Ter "Pelé" no nome e ser jogador de futebol deve ser um peso nada fácil de gerir. É o caso do italiano Graziano Pellè, cujo sobrenome se escreve de forma um pouco diferente, com o "l" dobrado e acento grave no "e" final, mas tem a pronúncia idêntica ao apelido mais famoso de Edson Arantes do Nascimento. É o novo galã da Azzurra, reconhecida pela torcida feminina por ser recheada de musos.
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Goleador, alto, moreno, com cabelos sempre bem penteados e cheios de gel, dono de um discurso fluente em italiano e inglês, o atacante de 29 anos do Southampton sabe muito bem que para se livrar de estereótipos é preciso gramar muito. No país, havia quem defendesse a inclusão do então artilheiro do
Feyenoord, time pelo qual marcou 57 vezes em duas temporadas, na lista de 23 da seleção tetracampeã para a Copa do Mundo no Brasil. Não aconteceu, mas o jogador não mostra mágoa. Pelo
contrário, ele se culpa por não conseguir antes a primeira convocação para defender sua nação.
- Talvez tenha sido por culpa minha. Deveria ter feito algo a mais. Mas
agora estou contente por ver que as coisas estão andando bem agora - disse, em entrevista na zona mista do estádio Giuseppe Meazza depois de entrar no segundo tempo do empate entre Itália e Croácia por 1 a 1, no último domingo, pelas eliminatórias da Eurocopa 2016.
O centroavante recebeu elogios da imprensa nesta segunda-feira. Pellè é visto como um potencial dono da camisa 9 da Azzurra, depois que Balotelli perdeu a condição de inquestionável. Está sendo testado aos poucos pelo técnico Antonio Conte, até porque essa foi apenas a sua segunda convocação. Na primeira, há cerca de um mês, ele estreou com o gol da vitória por 1 a 0 sobre Malta. O jogador aproveita a deixa para espantar qualquer pressão, até pela coincidência de nome com o Rei do Futebol.
- Ser o “Pelé” da seleção italiana é impossível. Mas como Pellè tentarei fazer o melhor possível. - disse.
As boas atuações na Holanda não chamaram a atenção da seleção italiana, mas não passaram despercebidas na Inglaterra. O galã italiano aceitou a proposta do Southampton, fez as malas e se mudou com o treinador e amigo Ronald Koeman para a ilha ao norte da Europa. O jogador de Lecce, no sul da Itália, também ex-Alkmaar, não precisou de tempo para se adaptar a um novo país e a um futebol diferente. Em 14 partidas em solo britânico, Pellè deixou sua marca nove vezes e tem sido peça importante numa campanha muito positiva do vice-líder da Premier League, logo atrás do poderoso Chelsea. O centroavante acredita que nada é por acaso, vê o time embalado para manter a série de bons resultados e, quem sabe, alcançar a classificação para a Liga dos Campeões da próxima temporada.
- Somos bons mesmo, não é só sorte. Temos jogadores de muita qualidade e vamos continuar fortes - disse confiante.
Muito disponível para responder a todas as curiosidades, Pellè apenas se recusou a comentar o comportamento dos torcedores croatas que interromperam duas vezes a partida entre Itália e Croácia ao lançarem sinalizadores para o gramado. Mas, até nesse caso, o galã não se limitou a uma resposta banal.
- Não, não quero falar sobre isso, porque é uma coisa que não me compete.
Graziano Pellè volta a defender as cores da Itália na próxima terça-feira, no amistoso contra a seleção da Albânia, em Gênova.