Por Sílvio Túlio, G1 GO


Veja imagens do momento em que manifestante é agredido durante protesto em Goiânia

Veja imagens do momento em que manifestante é agredido durante protesto em Goiânia

Imagens obtidas com exclusividade pela TV Anhanguera mostram o exato momento em que o estudante Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, é agredido por um policial militar no rosto, com um cassetete, durante uma manifestação nesta quinta-feira (28), em Goiânia (veja vídeo). O ato de violência ocorreu enquanto protestava contra as reformas trabalhista e previdenciária. A vítima foi socorrida e levada para o hospital, onde está internado em estado grave. A PM diz que vai apurar o caso.

Nas imagens, Mateus, que cursa o 3º período de ciências sociais na universidade Federal de Goiás (UFG), aparece na rua quando leva o golpe. O policial que cometeu a agressão corre em seguida. Já o estudante cai no chão e começa a receber os primeiros socorros de outros manifestantes.

Em outras imagens, Mateus está deitado já no canteiro central da avenida e começam o atendimento de urgência. Logo em seguida, ele é levado de ambulância para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).

Segundo boletim divulgado pela unidade às 18h30, o paciente tem estado grave e está internado em um leito da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele apresenta traumatismo cranioencefálico (TCE) e múltiplas fraturas, está sedado e respira com ajuda de aparelhos.

Mateus é agredido com cassetete enquanto participava de protesto, em Goiânia — Foto: Luiz da Luz/O Popular

Mateus recebeu os primeiros cuidados de amigos e depois foi levado ao hospital — Foto: Vitor Santana/G1

O pai do estudante mora em Osasco e a mãe e um irmão, em Barueri, ambos municípios da Grande São Paulo. Já a irmã reside em Nova Friburgo (RJ).

Amigos de Mateus disseram que ele estava sem máscara e não participou de nenhum ato de vandalismo. Porém, antes da agressão, é possível ver Mateus sem camisa perto dos policiais. Momentos depois, ele aparece com um capuz e parte do rosto encoberto, junto a um grupo de manifestantes mascarados (assista abaixo).

PM vai apurar

Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que "condena veementemente todo e qualquer tipo agressão, praticada por policias militares no exercício de sua função". Destaca ainda que não compactua com "atos que possam afrontar os princípios da ética, moral e legalidade".

A corporação destacou ainda que já foi determinada, de forma imediata, a abertura de um inquérito pela Corregedoria da PM com o intuito de "individualizar condutas e apurar responsabilidades".

Vídeo mostra Mateus com parte do rosto coberto durante protesto

Vídeo mostra Mateus com parte do rosto coberto durante protesto

Ainda no comunicado, a PM afirma que quatro policiais militares foram feridos durante o confronto e foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para serem submetidos a exames de corpo de delito.

Em um vídeo, é possível ver quando mascarados jogam bombas caseiras contra os policiais que atuavam na manifestação. Um militar, inclusive, é atingido por uma pedrada.

Também em nota, a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) informou que condena as agressões sofridas por Mateus e que atos como este "ferem a ética da corporação e das demais forças que compõem a Segurança Pública, cuja missão é proteger vidas e jamais atentar contra qualquer cidadão".

O comunicado destaca ainda que a "exigência de imobilização de eventuais manifestantes nunca justificará a transgressão de limites". Por fim, pontua que, se confirmado autoria, a SSPAP será "rigorosa na punição administrativa e no encaminhamento para a esfera judiciária".

Mateus cursa ciências sociais na UFG; família dele é de Osasco, SP — Foto: Reprodução/Facebook

Protesto

O protesto em Goiânia começou às 8h, em frente a Assembleia Legislativa de Goiás, no Setor Oeste. Às 10h10, os manifestantes começaram a caminhar em direção à Praça Cívica. De lá, seguiram para a Praça do Bandeirante, também no Centro. Segundo os organizadores, 30 mil pessoas participaram. Já a Polícia Militar não divulgou o número de manifestantes.

Participaram da manifestanção entidades como a Central Única de Trabalhadores (CUT), Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde), Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol), Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), entre outras.

De acordo com o presidente da CUT em Goiás, Mauro Rubem, diversos serviços públicos foram afetados durante a paralisação. "Bancos e escolas, inclusive particulares, estão fechados. Vários órgãos públicos também aderiram ao movimento, como o Ministério Público Estadual, Ministério da Saúde, Ministério do trabalho", afirmou ao G1.

Durante o confronto, algumas agências bancárias que ficam no cruzamento da Avenida Goiás com a Anhanguera tiveram vidros quebrados por mascarados. Além disso, comerciantes da região fecharam suas portas, por volta do meio-dia, com medo de invasões e depredações, e só reabriram após o fim do protesto.

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