24/06/2016 13h06 - Atualizado em 27/06/2016 19h12

Cármen Lúcia comenta processos de juízes contra jornalistas: 'esquisito'

Ministra do STF proferiu palestra no Congresso da Abraji, em São Paulo.
Ela também comentou sobre pressão a magistrados na Lava Jato: 'Blefe'.

Rosanne D'AgostinoDo G1 São Paulo

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira (24) que é "no mínimo esquisito" que juízes do Paraná tenham entrado com diversas ações contra jornalistas do jornal 'Gazeta do Povo' do Paraná.  "O que foi publicado não era proibido", afirmou (veja no vídeo acima).

A ministra proferiu palestra sobre a liberdade de expressão durante o 11° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji, em São Paulo, e foi questionada sobre a série de ações judiciais de juízes do Paraná contra jornalistas após a publicação de uma reportagem sobre salários dos magistrados acima do teto constitucional pagos pelo Tribunal de Justiça (TJ) e pelo Ministério Público do Paraná (MP).

"Os tribunais têm que ter transparência. Então é curioso. Aquele órgão não estava cumprindo seu dever de transparência? Pois isso não deveria ser novidade", disse a ministra sobre a publicação dos salários.

"É mais grave porque é como se estivesse tentando criar um direito à privacidade onde o dever é de publicidade", completou. "Quem pagam [os salários] são vocês."

Questionada sobre a divulgação de gravações da Operação Lava Jato em que autoridades dizem ter influência sobre ministros do Supremo, ela afirmou que é "impossível". "Há blefe o tempo todo. Se isso acontecer, é uma tentativa de crime e será decidamente punida. Não acho que alguém tenha tamanha petulância", afirmou.

Cármen Lúcia comentou ainda sobre investigações que correm em sigilo no Supremo. "Isso não é uma escolha do juiz. Se a investigação for divulgada, o investigado destrói a prova", disse.

A ministra também defendeu o combate à corrupção e disse que o atual momento do país "é uma passagem". Ela contou uma história citando a mãe, que combatia diariamente ervas daninhas de suas flores. "Eu acho que puxei isso de minha mãe. Eu não tenho vocação para erva daninha. O Brasil erva daninha que tantos plantam e colhem e vivem depois ervanário e contas na Suíça, podem perfeitamente deixar de passar, porque eu sei florecer flores", concluiu.

A ministra Cármen Lúcia participa de palestra no Congresso da Abraji em São Paulo (Foto: Rosanne D'Agostinho/G1)A ministra Cármen Lúcia participa de palestra no Congresso da Abraji em São Paulo (Foto: Rosanne D'Agostino/G1)

 

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