Nefrologista Thiago Reis e o equipamento usado para a terapia de hemoperfusão pra filtragem do sangue — Foto: Arquivo pessoal
Um novo tratamento oferecido no Distrito Federal pretende ajudar pacientes com infecções graves de Covid-19 e comprometimento das funções renais. A chamada terapia de hemoperfusão começou a ser aplicada pela primeira vez no Brasil em dois hospitais particulares do DF, em dezembro do ano passado.
Apesar do uso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) destaca que não há tratamento precoce contra a doença.
O tratamento, realizado por meio da filtragem do sangue, é destinado a pacientes que estão na UTI, entubados e desenvolvem falência renal. O objetivo é diminuir o excesso de citocinas – células liberadas pelo corpo em casos de infecções.
Essa substância é natural do organismo e tem papel de auxiliar no sistema imunológico. No entanto, segundo o médico nefrologista Thiago Reis, o excesso de citocinas pode causar agravamento das infecções.
"O problema é que em pacientes mais graves, essa produção é exagerada e essas oxitocinas acabam causando lesões no pulmão, coração e nos próprios rins. A terapia de hemoperfusão consiste em sequestrar essas citocinas exacerbadas e melhorar as condições inflamatórias, eliminando os germes", explica Thiago.
Pesquisa
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O médico desenvolveu um estudo junto a um grupo de especialistas de 16 nacionalidades sobre como a terapia de hemoperfusão pode ajudar pacientes com infecções graves de Covid-19. O artigo foi publicado na revista científica Nature Reviews Nephrology.
O sangue do paciente é filtrado por uma espécie de cartucho – como se fosse uma esponja – em uma na máquina de hemodiálise. O processo retira as citocinas em excesso que não puderam ser metabolizadas pelo corpo. O filtro especial é chamado de CytoSorb.
Após ser purificado, o sangue retorna para o paciente, que pode apresentar melhorar no quadro de saúde. O tratamento dura 24 horas, até que o aparelho consiga remover as células em excesso.
"O paciente continua entubado e medicado, mas o tratamento diminui a gravidade do quadro e aumenta a probabilidade de o paciente sobreviver", destaca o médico.
Redução de mortalidade
Um estudo publicado nessa semana pelo periódico médico Journal of the American Society of Nephrology revela que a taxa de mortalidade em pacientes com casos graves de Covid-19 e que necessitam de hemodiálise é de 55%.
"A mortalidade nesse grupo é altíssima. Com a hemoperfusão, talvez esse número possa ser reduzido para 50% ou 40%", acredita Thiago Reis.
Ele ainda destaca uma pesquisa feita na Arábia Saudita durante a pandemia. "Nesse estudo, eram 45 pacientes que precisam fazer a hemoperfusão com hemodiálise e desses, 15 morreram e 30 viveram. Dá uma sobrevida de 60%. A gente esperava que, sem isso, a sobrevida fosse de 40%", explica.
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