18/05/2016 16h27 - Atualizado em 18/05/2016 21h49

Serra toma posse e diz que Itamaraty não representará interesse partidário

Novo ministro criticou espaço dado à pasta em governos anteriores.
Serra quer fortalecer Mercosul, parcerias com Argentina e países asiáticos.

Do G1, em Brasília

Ao tomar posse nesta quarta-feira (18) como ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP) afirmou que o Itamaraty não irá mais defender o que ele chamou de "interesses de um partido". Ele também disse que quer tirar a pasta de situação de "penúria de recursos" e que o ministério voltará ao "núcleo central do governo".

"A diplomacia voltará a refletir de modo transparente e intransigente os legítimos valores da sociedade brasileira e os interesses de sua economia, a serviço do Brasil como um todo e não mais das conveniências e preferências ideológicas de um partido político e de seus aliados no exterior. A nossa política externa será regida pelos valores do Estado e da nação, não do governo e jamais de um partido”, disse o ministro.

Entre os presentes à cerimônia, estavam o ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-AP), o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).

 

Para Serra, as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país afetam a quantidade de recursos destinados às políticas externas, e é preciso que o ministério se recupere financeiramente. O chanceler afirmou, mais de uma vez, que os erros da política econômica dos governos petistas refletiram diretamente na diminuição do orçamento do Ministério das Relações Exteriores (MRE). "Quero progressivamente retirar o Itamaraty da penúria de recursos em que foi deixado pela irresponsabilidade fiscal que dominou a economia brasileira nesta década", enfatizou Serra.

Com vistas à superação da escassez de recursos, o novo ministro listou dez diretrizes bases de sua gestão como ministro, como o objetivo de acelerar o processo de negociações comerciais, aumentar o intercâmbio com "parceiros tradicionais", como Japão, Estados Unidos e União Europeia, e dar maior enfoque às relações bilaterais.

Segundo Serra, o fortalecimento da parceria entre Brasil e a vizinha Argentina será prioridade da nova política do MRE, seguida da renovação do Mercosul, cujo livre comércio entre os países membros "deixa a desejar", na avaliação do novo ministro. Ele disse esperar a colaboração dos ministérios da Fazenda e da Justiça, além da mobilização dos países vizinhos para combater o contrabando de mercadorias nas fronteiras brasileiras.

"Um dos principais focos de nossa ação diplomática em curto prazo será a parceria com a Argentina, com a qual passamos a compartilhar referências semelhantes para a reorganização da política e da economia. Junto com os demais parceiros, precisamos renovar o Mercosul, para corrigir o que precisa ser corrigido, com o objetivo de fortalecê-lo, antes de mais nada quanto ao próprio livre-comércio entre seus países membros", disse.

Outro foco da administração do novo ministro do Itamaraty será a ampliação do número de aliados na Ásia, segundo Serra. O plano é aproximar o contato com China e Índia. Quanto à África, Serra disse que pretende criar um "intercâmbio efetivo", evitando políticas com "fins publicitários". Ele não detalhou, no entanto, que medidas irá tomar.

Defesa da democracia e do meio ambiente
O novo ministro também afirmou, em seu discurso, que a pasta estará atenta à "defesa da democracia, das liberdades e dos direitos humanos em qualquer país, em qualquer regime político". Ele destacou ainda que o país deverá assumir a responsabilidade que lhe cabe em matéria ambiental.

Aos servidores do Itamaraty, Serra disse ter a intenção de inovar em "métodos e técnicas de trabalho". "A diplomacia do século 21 não pode repousar apenas na exuberância da retórica", declarou.

O ex-ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, ao transmitir o cargo a Serra, desejou "muito sucesso" ao seu sucessor e elogiou a "exitosa trajetória política" do tucano. O embaixador afirmou que sua gestão à frente do Itamaraty foi de "muito trabalho e de não poucas dificuldades".

 

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