Edição do dia 17/01/2015

17/01/2015 22h31 - Atualizado em 17/01/2015 22h31

Rio ganha circuito de negócios tradicionais nos seus 450 anos

São muitos os tesouros escondidos na cidade, que cresceu demais.
Roteiro traz lojas e estabelecimentos que guardam parte da história.

No dia 1º de março, o Rio de Janeiro completa 450 anos. Entre os presentes de aniversário, a cidade vai ganhar um roteiro com lojas e estabelecimentos comerciais que guardam uma parte da sua história.

O cheiro de mingau, preparado na hora, vem da cozinha de uma leiteria desde 1907. Esta e outras sobremesas antigas nunca saíram do cardápio, para alegria do aposentado Ronaldo Legey, um cliente fiel. “É bom, leve, nutritivo e indispensável. É minha sobremesa de todo dia”.

Uma chapelaria no Centro do Rio completou 120 anos. Entre os antigos fregueses estão o presidente Getúlio Vargas e Vinícius de Moraes. A loja se mantém graças a clientes como o pai da auxiliar de serviços gerais Cícera Pereira da Silva, que vai ganhar um presente. “Ele falou que quando coloca um chapéu na cabeça se sente o homem mais lindo do planeta”, conta.

Em uma das mais antigas lojas de instrumentos do Rio, o cavaquinho ainda é feito artesanalmente. Uma fabricação que começou no fim dos anos 1920, com fregueses famosos. “Tinha Pixinguinha, muita gente”, diz a dona da loja.

Em meio à confusão do comércio no Centro da cidade, vale a pena prestar atenção em uma charutaria, que também é um café. Os degraus da escada estão gastos pelo uso. As estantes, o piso em azulejo hidráulico, o relógio e a propaganda no alto da parede são relíquias que vêm de 1912 e que resistiram ao tempo.

“Em todos os lugares do mundo são valorizadas as coisas mais antigas para contar a história daquela cidade”, ressalta o analista de sistemas Ricardo dos Santos.

“Passando de geração em geração, espero que isso aqui continue sempre”, diz uma senhora.

São muitos os tesouros escondidos na cidade, que cresceu demais. Uma parede, por exemplo, é original de 1902, quando o prédio da charutaria foi construído. Ela é toda feita de pedra e óleo de baleia, que era usado na época. Mesmo com todas as reformas, a parede foi preservada.

Essas joias estão sendo levantadas agora, para que o Rio de hoje conheça e valorize a sua história. Ao todo, 13 estabelecimentos vão ganhar uma placa entrando para um circuito de negócios tradicionais. É um roteiro do Patrimônio Cultural Carioca, que está só começando a ser revelado.

“Um negócio que existe por dez anos já é um vencedor. Agora, um negócio que consegue existir por 50 anos, por um século, ele é um patrimônio cultural e dá sentido para vida na cidade”, destaca Waghinton Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade.

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