• Daniela Torres
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Primeiros passos: quando os pequenos começam a andar (Foto: Guto Seixas/Editora Globo)

Primeiros passos: quando os pequenos começam a andar (Foto: Guto Seixas/Editora Globo)

Pronto! Você torceu tanto e comemorou cada bambear que o seu filho deu pé ante pé e agora basta uma bobeada para o pequeno correr, pegar coisas que não deve, subir no sofá... Tchau, tranquilidade? Nada disso. Mas é preciso, claro, que você ou outro adulto esteja sempre por perto para prevenir acidentes. Porém, vale um alerta: o excesso de cuidados pode interferir na autonomia da criança. Então, toda vez que o pequeno cair – e pode se habituar, pois serão muitos tombos! –, nada de gritar. Do contrário, a criança pode se assustar e entender que tudo ao redor é muito perigoso.

Esqueça o drama

Frases como “coitadinho, se machucou” podem deixar seu filho inseguro, da mesma forma que ignorar queixas reais, já que tombos e arranhões podem doer. Lembre-se de que a criança precisa vivenciar algumas situações para ganhar autoconfiança – até porque você não vai estar disponível o tempo todo –, porém com paciência e acolhimento.

A supervisão, aliás, tem de ser constante nessa fase, não tem jeito. A criança pode e deve explorar os ambientes por onde anda: cercadinhos são úteis em alguns momentos, mas, de modo geral, limitam e até mesmo atrasam algumas conquistas. Só com liberdade, afinal, seu filho vai testar e descobrir limites para desenvolver o que os especialistas chamam de recursos próprios de autoproteção.

Se for superprotegido, contudo, perde oportunidades de amadurecer, o que pode afetar sua autonomia. E qual é o melhor jeito, então, de se precaver sem podar demais seu filho? Conversando. Isso mesmo, desde bebê, seu filho já compreende comandos simples e também entende quando alguém explica que algo é arriscado. O problema é que se esquece disso rapidamente... E aí, não adianta brigar: o que funciona é repetir os conselhos muitas e muitas vezes (em geral, até a adolescência).

Jamais acredite que segurança se aprende na prática. É absurdo, portanto, achar que criança tem que se queimar para saber que o fogo faz mal.

A seguir, listamos as principais situações de perigo, dentro e fora de casa, com dicas para você proteger e, ao mesmo tempo, incentivar o pequeno a seguir adiante: 

EM CASA

Escadas

PERIGO: basta um passo em falso - em um brinquedo espalhado, por exemplo - para a criança se machucar e escorregar nos degraus.

COMO PREVINIR: tenha instalados portões ou grades de segurança na parte de cima e de baixo da escada até ela completar 6 anos. É fundamental também segurar a mãe da criança e ensiná-la a subir e a descer se apoiando no corrimão ou sentado em cada degrau, por exemplo. 

Janelas e sacadas

PERIGO: a criança pode escalar o que vir pela frente e, num piscar de olhos, sofrer um acidente.

COMO PREVENIR: coloque grades e/ou redes específicas nesses locais.Também não deixe móveis (como sofás, cadeiras ou até mesmo mesas) perto deles.

Produtos de limpeza e medicamentos

PERIGO: eles têm cores chamativas e, muitas vezes, parecem até doces ou refrigerantes por causa da cor. O resultado? Seu filho pode levar tudo à boca e se intoxicar.

COMO PREVENIR: guarde esses itens em armários altos e, se possível, trancados. E nunca compre produtos de limpeza em garrafa de bebidas, pois isso pode confundir ou, pior, atrair as crianças.

Tomadas e quinas

PERIGO:  é lindo de ver o engatinhar e o andar meio desequilibrado das crianças que estão dando os primeiros passos, mas nessas horas, você não vai querer uma quina ou tomada por perto.

COMO PREVENIR: você pode tampá-las com dispositivos específicos, que são encontrados em lojas para bebês. Mas também tem de explicar a elas que não podem colocar a mão na tomada e que a quina machuca, porque nem todas as casas vão ter esses acessórios de segurança.

Cozinha

PERIGO: os riscos são queimaduras, acidentes com eletrodomésticos (se a criança puxar um fio solto ou uma panela) e cortes com talheres.

COMO PREVENIR:  jamais cozinhe com ela no colo e mantenha as panelas nas bocas traseiras do fogão, com os cabos virados para dentro. Guarde facas e objetos cortantes em gavetas mais altas.

Menina na escada (Foto: Nicopiotto/Getty Images)

Menina na escada (Foto: Nicopiotto/Getty Images)

FORA DE CASA

Na rua e no estacionamento

PERIGO: seu filho não sabe que um carro é perigoso – e pode se posicionar no ponto cego do motorista, o que facilita os atropelamentos.

COMO PREVENIR: ensine a criança que andar de mãos dadas com os adultos é obrigatório até os 6 anos. Segure-a com firmeza, pois ela pode correr em disparada a qualquer momento. Paralelamente, fale sobre as regras de trânsito: o significado das cores do semáforo, que é preciso olhar para os dois lados antes de atravessar a rua e só fazê-lo na faixa de pedestres, entre outras normas.

Elevador


PERIGO: a lei é clara: menores de 10 anos não devem andar desacompanhados no elevador. Pois, além do risco de prender algum membro do corpo nas portas, não saberão pedir ajuda caso fiquem presos ali.

COMO PREVENIR: não é para assustar as crianças, porém, elas têm de saber que o elevador pode parar sozinho. Por isso, não podem estar ali sem a companhia de adultos. Além disso, mostre que é proibido mexer nos botões e colocar as mãos entre as portas.

Escada rolante

PERIGO: o pé da criança pode ficar preso se ela pisar na linha amarela que delimita os degraus - principalmente se estiver com chinelos e calçados frouxos (com sandálias de borracha).

COMO PREVENIR: até os 2 anos, transporte-a no colo. Depois disso, oriente-a a não pisar na faixa amarela e a dar as mãos para os adultos. E não custa lembrar: é proibido transitar ali com carrinhos de bebês.

Parquinho

PERIGO: apesar de ser um ambiente pensado para crianças, elas podem cair de brinquedos ou sofrer acidentes na área do balanço, por exemplo

COMO PREVENIR: escolha lugares com pisos que absorvam impactos (como os de grama, areia ou emborrachados) e evite playgrounds sem manutenção, por conta do risco do seu filho se machucar com um parafuso solto, por exemplo.

Multidão

PERIGO: em locais com grandes aglomerações, a criança pode ser distrair e se perder dos pais

COMO PREVENIR: vista seu filho de cores chamativas e andem de mãos dadas. Em grandes eventos, coloque pulseira de identificação e deixe em seu bolso um papel com os dados dos pais. Já em áreas vazias, permita que a criança ande sozinha, porém sem tirar os olhos dela. Isso vai ajudá-la a se sentir segura. Mochilas e coletes de contenção são polêmicos entre os especialistas, o uso fica a critério de cada família.

Piscina

PERIGO: afogamentos são a segunda causa de morte e a sétima de internação entre os acidentes na faixa etária de 1 a 14 anos, segundo dados do Ministério da Saúde

COMO PREVENIR: alarmes e capas garantem proteção extra, mas devem ser usados em conjunto com  cercas (de preferência, com travas). Crianças só podem entrar na água ou brincar próximo à piscina, seja em casa, seja em local público, com a supervisão dos adultos. A regra vale também para aquelas que já sabem nadar. Nesse caso, todo cuidado é pouco.

Fontes: Andréa Oliveira, pedagoga e orientadora educacional (SP); Lidia Weber, psicóloga e professora da Universidade Federal do Paraná; Renata Waksman, pediatra do Departamento de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria