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04/05/2016 17h13 - Atualizado em 04/05/2016 17h33

'De Amor e Trevas' é estreia de Natalie Portman na direção

Com drama de época, atriz não procura caminho fácil em primeiro longa.
Falado em hebraico, filme procura dar conta de conflitos familiares.

Da Reuters

'De Amor e Trevas' é estreia da atriz Natalie Portman na direção (Foto: Divulgação)'De Amor e Trevas' é estreia da atriz Natalie Portman na direção (Foto: Divulgação)

Conhecida como uma intérprete rigorosa e técnica, com prestígio assegurado por um Oscar de melhor atriz por “Cisne Negro” (2010), Natalie Portman não procurou caminho fácil para sua estreia como diretora em longas, com o drama de época “De Amor e Trevas”.

Nascida em Jerusalém, mas radicada desde criança nos Estados Unidos, Natalie passou anos estudando como adaptar o roteiro do livro homônimo do escritor israelense Amos Oz, que explora suas memórias infanto-juvenis e uma estreita relação com a mãe, Fania. Esse núcleo mãe-filho é central no filme roteirizado, dirigido e também estrelado por Natalie, interpretando Fania.

Ambientada na Palestina ainda sob domínio britânico em torno de 1945, a história delineia um contexto histórico conturbado, especialmente a partir da criação do Estado de Israel e da eclosão dos conflitos entre árabes e judeus.

Há menos política e mais intimismo, no entanto, no enfoque escolhido pela diretora estreante. Ela dedica a maior parte das cenas ao retrato desta relação especial entre a mãe e o filho Amos (Amir Tessler), de 12 anos.

Polonesa que escapou do Holocausto, Fania é culta e romântica. Alimentava as maiores expectativas ao casar-se com um escritor (Glad Kahana). Mas o relacionamento entre os dois é, quase todo o tempo, frio e distante.

Sensível, Fania compensa sua solidão emocional em longas conversas com este filho, em que relata fábulas ou histórias do passado, estimulando a imaginação de Amos, que irá definindo uma vocação da qual ele ainda não suspeita.

Embalado pelo fascínio das palavras da mãe, ele igualmente não avalia a gravidade da situação do casamento dos pais, muito menos o quanto a frustração de Fania está cobrando de sua própria saúde mental e física.

Falado em hebraico, “De amor e trevas” constrói-se como uma narrativa que procura dar conta destes conflitos familiares, da peculiaridade da situação desta mulher inteligente sufocada pelas limitações de seu tempo e lugar e também, de leve, inserir os confrontos políticos que dividiam corações e mentes.

Mesmo com toda a sinceridade e empenho da diretora, no entanto, é fato de que ela só conseguiu seus objetivos em parte, sendo mais bem-sucedida no aspecto intimista da história. Mas, afinal, o filme resulta num esforço que, ainda que modesto, tem suas qualidades a admirar.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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