05/09/2016 06h07 - Atualizado em 05/09/2016 21h05

Polícia detém 26 pessoas antes do protesto contra Temer em SP

Grupo formado por 18 adultos e 8 menores foi levado para o Deic.
Jovens foram detidos às 16h e passaram horas sem acesso à defesa.

Do G1 São Paulo

A Polícia Militar deteve 26 pessoas (18 adultos e 8 menores) na tarde deste domingo (4) antes do início do protesto contra o governo do presidente Michel Temer (PMDB) na Avenida Paulista, no Centro de São Paulo. Entre os detidos há oito menores. Todos foram levados para o Departamento De Investigações Sobre Crime Organizado (Deic) e não tiveram acesso a advogados. Os detidos também não puderam falar com familiares. Além deles, outro adulto foi detido após o protesto e levado ao 14º DP.

De acordo com a Polícia Civil, os detidos estavam em dois grupos, perto do Centro Cultural, na Rua Vergueiro, Zona Sul de São Paulo, quando foram abordados. O motivo das prisões ainda é desconhecido.

Mais de 12 horas após a prisão, que aconteceu por volta das 16h, os detidos ainda não haviam sido liberados na manhã desta segunda-feira (5). No Deic, os adolescentes estavam acompanhados pelo Conselho Tutelar, e os 18 maiores passarão por uma audiência de conciliação antes de serem liberados.

Demonstrators attend a protest against Brazil's President Michel Temer in Sao Paulo, Brazil, September 4, 2016. (Foto: Fernando Donasci/Reuters)Protesto contra Michel Temer na Avenida Paulista, neste domingo (4) (Foto: Fernando Donasci/Reuters)

Protesto
Grupos contrários ao governo de Temer fizeram um protesto em São Paulo neste domingo (4). O ato correu pacífico por cerca de quatro horas. Depois que os organizadores declararam o protesto encerrado, a polícia dispersou os manifestantes com bombas de gás e jatos d´água. Houve correria. Uma agência bancária teve uma vidraça quebrada. Sacos de lixo foram jogados no meio da via no Largo da Batata e pequenos grupos colocaram fogo neles.

(O G1 acompanhou o ato contra Temer em TEMPO REAL. Veja como foi em fotos e vídeos.)

Esta foi a sétima manifestação contra o presidente em uma semana. Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), disse que 100 mil pessoas participaram do ato. A Polícia Militar não divulgou estimativa. No auge, a manifestação ocupou três quarteirões da Avenida Paulista.

Em nota no Twitter, a PM disse: "Em manifestação inicialmente pacífica, vândalos atuam e obrigam PM a intervir com uso moderado da força / munição química".

Depois, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que "após os organizadores encerrarem a manifestação, houve um princípio de tumulto na Estação Faria Lima do Metrô, que se transformou em depredação". "Vândalos quebraram catracas, colocando em risco funcionários. A Polícia Militar atuou para restabelecer a ordem pública, sendo recebida a pedradas, intervindo com munição química e utilização de jato d'água", afirmou o comunicado.

Em nota, a concessionária ViaQuatro disse que solicitou o apoio da Polícia Militar “para a organização de fluxo de passageiros” e que o pedido foi motivado “pelo aumento do número de passageiros em razão da manifestação”. A ViaQuatro também informou que uma catraca, uma lixeira e uma luminária foram depredadas. No entanto, a concessionária não esclareceu se as depredações foram antes ou depois da ação da PM ao fim do ato.

A PM também informou que nove pessoas foram detidas com pedras, pedaços de ferro e máscaras e encaminhadas ao Deic. O horário e a maneira como foram feitas as prisões não tinham sido informados até a última atualização desta reportagem.

Manifestantes levam cartazes no ato contra o governo Temer. Protesto saiu da Paulista e segue para o Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)Manifestantes levam cartazes no ato contra o governo Temer (Foto: Fábio Tito/G1)

Cronologia dos eventos:
15h - Começa concentração em frente ao Museu de Arte de São Paulo, Masp
16h30 - Ato começa oficialmente
17h30 - Imagens aéreas mostram 3 quarteirões da Avenida Paulista ocupados
18h - Manifestantes partem em direção ao Largo da Batata, pela Avenida Rebouças
19h30 - Chegada ao Largo da Batata
20h30 - Guilherme Boulos, da organização, declara o ato encerrado
20h49 - PM joga bombas sobre manifestantes
21h06 - Polícia divulga nota no Twitter para explicar atuação
22h29 - SSP diz em comunicado que houve depredação na Estação Faria Lima

Convocada pelas redes sociais, a manifestação foi organizada pela Frente Brasil Popular – formada por movimentos como Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – e pelo grupo Povo Sem Medo, que reúne mais de 30 movimentos sociais, como o MTST.

Além de querer a saída de Temer, os manifestantes levavam faixas pedindo a convocação de novas eleições presidenciais. “Quem diria que, mais de 30 anos depois, os brasileiros e brasileiras precisassem ir às ruas para defender Diretas Já. A voltar a defender o direito de eleger um presidente da República”, disse Boulos.

Bombas na dispersão
Depois que o ato foi declarado encerrado, às 20h30, manifestantes começaram a deixar o Largo da Batata. Um vídeo enviado ao G1 mostra o momento em que uma bomba explodiu. Os manifestantes se assustaram e tentaram entrar na estação Faria Lima, que fica no local onde o protesto terminou. Manifestantes xingavam policiais e gritavam pedindo a abertura da estação (veja abaixo).

Depois disso, começou um corre-corre por diversas ruas nas imediações. Uma agência bancária na rua dos Pinheiros teve os vidros quebrados. Lixo foi jogado nas ruas. A polícia foi atrás dos manifestantes, soltando bombas de gás e jatos d´água jogados por um caminhão blindado.

Mascarados jogaram pedras e coquetéis molotov em direção aos PMs, que revidaram. O artefato explodiu perto de um blindado e ninguém se feriu. Uma bomba de gás lacrimogêneo da PM estourou perto de um ônibus e uma passageira passou mal.

Protesto foi pacífico
A manifestação reuniu pessoas de diversas idades, principalmente jovens. Ainda na concentração, policiais do Choque passaram no meio do ato e foram vaiados. Eles se posicionaram em frente ao Fórum Ministro Pedro Lessa. Em seguida, um manifestante atirou uma lata de cerveja em direção aos policiais, que levantaram os escudos. Não houve revide.

Durante a caminhada, que durou cerca de quatro horas, não houve registros de danos nem de brigas. Mascarados entraram no ato, mas foram obrigados pelos outros participantes a mostrarem os rostos.

Frases de protesto, como “Fora Temer”, eram projetadas em prédios da Avenida Rebouças. O autor da intervenção é o doutorando em poéticas visuais Cauê Maia, de 31 anos. Ele usava uma lanterna potente com ajuste de foco, transparências impressas com diferentes mensagens e uma lupa com distância ajustável, tudo improvisado em um pau de selfie. “A gente desenvolveu essa ferramenta para fazer intervenções poéticas em espaços públicos. Não só em manifestações”, afirmou ao G1. A mãe dele o acompanhava com outro projetor similar.

A caminhada terminou no Largo da Batata. Lá, um caixão representando o governo Temer foi queimado. Quando todo os manifestantes chegaram ao local, as lideranças discursaram contra o governo, pediram novas eleições e ressaltaram que não houve depredações nem violência. Às 20h30, Boulos declarou o ato encerrado.

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Policiais jogam muitas bombas de gás lacrimogêneo em direção aos manifestantes no Largo da Batata (Foto: Reprodução/GloboNews)Policiais jogam bombas de gás lacrimogêneo em direção aos manifestantes no Largo da Batata (Foto: Reprodução/GloboNews)
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Após o encerramento do ato, manifestantes começam a entrar na estação Faria Lima do metrô (Foto: G1)Após o encerramento do ato, manifestantes entrar na estação Faria Lima do metrô (Foto: G1)
Mulher protesta em frente aos policias do Choque, posicionados posicionados ao lado da entrada do metrô Faria Lima (Foto: Fábio Tito/G1)Mulher protesta em frente aos policias do Choque, posicionados ao lado da entrada do metrô Faria Lima (Foto: Fábio Tito/G1)
Manifestação contra o governo Temer ocupa o Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)Manifestação contra o governo Temer ocupa o Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)
No Largo da Batata, manifestantes queimam um caixão e falam em morte da democracia (Foto: Reprodução/GloboNews)No Largo da Batata, manifestantes queimam um caixão e falam em morte da democracia (Foto: Reprodução/GloboNews)
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Mapa do protesto contra Temer em São Paulo (Foto: Editoria de Arte/G1)
Manifestantes caminham pela Avenida Rebouças em direção ao Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)Manifestantes caminham pela Avenida Rebouças em direção ao Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)
Após encerramento do ato, policiais jogam bombas de gás lacrimogêneo no Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)Após fim do ato, policiais jogam bombas de gás lacrimogêneo no Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)
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Manifestantes saem da Avenida Paulista em direção ao Largo da Batata neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)Manifestantes saem da Avenida Paulista em direção ao Largo da Batata neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)
Manifestante leva bebê ao ato contra o governo Temer nesta domingo (Foto: Fábio Tito/G1)Manifestante leva bebê ao ato contra o governo Temer nesta domingo (Foto: Fábio Tito/G1)
Ato contra governo Temer caminha da Avenida Paulista em direção ao Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)Ato contra governo Temer caminha da Avenida Paulista em direção ao Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)
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Jovem tira selfie em ato contra o governo Temer na Paulista (Foto: Fabio Tito/G1)Jovem tira selfie em ato contra o governo Temer na Paulista (Foto: Fábio Tito/G1)
Manifestante levanta cartaz em ato contra o governo Temer na Paulista neste domingo  (Foto: Fábio Tito/G1)Manifestante levanta cartaz em ato contra o governo Temer na Paulista neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)
Sob vaias, policias do Choque chegam à manifestação contra o governo Temer neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)Sob vaias, policias do Choque chegam à manifestação contra o governo Temer neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)
Projeções com Fora Temer são vistas em prédios da Avenida Rebouças (Foto: Fábio Tito/G1)Projeções com Fora Temer são vistas em prédios da Avenida Rebouças (Foto: Fábio Tito/G1)

 

Cauê Maia fez projeções em prédios durante o protesto contra o governo Temer (Foto: Fábio Tito/G1)Cauê Maia fez projeções em prédios durante o protesto contra o governo Temer (Foto: Fábio Tito/G1)
Manifestantes protestam contra o governo Temer neste domingo na Paulista (Foto: Fábio Tito/G1)Manifestantes protestam contra o governo Temer neste domingo na Paulista (Foto: Fábio Tito/G1)

Liberação de protesto
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou na quinta-feira (1º), que não iria permitir manifestações na Avenida Paulista neste domingo. A medida havia sido adotada em reunião com os comandos das polícias Civil e Militar. A justificativa para a proibição era a passagem da tocha paralímpica dos Jogos Rio-2016 na Avenida Paulista neste domingo.

Após isso, os grupos Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo divulgaram uma nota sobre a decisão da SSP. “Não é de nosso interesse prejudicar a passagem da tocha paraolímpica”, diz o texto. Com isso, os organizadores mudaram o horário do começo do protesto, que estava marcado para 14h, para 16h30.

Após reunião com a Prefeitura de São Paulo, a SSP liberou a realização do protesto contra o governo de Michel Temer neste domingo. "A SSP esclarece que, no horário acordado, o evento de passagem da tocha paralímpica, cerimônia oficial da Rio 2016, já terá sido encerrado", afirmou a pasta em comunicado.

Grupo faz batucada em ato contra o governo Temer em São Paulo neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)Grupo faz batucada em ato contra o governo Temer em São Paulo neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)
Manifestantes fazem ato contra o governo Temer na Paulista neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)Manifestantes fazem ato contra o governo Temer na Paulista neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)

 

Manifestantes contrários ao governo Temer se reúnem na Paulista neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)Manifestantes contrários ao governo Temer se reúnem na Paulista neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)
Manifestantes contrários ao governo Temer se reúnem na Paulista neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)Manifestantes contrários ao governo Temer se reúnem na Paulista neste domingo (Foto: Fábio Tito/G1)

Série de protestos
A região central de São Paulo foi palco de protestos contra o governo Temer na última semana. Na segunda-feira (29), os protestos foram na região da Avenida Paulista, onde a Polícia Militar jogou bombas para dispersar manifestantes. Na terça-feira (30),  manifestantes bloquearam estradas e vias importantes de São Paulo pela manhã. À noite, outra manifestação na Paulista foi encerrada com a polícia fazendo usa de bombas de gás lacrimogêneo.

Nesta quarta-feira (31), após o Senado votar pelo impeachment de Dilma Rousseff, a Paulista foi palco de duas manifestações, uma a favor do presidente Michel Temer, e o outra contra a sua posse. Os manifestantes bloquearam avenida e colocaram fogo em papéis e lixo na caminhada em direção ao Centro. Uma viatura da polícia também foi atacada. Houve ataques a agências bancárias. A Tropa de Choque foi acionada para dispersar a manifestação. Uma jovem foi atingida no olho e disse ter perdido a visão.

Na quinta-feira (1º), em mais uma manifestação no Centro de São Paulo, a Polícia Militar usou bombas depois que um grupo de manifestantes passou a jogar paus e pedras. Na sexta-feira (2), quinto dia consecutivo de protestos, os manifestantes se reuniram no Largo da Batata. Oito pessoas foram detidas, sendo quatro adolescentes.

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