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Por GloboEsporte.com — Rio de Janeiro

Getty Images

Imagine uma criança que, após ficar cega, decide aprender a nadar para voltar a sentir o gostinho da liberdade. Dez anos mais tarde, essa criança vai muito além e quebra um recorde mundial. Esta é a história de Enhamed Enhamed, para muitos, considerado o melhor nadador paralímpico da história.

Após perder a visão, espanhol Enhamed Enhamed quebra recordes na natação

Após perder a visão, espanhol Enhamed Enhamed quebra recordes na natação

O espanhol das Ilhas Canárias tinha apenas oito anos quando, de um dia para o outro, não conseguia mais ver por conta de um deslocamento da retina. Um ano depois, ele escolheu fazer natação porque é um esporte que não depende de ninguém para se deslocar, de nenhum guia, só de si mesmo. Mas o desafio sempre esteve presente, afinal, como explicar para alguém o que é um nado borboleta se a pessoa nunca viu como é a braçada? Enhamed aprendeu as técnicas da natação através da audição de vídeos, pois o nadador cego tem de ter noção do som que a mão faz. O nadador aprendeu rápido e, desde então, já ganhou cinco medalhas de ouro em Jogos Paralímpicos, terminou um Ironman e uma travessia aquática de 14,4 km.

- Tive uma crise grande durante dois meses e não fazia progressos... Aprendi a viver a cegueira da perspectiva de uma pessoa que quer voltar a ver, que acha que ser cego é uma chatice. Foi então que algo deu um clique em mim e eu comecei a treinar. Foi quando eu pensei: "quero quebrar um recorde" - Enhamed

Em 2014, Enhamed decidiu escalar até o topo do Kilimanjaro, o pico mais alto de África, com 5.895 metros de altura. O alpinista Javier Cruz guiou-o na aventura, com a ajuda de uma equipe que permitiu que o nadador alcançasse o topo. No mesmo ano, decidiu realizar o Ironman das Canárias, uma das provas de resistência mais duras do mundo, tornando-se o primeiro esportista cego a terminar a prova, após nadar, pedalar e correr por 13 horas, 53 minutos e 44 segundos. No ano passado, Enhamed enfrentou um dos maiores desafios da sua vida: a travessia de 14,4 km no Estreito de Gibraltar.

Agora imagine, como é, para um atleta paralímpico, ser reconhecido pelos seus feitos esportivos, e não pela sua incapacidade. Esta é a história de Enhamed.

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