O juiz Flavio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal da Capital, decretou nesta quarta-feira (3) a prisão preventiva dos manifestantes Elisa Quadros Pinto, conhecida como Sininho, Igor Mendes da Silva e Karlayne Moraes da Silva Pinheiro, a Moa. Segundo a decisão, os três descumpriram medidas cautelares impostas por um habeas corpus concedido em agosto pela 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, que impedem que eles participem de protestos.
No dia 15 de outubro, segundo investigações da Polícia Civil, os réus foram a um ato na Cinelândia, em frente à Câmara Municipal. Fotos anexadas ao inquérito, exibidas com exclusividade na GloboNews, mostram os três na manifestação (veja acima).
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Segundo a Justiça, os três mandados de prisão foram expedidos e Igor Mendes da Silva já está preso, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste. Sininho e Moa não foram encontradas em seus endereços e são consideradas foragidas.
'Estou em segurança', diz Sininho
Pela manhã, Elisa Quadros postou uma mensagem em sua página no Facebook dizendo que policiais foram a seu prédio nesta terça (2) e que sabia da prisão de "outro ativista", referindo-se a Igor.
"A 14 dias do julgamento dos 23 ativistas presos, ONTEM, a policia civil passou o dia na meu prédio me esperando, falando com vizinhos e porteiro", escreveu. "Estou em segurança, mas espero que todos estejam também."
A defesa de Igor e de Elisa considera o pedido de prisão um ato de "terrorismo" e disse não saber onde Sininho se encontra. “É mais um ato que só confirma o terrorismo de estado que está sendo feito contra quem se manifesta politicamente nesse país. Nós estamos trabalhando para dar uma resposta jurídica adequada para mais um fato de arbitrariedade do juíz da 27ª Vara Criminal. Nós vamos entrar com os recursos apropriados”, disse Marino D' Icarahy.
O advogado de Karlayne Moraes da Silva Pinheiro, a Moa, Lucas Sada, informou que vai entrar com um novo pedido de habeas corpus por entender que a medida é desproporcional. Segundo ele, ainda que sua cliente tivesse descumprido a medida cautelar, essa a punição é desproporcional, levando em consideração que mesmo se condenada pelos crimes que está sendo acusada, ela não responderia presa, já que a pena máxima seria de quatro anos. Ainda de acordo com o advogado, o fato de ela supostamente ter ido à manifestação não representa risco a ordem pública.
Entenda o caso
Sininho e outros 20 ativistas são acusados formação de quadrilha armada, sob a acusação de que planejariam atos violentos durante a Copa do Mundo. Sininho foi presa duas vezes, a última no dia 11 de julho, e assim como outros ativistas teve um habeas corpus concedido pelo desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal. Ela deixou a prisão no dia 24 de julho. Para esperar o julgamento em liberdade, no entanto, eles não podem deixar o país e nem participar de manifestações.
Elisa Quadros é considerada uma das lideranças das manifestações no Rio desde 2013 e foi uma das 23 pessoas que tiveram a prisão decretada às vesperas da Copa do Mundo, dia 12 de julho. Todos, no entanto, haviam conseguido habeas corpus, menos Fábio Raposo e Caio Silva, que respondem também ao processo pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, em fevereiro deste ano.