Política Comissão da Verdade

Comandante da Marinha: Comissão da Verdade 'cumpriu o papel dela'

Almirante Moura Neto afirma que assunto não foi tratado com a presidente durante inauguração em Itaguaí
Comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, ao lado de Dilma Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, ao lado de Dilma Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

ITAGUAÍ (RJ) - No primeiro evento a reunir a presidente Dilma Rousseff e os ministros militares depois da divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, o comandante da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto, disse que a CNV “cumpriu o papel dela”, mas destacou que nem ele nem o governo se debruçaram sobre seu conteúdo ainda. O documento responsabiliza uma série de militares pelos crimes cometidos durante a ditadura.

— A Comissão Nacional da Verdade cumpriu o papel dela. Fez o relatório sobre o qual nós não tivemos a oportunidade de nos debruçar. Então não podemos analisar o que foi escrito — disse o almirante, na terceira vez em que foi perguntado sobre as conclusões da CNV. — A presidente disse que ia ser debruçar sobre o relatório, e estamos esperando isso.

Dilma e os ministros militares foram nesta sexta-feira a Itaguaí para inaugurar o prédio principal do estaleiro de submarinos convencionais e nucleares que a Marinha e a Odebrecht constroem no Rio de Janeiro.

No local, a presidente se encontrou com o ministro da Defesa, Celso Amorim, com os comandantes das três Forças Armadas, com o governador Luiz Fernando Pezão e com Marcelo Odebrecht, presidente da empresa que leva seu sobrenome e que é investigada pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato.

Em seu discurso, Dilma não fez qualquer menção à Comissão da Verdade. Elogiou o prédio e afirmou que cada centavo dos R$ 28 bilhões investidos no programa de submarinos é fundamental para soberania do país e a luta por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

— Em um futuro cada vez mais próximo, a força naval brasileira poderá escrever mais um feito em sua história: ter contribuído decididamente para que nosso país integre um seleto grupo de cinco países integrantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas que dominam a tecnologia de construção de submarinos com propulsão nuclear — destacou a presidente, reafirmando seu compromisso com este programa para os próximos quatro anos.

O projeto de submarinos do Brasil prevê a construção de equipamentos convencionais e com propulsão nuclear. Os primeiros submarinos convencionais estão previstos para 2017. Os nucleares, para 2023.

Antes de Itaguaí, Dilma se encontrou com Pezão e o prefeito Eduardo Paes no Hotel Windsor em Copacabana. Na pauta, a possibilidade de o deputado federal Pedro Paulo (PMDB) ocupar um ministério no segundo mandato. Paes, no entanto, negou a movimentação, afirmando, pela primeira vez, que quer Pedro Paulo ao seu lado, como seu sucessor.

— O Pedro Paulo vai ser o meu secretário. Ele é o meu candidato a minha sucessão. Estou vendo para onde ele volta no meu governo. Será algo relacionado à coordenação. Desde o início ele deixou claro que quer ficar no Rio.