Se antes da Copa do Mundo a renovada seleção da Holanda não figurava entre as favoritas ao título, logo após o jogo de estreia passou e ser uma das preferidas dos comentaristas na luta pelo Mundial. E não é para menos. A Laranja Mecânica começou avassaladora, goleando por 5 a 1 a Espanha, algoz de 2010, numa reedição da final, logo na primeira fase da Copa. Além da chuva de gols, tivemos um dos mais belos tentos dos últimos tempos, marcado pelo atacante Van Persie.

A partir do primeiro jogo, todos passaram a temer a então vice-campeã mundial, que ao lado da Alemanha, apresentava o futebol mais vistoso. Jogando com uma tática adaptada para cada adversário, os holandeses contaram com experiente trio formado por Van Persie, Sneijder e Robben. As principais jogadas do time  passaram pelos pés dos camisas 9, 10 e 11 da Laranja Mecânica. E o que dizer deste último? Com seus dribles desconcertantes, foi o protagonista do time, pelo lado esquerdo, mas principalmente pelo lado direito, com o famoso "corta pra dentro e chuta".

A Holanda evoluiu muito da última Copa para cá, principalmente pelo fato de apresentar uma defesa reformulada (com a média de idade de 24,2 anos). A Laranja teve desfalques de jogadores como Strootman e Van der Vaart, mas ainda assim mostrou-se forte. Porém, se analisarmos friamente, os holandeses pioraram seu desempenho: se em 2010 foram os vice-campeões, este ano terminaram "apenas" na terceira colocação, apesar de não terem perdido um jogo sequer (caíram nos pênaltis na fase semifinal, diante da Argentina).

Pela primeira vez na história, a reedição de uma final de Copa acontece na primeira fase do Mundial seguinte. Foi esse o mote do jogo entre Espanha e Holanda, estreia das duas seleções. O resultado, porém, nem o holandês mais otimista imaginaria: uma goleada de 5 a 1 para a seleção laranja. O primeiro tempo aconteceu dentro do script. Em um jogo duro e disputado, a Espanha abriu o placar com Xabi Alonso, de pênalti. Os holandeses empataram com um golaço de Van Persie, aos 43. Na segunda etapa, a surra que ninguém pensaria. Um show de futebol holandês, contra uma defesa espanhola totalmente fragilizada. No total, foram dois gols de Van Persie, outros dois de Robben, e um do zagueiro Vlaar. Ah, e claro, um banho de bola da Holanda sobre os então campeões europeus e mundiais.

Não é muito comum que um gol de cabeça seja considerado bonito. Porém, o primeiro gol de Van Persie na partida contra a Espanha não só foi um golaço, como acabou virando o verbo "Persieing". No lance, o lateral Blind partiu sem marcação pelo lado esquerdo, e teve calma para dar um belo lançamento para o atacante. Van Persie "voou" na direção da bola e deu um peixinho em direção ao gol de Casillas. A bola ainda encobriu o goleiro, que apenas olhou a bola passar. Um golaço com a marca do artilheiro Robin van Persie.

Em esportes como vôlei e basquete, é comum que um atleta que é bom em determinado fundamento substitua momentaneamente um colega de time durante a partida. No futebol, isso não é possível, já que as substituições são apenas três, e não há como desfazê-las. Na partida das quartas de final contra a Costa Rica, o técnico Van Gaal surpreendeu ao substituir o arqueiro Cillessen pelo terceiro goleiro, momentos antes da disputa de pênaltis. Inicialmente, a decisão gerou surpresa, mas se mostrou acertada quando o substituto defendeu duas das cinco cobranças dos costarriquenhos, sendo que acertou o canto em todas. O herói holandês não poderia ser outro: Tim Krul.

A perna esquerda de Robben é uma das armas mais letais do futebol mundial atualmente. E o repertório do canhotinho é vasto. Durante a partida da semifinal contra a Argentina, o atacante pegou uma sobra na área e passou por três jogadores com certa facilidade. E com direito a um belo drible, entre as pernas do zagueiro Demichelis. Na sequência, tentou cruzar para Huntelaar no meio da área, mas foi bloqueado por Mascherano. E este foi apenas um dos belos lances protagonizados por Arjen Robben nesta Copa do Mundo.

O volante De Jong é conhecido por chegar além da conta em várias divididas. O mais famoso dos lances foi o pé alto que atingiu o peito de Xabi Alonso durante a final da Copa de 2010. Neste Mundial, ele repetiu a dose. Também contra a Espanha, De Jong conseguiu entrar forte na disputa com o adversário, mesmo estando com a posse da bola. A vítima da vez foi Sergio Busquets.

Se há um momento em que um goleiro pode se consagrar no futebol, é durante uma disputa de pênaltis. A decisão de Van Gaal de colocar o goleiro reserva Krul no fim de uma prorrogação empatada fez com que o titular Cillessen tivesse uma reação irritada, quase um piti. Após ser substituído, o arqueiro ficou bastante irritado e saiu chutando tudo o que viu pela frente, inclusive garrafas d'água. No dia seguinte à partida, ele chegou a se desculpar pela atitude, e brincou que o zagueiro Martins Indi estaria com calor. Mas não teve jeito, o mico estava feito.

Aos 47 minutos do segundo tempo, a partida das quartas de final entre Holanda e Costa Rica, por pouco, não foi desempatada. O lateral Blind foi à linha de fundo pelo lado esquerdo e cruzou pra área. No lance, nada menos que quatro jogadores holandeses tiveram chance de fazer o gol da vitória. De Vrij, Kuyt e Vlaar furaram, e a bola sobrou para Van Persie chutar colocado. Em cima da linha, o costarriquenho Tejeda salvou o time dos Ticos, e a bola ainda bateu no travessão. Um lance realmente incrível.

Quando a Espanha ainda vencia a partida por 1 a 0, o goleiro Cillessen e o meia David Silva protagonizaram um lance que mudaria a história da partida. Além do placar a favor, até aquele momento, a Espanha tinha um certo domínio do jogo. Foi quando Iniesta achou Silva no meio da defesa holandesa. O jogador do Manchester City, cara a cara, tentou encobrir o goleiro, que, atento, não caiu e fez uma importantíssima defesa. O lance, aos 42 minutos do primeiro tempo, foi sucedido por um escanteio que não deu em nada. Aos 43, Van Persie marcou o mais belo gol da Holanda nesta Copa.