BRASÍLIA – O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse em delação premiada que o ex-senador José Sarney (PMDB-AP) recebeu propina de contratos da Transpetro durante nove anos, no valor total de R$ 18,5 milhões. Desse montante, R$ 16 milhões foram recebidos em espécie. O dinheiro está inserido na propina total repassada pela Transpetro ao PMDB, que somou mais de R$ 100 milhões ao longo dos anos.
Machado disse que conheceu Sarney na década de 1980 e que, no início de 2006, o ex-senador o procurou reclamando de “dificuldades para manter sua base política no Amapá e no Maranhão”. O pedido foi de ajuda financeira para contornar o problema. “O contexto evidenciava que Sarney esperava que o depoente, na qualidade de dirigente de empresa estatal, solicitasse propinas de empresas que tinham contratos com a Transpetro e as repassasse”, diz a delação.
O primeiro repasse de propina a Sarney foi realizado em 2006, no valor de R$ 500 mil. A princípio, o dinheiro era repassado sem periodicidade certa. A partir de 2008, as parcelas eram pagas anualmente. Os repasses perduraram até agosto de 2014. O dinheiro era transferido ora como doações oficiais ao PMDB, com recomendação expressa de repasse a Sarney; ora em entregas em espécie. A origem dos recursos eram as empresas com contrato com a Transpetro, que são investigadas na Lava-Jato.
“Durante a gestão do depoente na Transpetro, foram repassados ao PMDB, segundo se recorda, pouco mais de R$ 100 milhões de reais, cuja origem eram propinas pagas por empresas contratadas; que, desse valor, R$ 18.500.000,00 foram repassados a Sarney”, disse Machado. O delator explicou que, do dinheiro pago ao ex-senador, R$ 2,25 milhão eram doações oficiais de empreiteiras. A Camargo Corrêa contribuiu com R$ 1,250 milhão em três doações efetuadas entre 2010 e 2012. A Queiroz Galvão contribuiu com R$ 1 milhão.
O depoente disse que, em geral, as doações eram feitas ao Diretório Nacional PMDB e também ao diretório do partido no Maranhão. Por vezes, o dinheiro era também encaminhado a Sarney por meio de outro partido. Os demais valores foram pagos em espécie.
O presidente do Senado é acusado de receber R$ 32 milhões em propina. Segundo Machado, cerca de R$ 24 milhões foram pagos em espécie, por meio de intermediários. A partir de 2008, os pagamentos passaram a ser regulares, com Renan recebendo "cerca de R$ 300 mil por mês durante dez ou onze meses por ano". O valor aumentava quando era ano eleitoral.
Aécio Neves (PSDB-MG)
O delator disse que o senador tucano recebeu, de forma ilícita,
R$ 1 milhão em dinheiro em 1998
. O dinheiro veio de um fundo montado por Machado, Aécio e o então senador Teotonio Vilela, que era presidente nacional do PSDB.
Romero Jucá (PMDB-RR)
O senador seria o destinatário de R$ 21 milhões. Os primeiros pagamentos teriam sido efetuados em 2004, o primeiro no valor de R$ 300 mil e o segundo, de R$ 400 mil, ambos em espécie. Os repasses não tinham periodicidade. A partir de 2008, a propina virou mesada: Jucá teria recebido “R$ 200 mil por mês durante dez ou onze meses por ano”.
O ex-ministro de Minas e Energia queria R$ 500 mil em propina todo o mês, mas teve que se contentar com R$ 300 mil. O pagamento começou em 2008, e perdurou até julho ou agosto de 2014. Machadodiz que Lobão recebeu cerca de R$ 24 milhões.
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
Durante o período que esteve na Transpetro, Machado diz ter repassado R$ 100 miilhões ao PMDB. Desse valor, R$ 1,55 milhão, da Queiroz Galvão, foram para o atual ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves.
Garibaldi Alves (PMDB-RN)
Também teria recebido R$ 200 mil da Queiroz Galvão em 2010 e R$ 250 mil da Camargo Corrêa em 2012.
Walter Alves (PMDB-RN)
O deputado, filho de Garibaldi, também recebeu R$ 250 mil da Queiroz Galvão, de acordo com Machado.
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Segundo Machado, o senador recebeu em 2012 R$ 500 mil da Lumina Resíduos Industriais, do Grupo Odebrecht.
O governador do Rio, segundo Machado, recebeu R$ 250 mil da Queiroz Galvão em 2010. O dinheiro foi repassado como doação ao PP do RJ.
Agripino Maia (DEM-RN)
O senador teria recebido R$ 300 mil da Queiroz Galvão nas eleições de 2010.
Felipe Maia (DEM-RN)
O deputado, filho de Agripino, teria recebido R$ 250 mil da Queiroz Galvão em 2014
Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
Segundo a delação, recebeu R$ 100 mil da Queiroz Galvão em 2010,
como antecipou a coluna de Lauro Jardim
. Jandira afirma que as doações da empreiteira foram oficiais.
Jorge Bittar (PT-RJ)
Teria recebido, de acordo com o delator, R$ 200 mil da Queiroz Galvão em 2010.
Machado diz ter repassado R$ 500 mil para Vaccarezza como doação oficial para o PT de São Paulo em 2010. O dinheiro seria oriundo de desvios da Camargo Corrêa na Transpetro
Ideli Salvatti (PT-SC)
A ex-ministra de Direitos Humanos e de Relações Institucionais teria recebido R$ 500 mil da Camargo Corrêa em 2010, quando se candidatou ao governo de Santa Catarina.
Edson Santos (PT-RJ)
O ex-deptuado teria recebido R$ 142,4 mil também da Queiroz Galvão.
Luiz Sérgio (PT-RJ)
Segundo Machado, recebeu R$ 400 mil da Queiroz Galvão, R$ 200 mil em 2010 e R$ 200 mil em 2014.
Jader Barbalho (PMDB-PA)
Sérgio Machado disse que o senador “pressionava muito por propinas, a serem pagas com recursos das empresas que tinham contratos com a Transpetro, para sua base no Pará”. A primeira vez teria acontecido em 2004, quando Jader pediu US$ 100 mil para pagar parte de uma dívida contraída com um advogado. A propina foi paga com a ajuda de um empresário.