no Porto do Açu. 

Lagoa de Iquipari é um dos locais que teria sido atingido em São João da Barra (Foto: Divulgação/ Site LLX)Lagoa de Iquipari é um dos locais que teria sido atingido em São João da Barra (Foto: Divulgação/ Site LLX)

Segundo o biólogo Carlos Eduardo Rezende, a suspeita é que a areia dragada do mar e depositada às margens de uma lagoa tenha provocado o aumento da salinização das águas. Com o avanço das obras no porto, a quantidade de material retirado do mar aumenta ainda mais e com isso poços artesianos e lagoas da zona rural estão com altos índices de salinidade.

Ainda segundo o biólogo, a consequência da salinização pode ser problemas nos rins e ainda mais prejuízos em relação à colheita

Segundo a Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), responsável pelo abastecimento em São João da Barra, a água com altos teores de sal vem de poços artesianos superficiais. A empresa garantiu que só trabalha com poços profundos, e que estes estão com a qualidade garantida.

A equipe do G1 procurou a Prefeitura de São João da Barra, mas até às 17h06 não conseguiu uma resposta.

Empresa LLX se posiciona sobre salinização da região 

Porto do Açu  (Foto: Divulgação/LLX)Porto do Açu, em São João da Barra
(Foto: Divulgação/LLX)

Através de nota, a LLX esclareceu que, "conforme estudos e pesquisas acadêmicas já realizados, a presença de salinidade nas águas subterrâneas e superficiais do Açu decorre da própria estrutura geológica da região, formada a partir do processo histórico de avanço e recuo do mar. As Lagoas de Grussaí, de Iquipari e Salgada, bem como o Canal Quitingute, são caracterizados como de água doce à salgada."

Também segundo a empresa, os estudos sobre os níveis de salinidade realizados pela LLX não são avaliados a partir de um dado pontual, e sim por meio de monitoramento periódico em mais de 40 pontos (águas subterrâneas, lagoas e canais) situados na área de influência do Complexo Industrial do Superporto do Açu. Os resultados são enviados aos órgãos ambientais competentes, na forma determinada pelo Instituto Estadual de Ambiente (INEA).

A LLX possui convênio com a FAPUR (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica) da UFFRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) para apoio às atividades agrícolas da região do Açu, no qual é realizado o constante monitoramento das águas do Canal Quitingute e do Canal Andrezza, utilizadas para irrigação de atividades agrícolas no Açu. Os resultados demonstram que a água utilizada para irrigação nos cultivos monitorados na região desde 2007 não sofreu alterações decorrentes das obras de implantação dos empreendimentos.

MPF instaura inquérito para apurar impacto ambiental 

O Ministério Público Federal (MPF) em Campos dos Goytacazes (RJ) instaurou inquérito civil público para verificar eventual salinização do canal do Quitingute, em São João da Barra, no Norte Fluminense. O inquérito foi instaurado após o MPF receber uma representação que noticiava a existência de impacto de grande alcance gerado pelas obras de construção do Complexo Logístico Portuário do Açu.

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