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Sabesp desperdiça 32% da água que distribui

Sabesp desperdiça 32% da água que distribui

Diagnóstico mostra que um terço da água de São Paulo não chega às torneiras. Mas esse índice, extremamente alto se comparado a cidades europeias, é pequeno perto das perdas de outras regiões do país

BRUNO CALIXTO
21/01/2015 - 15h09 - Atualizado 02/11/2016 18h22
Vazamento de água em tubulação da Cedae no Rio do Janeiro (Foto: Gabriel de Paiva/ Agência O Globo)

Parece inacreditável, mas mesmo em meio a uma grave seca, 37% da água distribuída nos mais dos 5 mil municípios do país simplesmente não chega ao consumidor. Essa água é perdida em vazamentos, falhas de tubulações, fraudes e até roubo. A informação é do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), um diagnóstico feito pelo Ministério das Cidades.

O diagnóstico foi concluído em dezembro do ano passado e divulgado nesta semana. Os dados do trabalho se referem ao ano de 2013, e foram repassados ao ministério pelas empresas prestadoras de serviço que atuam na área de abastecimento e saneamento de todo o país. O estudo completo pode ser encontrado aqui.

A perda de água existe em todo o mundo – não há um sistema de abastecimento 100% seguro. Mas quanto menos se perde, melhor a eficiência do sistema. No diagnóstico, a equipe do Ministério da Cidade considera principalmente dois fatores: as perdas reais (água que não chega aos consumidores por vazamentos e problemas operacionais) e as perdas aparentes (água que não foi contabilizada, mas foi consumida por meio de ligações clandestinas). Infelizmente, o estudo não separa os números, então não é possível saber quanto de água se perde e quanto é "roubada" por meio de ligações ilegais.

Segundo o estudo, a Sabesp perdeu, em 2013, 32,8% da água distribuída na rede. No Estado de São Paulo, onde vários municípios sofrem com a seca, o índice de perdas é ligeiramente maior: 34,3%. Mas o que mais impressiona é que esses números, extremamente altos se comparados a cidades europeias, são pequenos perto de outras regiões do país. A situação mais desesperadora é no Amapá. Segundo o diagnóstico, 76% da água distribuída no Estado acaba se perdendo antes de chegar às torneiras. Vários Estados do Norte e Nordeste apresentam índice de perdas acima de 50%, como Sergipe, Roraima, Rio Grande do Norte e Rondônia. "Os dados demonstram a necessidade de as empresas atuarem em ações para a melhoria da gestão, a sustentabilidade da prestação de serviços, a modernização de sistemas e a qualificação dos trabalhadores", diz o estudo.

Entre as capitais, nenhuma cidade ficou na faixa recomendada pelo estudo, com perdas abaixo de 20%. A capital com melhor índice é Goiânia, seguida por Porto Alegre e Brasília, como mostra o gráfico abaixo.
 

Gráfico mostra o índice de perda de água em todas as capitais do país (Foto: Ministério das Cidades/Reprodução)

Outro dado interessante do diagnóstico é o índice de consumo de água por pessoa em cada Estado. O estudo mostra que cinco unidades da federação gastam mais água do que a média nacional, que é de 166,3 litros. São eles: Rio de Janeiro, Maranhão, Espírito Santo, Distrito Federal, São Paulo e Rondônia. Campeão de consumo, o Rio de Janeiro aparece com gasto de 253 litros por pessoa por dia, o que significa 86 litros acima da média nacional. Em São Paulo, houve redução do consumo em 2013, mas de apenas 0,6%. No total, São Paulo consumiu 188 litros por pessoa por dia. Não há dados ainda para 2014, quando as medidas e campanhas para reduzir o consumo começaram a ser aplicadas, e portanto esse valor pode cair na próxima edição do diagnóstico. Segundo a ONU, todo o cidadão tem o direito de ter de 50 a 100 litros de água por dia.
 

Gráfico mostra o consumo per capita de água por dia nos 26 Estados e Distrito Federal (Foto: Ministério das Cidades/Reprodução)







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