01/12/2011 18h24 - Atualizado em 01/12/2011 18h50

Viúva da Mega-Sena diz que traía René para ter 'satisfação sexual'

Adriana Almeida é acusada de matar ex-lavrador que ficou milionário.
'René tinha problemas em manter a ereção. Eu traí por carência', contou.

Tássia ThumDo G1, em Rio Bonito

Adriana Almeida (Foto: Tássia Thum/G1)Adriana Almeida chegou ao Fórum de Rio Bonito
pouco antes das 13h desta quinta
(Foto: Tássia Thum/G1)

Em depoimento à Justiça, nesta quinta-feira (1º), a cabeleireira Adriana Almeida confirmou que traía o marido René Sena apenas para obter satisfação sexual. Adriana é acusada de planejar, em 2007, a morte de René, ex-lavrador que ficou milionário após ganhar o prêmio da Mega-Sena em 2005. Ela é a última ré a ser ouvida pelo Tribunal do Júri no Fórum de Rio Bonito, na Baixada Litorânea do Rio. O depoimento da viúva começou às 15h40 e já dura mais de duas horas.

Adriana disse que foi morar com René em 2006, a convite do milionário, após duas semanas de namoro. Ela disse que René comentava que os irmãos pediam dinheiro e que soube, inclusive, que a filha dele tinha intenção de interditá-lo judicialmente. Na ocasião, segundo Adriana, René ficou furioso.

“Eu traí o René com o Robson no final do ano de 2006, já que René estava com problemas em manter a ereção. Eu traí por carência, apenas por satisfação sexual. René era ciumento, mas não desconfiava do caso extraconjugal”, contou ela, no tribunal.

O relacionamento de Adriana e René durou cerca de um ano. Ela disse que as brigas com o companheiro geralmente ocorriam quando ele saía para beber, ou ia para a casa de parentes sem avisá-la. Adriana também contou que sabia que René tinha feito um novo testamento onde ela era uma das beneficiadas. Entretanto, a cabeleireira disse não saber a porcentagem que lhe cabia na herança.

O ex-amante de Adriana, que é motorista de van, prestou depoimento no dia 29. Ele contou à Justiça que a cabeleireira comprou um apartamento em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, enquanto René era vivo. Segundo o motorista, Adriana prometia que o levaria para morar com ela no imóvel. O homem também relatou que ouvia comentários sobre constantes brigas entre Adriana e René Sena.

Adriana também negou a versão da irmã de René, Angela Sena, que em depoimento anterior à Justiça disse que Adriana se ofereceu para trabalhar como empregada de René, após descobrir que ele ganhou na loteria. Adriana alegou que René a assediava desde 2002, mas que na época não quis namora-ló porque estava recém-separada.

Depoimento deve durar nove horas
Adriana Almeida, viúva de René Sena, chegou por volta das 12h45 desta quinta-feira (1º) ao Fórum de Rio Bonito. O depoimento de Adriana deve durar nove horas. Ela chegou ao Fórum acompanhada do advogado e de dois policiais militares.

Além de Adriana, mais três réus são acusados de participar do crime. Dois deles foram ouvidos entre a noite de quarta-feira (30) e início desta madrugada. O primeiro réu a ser ouvido foi o policial militar Ronaldo Amaral, que chegou a ficar preso por 1 ano e 8 meses. Ele trabalhou por dois meses como segurança de René Sena. No entanto, o PM disse que na época do crime já não trabalhava mais com o milionário.

O depoimento do policial durou cerca de 30 minutos. Ele é acusado de fornecer uma moto que foi usada no crime. Ronaldo voltou a negar participação no caso.

O segundo réu interrogado foi o também policial miliar Marco Antônio Vicente, que ficou 1 ano e 11 meses preso e é acusado de ajudar a planejar o crime. Ele disse que trabalhou na segurança de René Sena pelo período de 30 dias, no ano de 2006. O PM também negou participação no caso. O interrogatório foi interrompido por volta de 0h20 desta quinta.

Depoimentos
O depoimento de 16 das 52 testemunhas envolvidas inicialmente no julgamento terminou por volta de 23h de quarta-feira. O julgamento começou no fim da tarde de segunda-feira (28), com seis horas de atraso.

O júri é presidido pela juíza Roberta dos Santos Braga Costa, da 2ª Vara de Rio Bonito. A decisão caberá a um júri popular, formado por cinco homens e duas mulheres.

Os ex-seguranças da vítima - o ex-policial militar Anderson Silva de Sousa e o funcionário público Ednei Gonçalves Pereira - já foram condenados a 18 anos de reclusão, cada um, pelo assassinato de René Sena e pelo crime de furto qualificado. O julgamento dos dois foi em julho de 2009, segundo o TJ.

Famíliada viúva
No terceiro dia de julgamento, seis testemunhas prestaram depoimento. O júri ouviu Valéria Almeida, irmã de Adriana; Marcelo Braga, cunhado da viúva que trabalhou como administrador da fazenda onde René morava; um enfermeiro que cuidou do milionário; além do policial militar Alexandre da Fonseca Cipriano, ex-segurança de René; Creusa Almeida, mãe de Adriana; e Otávio dos Santos, namorado de Renata, filha da vítima.

Na quarta-feira, o cunhado e a mãe de Adriana disseram que foram pressionados por policiais civis, durante a fase de investigação do crime, em 2007. Marcelo Braga negou trechos do depoimento dado à Divisão de Homicídios (DH) e disse à Justiça que assinou o documento sem poder ler. Segundo ele, os policiais não o permitiram.

Já Creusa disse que não prestou depoimento na sede policial, conforme indicava seu testemunho anterior à Justiça. Ela afirmou que foi ouvida pelos agentes da DH  na fazenda onde morava René. Na ocasião, a mãe de Adriana disse que os policiais davam socos na mesa, na tentativa de intimidá-la, considerando que ela não sabe ler nem escrever.

"Os policiais queriam que eu incriminasse a Adriana. Mas eu disse que ela é inocente, e quem fez tudo isso, fez na na intenção de prejudicá-la", discursou a mãe.

No fim de seu depoimento, que durou cerca de duas horas, ela disse que no dia da morte de René, Adriana se encontrou com o seu pai. Após a declaração, o advogado de defesa Jackson Costa tentou informalmente suspender o julgamento, alegando que precisava do testemunho do pai. No entanto, a juíza explicou que a fase de escolha de testemunhas já tinha terminado.

Ainda durante o julgamento da mãe, faltou luz no tribunal, e o julgamento foi paralisado por alguns minutos.

Exame de DNA
Os parentes de Adriana informaram também que René havia comentado certa vez que suspeitava da paternidade da filha e, por isso, pensava em pedir um exame de DNA. As testemunhas contaram que o milionário se queixava de alguns familiares, dizendo que eles o procuravam apenas para pedir dinheiro.

Ao ser interrogado, o namorado de Renata negou que René tivesse dúvidas em relação a paternidade. Ele também defendeu a única filha do milionário ao dizer que a jovem se preocupava com o pai, mas era impedida por Adriana de ter um contato maior com René.

Acusada de ser mandante do crime, Adriana Almeida, viúva de René Sena, chega ao fórum de Rio Bonito nesta quarta (30) (Foto: Tássia Thum/G1)Adriana com o advogado 
(Foto: Tássia Thum/G1)

Alguns dos dez irmãos de René Sena também foram ao fórum na quarta-feira para acompanhar o terceiro dia de sessão. Eles entraram com uma ação na Justiça para anular o testamento deixado por René que previa a divisão da fortuna apenas entre Renata e Adriana.

De acordo com o advogado contratado pelos irmãos, Sebastião Mendonça, o ex-lavrador tinha feito anteriormente um testamento que dividia a herança entre os irmãos, um sobrinho e a filha de Rene, Renata. "Estima-se que atualmente o patrimônio deixado pelo Rene seja de R$ 60 milhões entre fazendas, coberturas e imóveis de luxo. Além do mais, cerca de R$ 44 milhões em aplicações financeiras estão bloqueados pela Justiça", disse Mendonça.

Prêmio de R$ 52 milhões em 2005
Ex-lavrador, René Senna, ficou milionário em 2005, ao ganhar R$ 52 milhões no prêmio da Mega-Sena. Diabético, ele tinha perdido as duas pernas por causa de complicações da doença, e levava uma vida simples em Rio Bonito. Em 2006, começou a namorar a cabeleireira 25 anos mais nova que ele. Ela abandonou o emprego e foi morar com ele na fazenda, junto com dois filhos do primeiro casamento.

René Senna foi morto a tiros na manhã de 7 de janeiro de 2007, no Bar do Penco, perto de sua propriedade, por dois homens encapuzados, que estavam numa moto. Ele estava sem os seguranças. No dia do enterro, começaram as primeiras supeitas da família do ex-lavrador contra a viúva, que tinha passado o réveillon com um amante em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio.

 


 

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