Rio

Operários reclamam de condições de trabalho em canteiro de obras de ciclovia na Avenida Niemeyer

Cerca 150 homens fecharam a via em protesto por melhorias e reajuste. Trânsito ficou complicado até o fim da manhã
Operários fizeram manifestação na Avenida Niemeyer Foto: Fabio Minduim / Eu-Repórter
Operários fizeram manifestação na Avenida Niemeyer Foto: Fabio Minduim / Eu-Repórter

RIO — Pelo segundo dia consecutivo, operários que trabalham na construção da ciclovia da Avenida Niemeyer fecharam parcialmente a via na manhã desta quarta-feira, causando transfornos aos motoristas. O grupo, que saiu em marcha do canteiro de obras em São Conrado em direção ao canteiro situado no Mirante do Leblon por volta das 8h45m, fez o protesto exigindo melhores condições de trabalho e reajuste no valor do vale alimentação, entre outras reivindicações. Com a passeata, a avenida ficou em meia pista até por volta das 9h30m. Os cerca de 150 operários contratados pelo consórcio responsável pela construção da ciclovia reclamam que a empresa não fornece equipamentos de segurança e que eles trabalham na encosta à beira-mar pendurados por cordas. O grupo também alega que os uniformes e botas estão em péssimo estado.

Os manifestantes dizem, ainda, que na mesma obra, há operários que recebem tratamento e benefícios diferentes, já que o consórcio tem duas empresas atuando na empreitada. Eles pedem reajuste nos valores do vale alimentação e da hora extra. Alguns trabalhadores reclamam que a empresa também não vem depositando o dinheiro do Bilhete Único. O grupo não descarta fazer novas manifestações nos próximos dias, caso suas reivindicações não sejam atendidas.

— Funcionários da Concrejato, que trabalham na mesma coisa que a gente, têm equipamento de segurança, ganham um vale alimentação de R$ 310 e recebem mais pela hora extra. Já nós, que somos da Contemat, ganhamos só R$ 200 de vale. A empresa alega que nós somos da construção leve, e eles, da pesada. Mas nós trabalhamos furando encosta, como eles — afirmou Frank Correa, que trabalha na obra da ciclovia desde agosto.

Somente no fim da manhã a Avenida Niemeyer, que opera em sistema de faixa reversível no sentido Leblon, nos dias úteis, das 6h30m às 10h30m, teve o tráfego totalmente normalizado. A manifestação acabou por volta das 11h30m, após uma reunião de trabalhadores, representantes da empresa e dirigentes do sindicato.

— Fizemos esta caminhada para chamar a atenção para as nossas reivindicações. Estávamos sendo representados por um outro sindicato, da construção leve, mas queríamos ser representados pelo da contrução pesada, que é o mesmo dos outros operários do consórcio — disse um dos manifestantes.

Nesta quarta-feira, um dos diretoretores do Sindicato da Construção Civil Pesada (Sitraicp), Alexandre da Silva Rufino, esteve na Avenida Niemeyer e, após uma reunião com os manifestantes, prometeu representá-los junto ao consórcio.

— Vamos ter uma reunião amanhã (quinta-feira), às 10h30m, para formalizar a adesão da categoria ao nosso sindicato. E a partir daí vamos lutar por melhores condições de trabalho. Muitos destes funcionários têm contado que na região há ninhos de cobra, sem contar os riscos de trabalhar sem um equipamento de segurança adequado num área de encosta junto ao mar — disse Alexandre da Silva Rufino.

Na manhã de terça-feira, a Avenida Niemeyer também ficou bloqueada pelo mesmo grupo. A interdição durou por cerca de uma hora e meia e o trânsito apresentou reflexos na Autoestrada Lagoa-Barra. Aproximadamente 50 trabalhadores da obra da ciclovia fizeram uma manifestação na via. Eles interditaram uma pista e caminharam no sentido contrário do fluxo, que seguia para o Leblon em pista reversível, do mirante até o Hotel Vips. Policias do 23º BPM acompanharam o ato.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa do consórcio responsável pelas obras da ciclovia da Avenida afirmou que a empresa foi surpreendida pela nova manifestação, já que na terça-feira os trabalhadores foram recebidos por representantes da construtora. “O consórcio responsável pelas obras da ciclovia da Avenida Niemeyer lamenta os transtornos causados à população por nova manifestação de trabalhadores na manhã de hoje. O consórcio foi surpreendido pelo movimento, pois, em reunião realizada ontem, dia 16, foram atendidas diversas reivindicações pontuais e houve compromisso de um novo encontro hoje com as lideranças sindicais com o objetivo de alcançar uma solução.”