Rio Crise da água

Caso a crise hídrica se agrave, paulistas podem ficar cinco dias sem água por semana

Rodízio será adotado se obras não surtirem efeito e consumo e seca aumentarem, afirma diretor da Sabesp

Represa do Rio Jaguari, em Joanópolis, no interior de São Paulo: maior reservatório do sistema Cantareira está praticamente seco
Foto: Marcos Alves / Agência O Globo
Represa do Rio Jaguari, em Joanópolis, no interior de São Paulo: maior reservatório do sistema Cantareira está praticamente seco Foto: Marcos Alves / Agência O Globo

SÃO PAULO — A população de São Paulo pode ter água apenas dois dias por semana, caso a crise hídrica do estado se agrave nos próximos meses. Em um cenário tido como pessimista pelo governo, em que a quantidade de chuvas fique abaixo das médias históricas, as obras previstas não surtam efeito e o consumo na Região Metropolitana aumente, seria necessário adotar um rodízio de dois dias com água e cinco sem, segundo o diretor metropolitano da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), Paulo Massato.

CONSUMO JÁ DIMINUIU

Por enquanto, porém, não há data para isso acontecer. A quantidade de chuvas neste verão está menor. A quatro dias do fim de janeiro, havia chovido até esta terça-feira 49,5% da média histórica na região do sistema Cantareira, conjunto de represas que abastece 6,5 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo. Por outro lado, o consumo na Grande São Paulo caiu cerca de 25%, de acordo com a Sabesp, passando de uma média de 71 mil litros por segundo em janeiro de 2014 para 53 mil litros por segundo este ano.

Massato disse que, se a Sabesp optar por adotar um rodízio, a restrição terá que ser “drástica” para aumentar a economia de água que vem sendo feita nos últimos meses. Há duas semanas, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, admitiu que a companhia estuda o rodízio, embora a medida venha sendo constantemente negada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Ainda segundo Massato, o rodízio também estaria condicionado a uma redução no limite de água que pode ser retirado do sistema Cantareira, A vazão máxima é determinada pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE). Em dezembro de 2013, a Sabesp buscava 32 mil litros por segundo no Cantareira. Atualmente, retira 16,5 mil litros por segundo.

— O cálculo conceitual teórico é que se precisaria de um rodízio de dois dias com água por cinco dias sem água. Para não chegar a zero na represa, não ter mais água, se as obras não avançarem na velocidade que estamos planejando, podemos correr esse risco de um rodízio drástico — disse Massato.