France Presse

01/06/2016 15h48 - Atualizado em 01/06/2016 15h48

'Bebês de dragão' raros nascem em caverna na Eslovênia

Proteus podem viver 100 anos e se reproduzem uma vez por década.
Novos ovos de 'pequeno peixe humano' devem eclodir nos próximos dias.

Da France Presse

Proteus, uma espécie de salamandra cega que vive na caverna de Postojna, na Eslovênia, é vista em foto de 25 de abril (Foto: Jure Makovec/AFP)Proteus, uma espécie de salamandra cega que vive na caverna de Postojna, na Eslovênia, é vista em foto de 25 de abril (Foto: Jure Makovec/AFP)

As estranhas criaturas escorregadias dentro da caverna de Postojna, na Eslovênia, já foram consideradas a prova viva da existência dos dragões, levando os moradores a manter distância do animal.

Agora, turistas do mundo todo fazem fila para testemunhar o nascimento extremamente raro desses anfíbios misteriosos, chamados proteus (proteusanguinus) - uma salamandra cega que pode viver até os 100 anos e só se reproduz uma vez a cada década.

O auge do espetáculo aconteceu na terça-feira (31), quando uma larva translúcida rompeu a delicada casca do ovo após quatro meses de uma gestação cuidadosamente monitorada.

O nascimento não é nada menos que "um milagre", disse o porta-voz do sistema de cavernas de Postojna.

"Em cada 500 ovos, apenas dois bebês de proteus eclodem com sucesso", disse em um comunicado.

Encontrado principalmente em rios de cavernas dos Bálcãs, esta espécie protegida que nada como uma enguia vive há milhões de anos na famosa Caverna Postojna, 50 km ao sudoeste da capital, Ljubljana, segundo os pesquisadores.

Nesta semana, a atração turística se tornou um dos primeiros ambientes controlados por humanos onde ocorreu a procriação de proteus.

"Embora a ciência e a experiência anterior dos pesquisadores apontassem para uma chance mínima de que esse drama que se desenrolava na caverna teria um final feliz, nós tínhamos fé de que isso iria acontecer", afirma o comunicado de Postjona.

A boa notícia não termina aí: o novo morador da caverna pode ganhar em breve vários irmãos, já que mais ovos devem se chocar a qualquer momento.

Proteus, uma espécie de salamandra cega que vive na caverna de Postojna, na Eslovênia, é vista em foto de 25 de abril (Foto: Jure Makovec/AFP)Proteus, uma espécie de salamandra cega que vive na caverna de Postojna, na Eslovênia, é vista em foto de 25 de abril (Foto: Jure Makovec/AFP)

 

Dez anos sem comer
Dentro de um salão gigante, a mãe e sua cria são mantidas em completa escuridão em um aquário coberto sob a vigilância constante de uma câmera de visão noturna.

Os visitantes podem ver os ovos em miniatura espalhados sobre uma rocha através de uma tela que reproduz as imagens. De vez em quando, um dos embriões se mexe ligeiramente.

"É um daqueles momentos em que você está feliz por estar vivo e poder testemunhar um evento tão único", disse Saso Weldt, um biólogo que trabalha em Postojna, uma das maiores cavernas da Europa, que atrai 700 mil visitantes por ano.

Weldt e sua equipe esperam que os recém-chegados ajudem os cientistas a conhecerem melhor o enigmático proteus, que se tornou um símbolo nacional e estampou a moeda da Eslovênia, antes da adoção do euro.

Conhecido também como "pequeno peixe humano", este animal aquático mede 35 cm, tem três brânquias de cada lado do focinho alongado e se parece com uma 'larva de dragão' cor-de-rosa.

Em vez da visão, a vida nas cavernas fez com que o proteus desenvolvesse receptores sensoriais agudos para cheiros e movimentos, que o ajudam a capturar suas presas, como caranguejos e caracóis, no escuro e a afastar os intrusos.

Ainda mais impressionante é o fato de que o pequeno predador pode ficar sem comer por até uma década.

Reproduzir proteus é uma tarefa difícil e muitas vezes fatal para os animais. Uma tentativa anterior, em 2013, não conseguiu produzir nenhum ovo fertilizado em Postojna.

Mas a tentativa mais recente parece mais promissora.

Dos 64 ovos que há atualmente em Postojna, pelo menos 24 têm brânquias funcionando e corações batendo.

Embora não esteja oficialmente ameaçada, a espécie é considerada vulnerável, uma vez que se encontra sujeita às mudanças ambientais, como a poluição das águas das cavernas.

"Os proteus representam as espécies que precisam de proteção. Se houver muita poluição, eles vão desaparecer", advertiu Weldt.

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