Edição do dia 07/07/2016

07/07/2016 21h24 - Atualizado em 07/07/2016 21h24

Polícia do Rio mata três vezes mais que a americana, diz ONG

Segundo estudo da Human Rights Watch, em 2015, policiais do Rio mataram 645 pessoas, um quinto do total de mortes no estado.

A organização internacional de direitos humanos Human Rights Watch classificou a polícia do Rio de Janeiro como uma das mais violentas do mundo.

O levantamento divulgado nesta quinta-feira (7) mostra que a polícia do Rio mata o dobro do que a polícia da África do Sul e três vezes mais do que a americana. Segundo o estudo, em 2015, os policiais do Rio mataram 645 pessoas, um quinto do total de mortes no estado.

“Logicamente não dá para falar que todas essas mortes são resultados de execuções. Mas a impunidade ainda é a regra e essas execuções são muito comuns”, diz Maria Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch no Brasil.

Mas não há somente denúncias no relatório. Há também propostas de como diminuir a violência policial. Há a sugestão de instalar câmeras nos coletes de proteção.

Mas o ponto principal é mesmo melhorar a investigação sobre os casos de mortes que envolvem policiais, para separar o que é realmente resultado de um confronto ou de uma execução.

Segundo o estudo, de 64 casos de suspeitos de execução em 2015, apenas oito foram levados a julgamento.

“As investigações da Polícia Civil são muito deficientes, mas a responsabilidade final pela impunidade é do Ministério Público”, diz o pesquisador da César Muñoz. 

Para mudar esta situação, o Ministério Público Estadual criou em 2016 um grupo especial de promotores.

“Esse grupo busca diminuir o número de ocorrências de mortes decorrentes de confronto policial, fazendo atuação preventiva e repressiva. O nosso papel é separar o erro do desejo de matar”, afirma a promotora Gláucia Santana.

Em nota, a Secretaria de Segurança diz que já vem tomando providências para a diminuição dos homicídios envolvendo a polícia. Inclusive premiando os policiais que consigam reduzir as mortes em suas áreas de atuação.