Com o medalhista olímpico do vôlei de praia, Emanuel, acendendo a pira olímpica, Curitiba se despediu da tocha olímpica nesta quinta-feira. Depois de 170 condutores atravessarem a cidade desde o Museu Oscar Niemeyer, passando por pontos turísticos como o Jardim Botânico e outros parques da cidade, a tocha chegou por volta das 19h na Pedreira Paulo Leminski, quando a pira foi acesa. Nesta sexta-feira, ela segue para as cidades de Fazenda Rio Grande, Araucária, Campo Largo e Ponta Grossa. Depois, no sábado, ruma para o estado de São Paulo.
Participante de cinco olimpíadas, Emanuel estava visivelmente emocionado por encerrar a tour da tocha em sua cidade natal. Antes da cerimônia, ele pediu união em prol dos jogos olímpicos e, logo em seguida ao acender a pira, completou dizendo esperar que as chamas iluminem todo o país.
- Senti a emoção das famílias, dos jovens e consegui trocar com eles uma
coisa superior, que é o símbolo olímpico. A emoção aqui foi como me
preparar para um jogo olímpico. Fui lembrando de todos os momentos da minha carreira até hoje. Todo o meu sonho olímpico começou aqui em Curitiba, disse o atleta.
As ruas de Curitiba ficaram cheias desde as 10h30 da manhã, quando a tocha começou o seu percurso no Museu Oscar Niemeyer. O primeiro condutor foi o atleta paralímpico, Moisés Batista, campeão mundial de natação e que já participou de três Paralimpíadas.
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Confira o infográfico sobre a tocha olímpica
A condução da tocha em Curitiba teve a participação de outros atletas locais como esgrimista Athos Schwantes, que estará na Rio 2016 e a nadadora Alessandra Marchioro, que não conseguiu o índice olímpico, mas protagonizou um dos momentos mais delicados levando a tocha até três idosos que aguardavam de cadeira de rodas no Jardim Botânico. Uma das
idosas, inclusive, se emocionou e fez questão de beijar a tocha.
Outros atletas também participaram do evento. A ginasta Jade Barbosa era somente sorrisos durante o trajeto e levou a tocha aos pulos. A nadadora norte-americana, Summer Sanders, esteve presente, além do ex-jogador de vôlei, Jorge Edson, medalhista de ouro de Barcelona 92 e Marcos Olsen, 65 anos, atleta de tiro e que esteve em cinco Olimpíadas.
Fora do mundo das Olimpíadas, destaque para o alpinista paranaense Waldemar Niclevicz e para ex-jogador sul-africano de rugby, Chester Willians, símbolo da luta contra o racismo quando foi campeão mundial do esporte durante o regime do apartheid.
A emoção da tocha também foi marcada pela presença do fundador da ASID, Alexandre Amorim, que coordena uma entidade de ajuda a portadores de deficiência. Ele levou junto com ele parte do grupo atendido pela entidade e todos tiveram a oportunidade de ficar com a tocha por alguns instantes. O exemplo do esporte e da luta pela liberdade foi representado pela presença do garoto Abdulaye, 17 anos, refugiado da Guiné, que é atualmente o jogador de futebol do São Gonçalo, no Rio de Janeiro.
Incansável e emocionado, José Antônio Moraes,
55 anos, morador de Curitiba e conhecido como "Pé na Rua" não estava entre os condutores selecionados, mas não se deu por vencido. Ele mesmo fez a sua tocha olímpica de tubo pvc, papel laminado e celofane para percorrer todos os 36 quilômetros. Por vezes, ele esteve à frente do
primeiro carro do comboio de cerca de dez veículos, como se estivesse
"conduzindo" o tour.
- Eu mesmo fiz a tocha na minha casa, com a ideia de acompanhar todo
o percurso. Sou maratonista e vou fazer os 36 quilômetros, sem cansar,
porque quero me sentir parte da Olimpíada também, contou ainda pela manhã.
Protestos políticos contra o atual governo federal e também
reclamações locais foram registradas durante o revezamento da tocha. Em frente à prefeitura de Curitiba, professores
protestavam contra o prefeito Gustavo Fruet (PDT) e, em frente a um
colégio estadual, o alvo foi o governador Beto Richa (PSDB). Além
disso, muitas pessoas exibiam faixas com diversas reivindicações:
proteção
aos animais e pelo fim da violência contra a mulher.
O Sindicato dos Jornalistas do Paraná também publicou nota de desagravo ao repórter-fotográfico, Paulo Lisboa, que foi atingido por spray de pimenta por um membro da Força Nacional de Segurança durante a cobertura do revezamento. A nota diz que o profissional não estava além dos limites definidos pela polícia. A reportagem do GloboEsporte.com entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, mas não recebeu retorno até a publicação da matéria.