22/06/2016 12h24 - Atualizado em 22/06/2016 18h15

Supercomputador que faz pesquisa sobre o vírus da zika pode parar

Custo do equipamento é de R$ 500 mil ao mês apenas em conta de luz.
Laboratório em Petrópolis, RJ, aguarda aporte do governo federal.

Bruno RodriguesDo G1 Região Serrana

Supercomputador Santos Dumont, do Laboratório Nacional de Computação Científica, de Petrópolis (RJ). (Foto: Divulgação/LNCC)Supercomputador funciona no Laboratório Nacional de Computação Científica (Foto: Divulgação/LNCC)

A pesquisa do mapeamento genético do vírus da zika e outras cinco que estão em análise através do Supercomputador Santos Dumont, instalado no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) em Petrópolis, Região Serrana do Rio, estão ameaçadas. Segundo o diretor de Tecnologia da Informação do LNCC, Wagner Leo, o desligamento do equipamento pode ocorrer em setembro, caso o governo federal não ofereça aporte financeiro.

O equipamento foi inaugurado em janeiro deste ano com um investimento inicial de R$ 60 milhões. O custo mensal de energia para o funcionamento da máquina é de aproximadamente R$ 500 mil, cerca de R$ 6 milhões / ano. Os equipamentos de apoio consomem mais R$ 2 milhões / ano. Segundo Wagner Leo, o investimento ideal seria de R$ 16 milhões.

O orçamento previsto para a manutenção da máquina neste ano é de R$ 8,121 milhões. O governo federal afirma que os repasses estão em dia. Segundo a direção do laboratório, os recursos enviados até o momento não são suficientes. Nem o governo nem o laboratório informam o valor que já foi repassado até o momento. O governo promete repassar mais R$ 4,6 milhões ainda este ano.

A máquina, que tem capacidade para fazer 50 pesquisas simultaneamente, realiza apenas seis, como forma de economizar energia e evitar o aumento do custo.

“Não temos condições de explorar toda a sua potência porque, se fizermos isso, não vamos dar conta de pagar os custos gerados pelo Supercomputador”, explicou o diretor do LNCC, Augusto Gadelha. Além das seis pesquisas realizadas atualmente por meio da tecnologia, outras 75 estão na fila.

Além de interromper pesquisas importantes, a falta de funcionamento pode causar danos irreparáveis ao Supercomputador -- a máquina é uma das quatro brasileiras entre as mais rápidas do mundo em 2016.

Governo espera funcionamento pleno
Por meio de nota, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações confirmou a previsão de aumento no repasse.

"O valor (R$ 8,121 milhões) cobre os custos do Instituto até os próximos meses e já negocia (o McTI) com a área econômica uma suplementação orçamentária, já tendo sido solicitado o valor adicional de R$ 4,65 milhões, que está em análise no Ministério do Planejamento", pontua a nota. O documento diz ainda que o orçamento previsto tem sido repassado.

"Como o LNCC está recebendo regularmente a sua parte orçamentária, o Ministério espera que o equipamento retorne ao seu funcionamento pleno para não prejudicar as pesquisas e projetos desenvolvidos por esse importante centro", diz ainda a nota.

O supercomputador tem capacidade de realizar 1,1 quatrilhão de operações de soma e subtração por segundo. É considerado o maior da América Latina e está entre os 10 maiores do mundo. Ele possibilita que projetos feitos antes no exterior sejam realizados no Brasil. Disponível para comunidade científica, o equipamento teve o investimento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico.

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