O maior atleta olímpico de todos os tempos quer ser ainda maior. A tentativa de ampliar seu legado e se despedir da piscina da maneira que sempre planejou ganhou nesta quarta-feira braçadas mais fortes. Diante de um ginásio lotado, com cerca de 15 mil pessoas em Omaha, Michael Phelps garantiu vaga na Rio 2016 e participará de sua quinta Olimpíada - um recorde entre homens da natação americana. Dono de 22 medalhas - 18 de ouro -, o astro carimbou o passaporte para os Jogos de agosto ao vencer a prova dos 200m borboleta na seletiva americana da natação e vai buscar o quarto pódio olímpico na prova. O agora papai Phelps ainda tentará se classificar esta semana nos 100m borboleta e nos 200m medley, provas em que é o atual tricampeão olímpico.
O recomeço depois da depressão e da paternidade - o filho Boomer nasceu em maio - apresentou um
Phelps que o mundo ainda não conhecia. Talvez até ele só tenha se descoberto
depois dessa fase difícil. O Phelps de agora é mais relaxado, brincalhão,
sensível... No último ano, não foram poucas as vezes em que abriu seu coração e
falou sobre seus problemas e frustrações apesar da coleção de medalhas. Mas um
detalhe de sua característica parece intocável: a obsessão pelo perfeccionismo.
Tanto que, logo depois de bater em primeiro e conquistar a tão desejada vaga
para sua quinta Olimpíada, o americano comemorou de forma discreta. Ficou
feliz com a classificação, é claro, mas não satisfeito com os números que viu
no placar. Ele sabe que ainda pode ser bem mais rápido do que isso.
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Foi a quarta vitória de Phelps nos 200m borboleta da seletiva olímpica
americana, que também é um recorde no país. A marca alcançada por ele nesta noite (1m54s84), porém, foi apenas a sexta melhor do mundo em 2016, atrás de rivais
históricos na prova como o húngaro Laszlo Cseh (1m52s91) e o
sul-africano Chad Le Clos (1m54s42).
- Conseguir a vaga no time é a coisa mais importante esta noite. Estou
há muito tempo no esporte e poder terminar da maneira que eu gostaria é o
mais importante para mim. Entrar no time era o que eu queria fazer -
afirmou Phelps após a prova.
Os números não desejados, no entanto, foram esquecidos quando subiu ao pódio para buscar a medalha emblemática. A ficha naquele instante caiu, e o rosto tão conhecido pelo mundo todo ganhou um largo sorriso. Ao sair da premiação, não fosse a animada música brasileira ao fundo "Che chere che", famosa na voz de Gustavo lima, a caminhada de Phelps pelo ginásio seria mais emocionante. Mas o momento tocante veio logo em seguida, quando nadador foi até a arquibancada e, emocionado, deu vários beijos no pequeno Boomer, de apenas sete semanas, e entregou flores para a esposa Nicole Johnson.
Michael Phelps liderou os 200m borboleta desde as eliminatórias em Omaha, quando avançou em primeiro com o tempo de 1m56s68. Na semifinal, na noite de terça-feira, voltou a bater na frente com 1m55s17. A outra vaga olímpica dos Estados Unidos nos 200m borboleta ficou com
Tom Shields, que terminou em segundo na seletiva com 1m55s81.
O astro americano, que completa 31 anos nesta quinta-feira, já anunciou que encerrará sua carreira ao fim dos Jogos do Rio. Phelps havia se aposentado em 2012, depois da Olimpíada de Londres, mas retomou a carreira em 2014, após um período complicado em que se rendeu aos vícios em jogos e álcool e caiu em depressão. Ele se recuperou com a ajuda do esporte e resolveu ir em busca de mais uma participação olímpica para reescrever seu final. Em 2015, voltou a nadar em altíssimo nível, terminando o ano no topo do ranking de três provas. Boa fase que continua nesta temporada e deve chegar forte na briga por medalhas em agosto.
Missy franklin garante vaga
Após perder a vaga dos 100m costas, prova em que é a atual campeã olímpica, Missy Franklin finalmente conseguiu garantir presença na Rio 2016. Nesta quarta, a nadadora terminou em segundo lugar nos 200m livre e garantiu presença na prova individual e no revezamento. A vencedora foi a principal estrela da natação feminina mundial, Katie Ledecky, que já tinha se classificado para os Jogos nos 400m livre.
Com o tempo de 1m54s88, Ledecky não conseguiu superar seu melhor tempo do ano (1m54s43), que é também o primeiro do mundo em 2016. Ainda assim venceu com sobras, abrindo mais de um segundo de vantagem para Missy (1m56s18). Além das duas, que disputarão a prova individual no Rio, o revezamento 4x200m livre americano ainda terá Leah Smith e Allison Schmitt, que ficaram em terceiro e quarto, respectivamente, com os tempos de 1m56s63 e 1m56s72.
Outra prova definida nesta quarta foi os 200m medley feminino. Maya Dirado, que já tinha levado os 400m medley, bateu novamente em primeiro com 2m09s54. A outra vaga ficou com Melanie Margalis, que terminou em segundo 2m10s11, apenas cinco centésimos à frente de Caitlin Leverenz (2m10s16).
nathan adrian lidera os 100m livre
Na prova mais nobre da natação, os 100m livre, Nathan Adrian mostrou que está mesmo em ótima fase avançou em primeiro para a final com o expressivo tempo de 47s91 - segunda melhor marca do mundo em 2016. Ryan Lochte, que está sofrendo em Omaha com uma lesão na virilha abriu mão das semifinais após passar pelas eliminatórias da manhã com o sexto tempo (49s13).
Já nos 200m peito masculino, Kevin Cordes avançou para a decisão com o melhor tempo: 2m07s86. Na outra semifinal da noite, dos 200m borboleta feminino, Cammile Adams terminou em primeiro com 2m07s31.