Por G1


Polícia faz patrulha nas ruas de La Paz, na Bolívia, na noite desta segunda-feira (12) — Foto: AP Photo/Natacha Pisarenko

O Comandante das Forças Armadas da Bolívia, Williams Kaliman, anunciou nesta segunda-feira (11) que vai enviar soldados às ruas do país para operações em conjunto com a polícia "para evitar sangue e luto". Segundo a imprensa local, os militares já estavam nas ruas momentos depois do anúncio.

"Vamos empregar a força de forma proporcional contra grupos de vândalos que causam terror à população", anunciou Kalisman.

Manifestantes a favor de Evo Morales fazem barricada em La Paz, Bolívia, nesta segunda-feira (11) — Foto: Aizar Raldes/AFP

Momentos antes, policiais bolivianos pediram intervenção militar para conter manifestações violentas em La Paz e na vizinha El Alto – cidades onde os protestos mais tensos ocorrem desde a renúncia de Evo Morales à Presidência do país.

Policiais prendem manifestante ferido em protesto em La Paz, Bolívia, nesta segunda-feira (11) — Foto: Carlos Garcia Rawlins /Reuters

Policiais carregam colega ferido durante confronto em La Paz, na Bolívia, nesta segunda-feira (11) — Foto: Juan Karita/AP Photo

De acordo com o comandante da polícia, Yuri Calderón, a missão conjunta começa ainda nesta segunda-feira e terminará "quando se restabelecer a paz em todo território boliviano".

Antes, em nota, a Polícia Boliviana afirmou que não quer "carregar mortos nos ombros" por causa de grupos "violentos com intenção de matar".

"É uma luta desproporcional. A polícia utiliza agentes químicos contra pessoas que usam armas", disse corporação, em nota ao jornal "El Deber".

Ônibus queimados durante manifestação em La Paz nesta segunda-feira (11) após renúncia de Evo Morales à Presidência da Bolívia — Foto: Ronaldo Schemidt/AFP

Militantes favoráveis a Evo desceram em direção ao centro de La Paz onde fizeram barricadas, entraram em confronto com forças de segurança e incendiaram ônibus – mais de 60 foram destruídos. Houve também saques a comércios e depredações de casas de apoiadores dos dois grupos opostos na crise na Bolívia.

Os atos de violência se intensificaram na noite de domingo, quando o então presidente anunciou a renúncia pressionado por denúncias de fraude nas eleições presidenciais que dariam a ele um quarto mandato consecutivo.

Evo deixa a Bolívia

Imagem da casa de Evo Morales em Cochabamba, que foi invadida após sua renúncia, em 10 de novembro de 2019 — Foto: Associated Press

Evo Morales embarcou no avião que o levará ao México – país que concedeu a ele asilo político – por volta das 22h50 (de Brasília) desta segunda-feira, informou o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard. A aeronave parte de Chimoré, na região de Cochabamba, um antigo reduto do ex-presidente.

Em mensagem publicada antes de embarcar, Evo agradeceu ao México "pelo desprendimento do governo desse povo irmão que nós deu asilo para cuidar de nossa vida".

"Dói abandonar o país por razões políticas, mas estarei sempre atento. Voltarei logo, com mais força e energia", escreveu.

A aeronave cedida pelo governo mexicano fez parada para abastecimento no Peru. O governo peruano confirmou que autorizou a entrada do avião mexicano e disse, em nota, que "reitera seu compromisso com uma transição pacífica e dentro da ordem constitucional na Bolívia".

Após confirmar o pedido de asilo, o México pediu ao Ministério das Relações Exteriores boliviano que garantisse a saída segura do ex-presidente.

Evo diz que dormiu em barraca

Evo Morales publicou foto deitado em barraca montada no chão em Cochabamba, na Bolívia, onde ele teria passado a noite após renunciar à Presidência — Foto: @evoespueblo/Reprodução/Twitter

Em postagem no Twitter, Evo Morales afirmou que passou a noite de domingo para segunda-feira no chão, em uma barraca feita com lençóis perto de Cochabamba. "Assim foi a minha primeira noite depois de deixar a Presidência forçado pelo golpe de Mesa e Camacho com ajuda da polícia", disse.

"Assim, recordei tempos como dirigente. Muito agradecido aos meus irmãos das federações do Trópico de Cochabamba por brindar-nos com segurança e cuidado", escreveu.

Vácuo de poder

Manifestantes protestam contra Evo Morales em La Paz, na Bolívia, no domingo (10) — Foto: Reuters/Marco Bello

Ao receber a carta que oficializa o pedido de renúncia de Evo, a segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Añez, reivindicou o direito de assumir interinamente a Presidência da Bolívia – afinal, o vice de Evo e os presidentes da Câmara e do Senado também renunciaram.

"Minha responsabilidade como presidente indígena e de todos os bolivianos é evitar que os golpistas sigam perseguindo meus irmãos e irmãs dirigentes sindicais, maltratando e sequestrando seus familiares, queimando casas de governadores, de parlamentares e de conselheiros", afirma Evo, em carta.

"A ordem é resistir para amanhã voltar a lutar pela pátria. Nossa ação é e será defender as conquistas de nosso governo. Pátria ou morte!", completa o texto.

A segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Añez, disse que a carta de renúncia será apreciada em sessão nesta terça-feira, às 11h30 (horário local, 12h30 em Brasília).

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