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Por Pedro Rocha — de Chapecó (SC)

LC Moreira/Futura Press

A demissão de Guto Ferreira vinha sendo desenhada há um bom tempo na Chapecoense. Desde a derrota para o Flamengo, por 2 a 0, pela 24ª rodada, o cargo do agora ex-treinador estava na corda bamba. A relação com a diretoria, grupo de jogadores e torcida não estava bem. O desgaste foi aumentando a cada rodada e decisões tomadas por Guto.

A saída foi oficializada na manhã desta segunda-feira, um dia depois da derrota para o Vitória, por 1 a 0, que recolocou o Verdão na zona de rebaixamento.

Depois da derrota para o Ceará, pela 27ª rodada, a diretoria se reuniu para definir a saída de Guto Ferreira, tanto que chegou a procurar alguns treinadores para substituí-lo. Mas a vitória sobre o Atlético-MG deu sobrevida ao ex-comandante.

A pressão sobre o trabalho era grande, tanto que o duelo contra o Atlético-PR também foi encarado como a "última chance" para ele permanecer. A vitória veio e, somada ao triunfo sobre o Inter, fizeram o ex-comandante respirar no cargo.

Guto Ferreira encerrou a segunda passagem pela Chape — Foto: Sirli Freitas/Chapecoense

Interferência em escalações

As interferências da diretoria nas escalações começaram a aparecer, e Guto teve que acatar. Contra o Palmeiras, na Arena Condá, o ex-técnico escalou o lateral-esquerdo Roberto como titular. Nos jogos seguintes, os cartolas ficaram insatisfeitos e exigiram o retorno de Bruno Pacheco, que vem atuando desde então.

Contra o Fluminense, o ex-treinador escalou Wesley Natã, que era reserva do Atlético-GO antes de retornar à Chapecoense. Sem ritmo de jogo e muito menos entrosamento, o atleta atuou somente o primeiro tempo e depois não voltou mais. A decisão de escalá-lo não pegou bem.

Derrota para o Ceará e ligação para Kleina e Mancini

O revés para o Ceará, por 3 a 1, de virada, seria a gota d'água para a queda. Na reunião entre conselheiros e o presidente Plinio Filho, houve consenso pela demissão. Um fator, porém, mudou o rumo das coisas. O gerente de futebol André Figueiredo, conseguiu demover a diretoria da ideia.

Neste meio tempo, alguns treinadores já haviam sido contactados para assumir o posto. Vagner Mancini e Gilson Kleina receberam ligações para voltar. Isso não pegou bem para Guto, que começou a ver o prestígio acabar dia a dia. Ele percebeu que a diretoria não confiava no trabalho.

Guto Ferreira disse que não quer voltar a trabalhar em 2018 — Foto: Sirli Freitas/Chapecoense

Afastamento de WP9, rodízio e briga com torcida

Entre os jogadores, o afastamento de Wellington Paulista não caiu bem desde o início. Alguns chegaram a pedir a reintegração, que não foi atendida pela diretoria. Guto garante que a decisão do afastamento já estava tomado antes dele assumir o clube. A culpa, porém, caiu somente para ele.

A questão de rodar o grupo nos jogos não pegou bem. Os atletas reclamavam que eram titulares em alguns jogos e no seguinte nem no banco ficavam.

Victor Andrade foi o caso mais recente, após se envolver em uma discussão com Rafael Thyere em um treinamento. Contra o Vitória, o atacante nem foi relacionado.

Logo depois da derrota para o Vitória, Guto Ferreira ainda perdeu a paciência com os xingamentos das arquibancadas e discutiu com torcedores.

Improvisos

Na derrota para o Vitória, neste domingo, Guto Ferreira improvisou o meia Osman como volante, apesar de contar com opções do setor como Canteros e Orsuza. A decisão também não foi bem vista pela diretoria. Foi mais um episódio que contribuiu para a demissão.

Chateação com desfalques

Sem quatro titulares, como de Elicarlos e Márcio Araújo contra o Vitória, Guto Ferreira também sofreu com constantes desfalques nos últimos jogos. Para ele, a diretoria deveria ter colocado isso na balança. Além de perder jogadores importantes tecnicamente, ele também viu referências para o grupo estarem fora em um momento decisivo, que há a necessidade de atletas experientes e que passem tranquilidade aos outros.

— Foto: Divulgação

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