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Por Hector Werlang — Rio de Janeiro


Diego Cavalieri, enfim, falou sobre ter sido liberado pelo Fluminense. E falou bastante. Em tom de desabafo, o goleiro não poupou críticas à maneira pela qual o Tricolor conduziu a saída dele - e de outros sete atletas.

Ao usar expressões como "falta de ética", "sem profissionalismo" e "falta de respeito", o ídolo da torcida direcionou as ponderações ao presidente Pedro Abad, quem tomou a decisão, e a Marcelo Texeira, diretor da base, quem o comunicou de tal - apesar de ser responsável por Xerém, Teixeira ajuda no profissional desde o começo da gestão. Abel Braga, embora soubesse do plano do clube, foi isentado.

- Fui pego de surpresa. Mais pelo prazo, pelo o dia que foi. Foi o que me deixou mais magoado. Faz parte o clube querer ou não contar mais com o seu trabalho. Faltou respeito, faltou ética e eles foram sem profissionalismo. Do Marcelo Teixeira e do presidente Pedro Abad. Falo pela maneira que foi. Eu, hoje, não sento mais com eles. Com eles, não há conversa - disse o goleiro, em coletiva de imprensa, na Barra da Tijuca.

Cavalieri recebeu jornalistas para conversa na Barra da Tijuca — Foto: Hector Werlang / GloboEsporte.com

De acordo com o relato, o goleiro saiu de férias em 3 de dezembro. Houve contato do clube para monitorar como estava a renovação do passaporte e do visto norte-americano para a disputa do Torneio da Flórida. Até que...

- Me mandaram mensagem no dia 27 de dezembro perguntando se eu contava com empresário ou se eu cuidava das minhas coisas. Disse que era eu. Falaram que e ligariam em uma hora. No dia 28, Marcelo Teixeira acabou me ligando. Falando que havia tido reunião e que eu não precisava me apresentar. E que marcaria uma data para a minha rescisão. Passou dezembro, com todos os clubes fechando elenco. Isso fica complicado. Um zap (mensagem de Whatsapp) um dia antes e depois uma ligação - completou o atleta.

Cavalieri negou ter sido procurado antes pela direção. Segundo ele, é "mentirosa" a informação de que houve tentativa de renegociar contrato, com redução salarial.

- Isso é mentira! Nunca aconteceu. É difícil entender algumas coisas. Tem gente que só aparece quando a coisa está boa. Quando está ruim, se esconde em Xerém. Dificilmente ele se expõe, põe a cara. Falo do Marcelo Teixeira. O presidente Abad, no dia da reapresentação, quando fui buscar as minhas coisas no CT, veio me cumprimentar como se nada tivesse acontecido. Não quis falar com ele. Se saírem essas pessoas, o Teixeira e o presidente, estou aberto a conversar. Tenho carinho por todos, menos esses dois - acrescentou o goleiro.

Cavalieri disse que seu futuro continua indefinido — Foto: Hector Werlang / GloboEsporte.com

Cavalieri mantém a forma física com corridas e exercícios em academia. Segundo ele, o futuro está indefinido. Não descartou inclusive defender outro time do Rio de Janeiro:

- Ficar no Rio seria ideal, ficaria perto do meu filho. Se vier proposta, vou analisar. O ideal era ficar no Rio mesmo.

O goleiro tem processo na Justiça, no qual pede a rescisão contratual. O que ainda não ocorreu. O Tricolor lhe deve cinco meses de direitos de imagem e 13º e férias de 2016 e 2017.

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Possível homenagem

Como que vai esperar homenagem de uma pessoa que manda mensagem e depois liga dizendo que você está fora? Difícil. Vocês sabem que sou tranquilo e direto. Então, eu disse que meu advogado iria entrar em contato e resolver. Tudo de se tem uma maneira de conduzir, com ética e profissionalismo. Não houve isso da parte deles. Fico triste por tudo o que construí. Saio tranquilo, de cabeça erguida. Não espero homenagem deles, a vida segue. Não posso parar agora.

Ligação de Abel

Abel me ligou lamentando, dizendo que a decisão era da diretoria. A gente se conhece desde 2011, ele é franco e direito. Ele ligou após o fato ocorrido e disse que não sabia de nada. Eu acredito na palavra dele. A gente tem bom relacionamento.

Futuro

O futuro... a primeira semana teve muito empresário ligando. Agora, acalmou. Eu sei que o mercado está complicado, todos os times do Brasil tem excelentes goleiros. Vou continuar treinando para me encaixar.

Torcida pelo Flu

A torcida que fica é de que o Fluminense melhore, volte a se estruturar. Que o Abel consiga montar um time. E que o clube volte a ter pessoas melhores na direção.

Torcedores do Tricolor

É um momento difícil, delicado. Quando se tem caráter, se anda de cabeça erguida Nas ruas as pessoas me param, se sentem chateados e pedem desculpas. Isso mostra que vale a pena. Que o esforço foi reconhecido. Só tenho a agradecer aos torcedores. Não cheguei a ver ainda a carta que os torcedores fizeram. É isso que vale a pena. O reconhecimento de todos. Isso me deixa muito grato. Quem sabe se eles quiserem me mostrar e me entregar, podemos marcar. Irei encontrar com o maior prazer.

— Foto: Divulgação

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