Por Sílvio Túlio, G1 GO


Faixa na entrada de evento demonstra apoio ao capitão da PM que agrediu manifestante

Faixa na entrada de evento demonstra apoio ao capitão da PM que agrediu manifestante

A Associação dos Oficiais da Polícia e Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (Assof-GO) realizou nesta quinta-feira (4) um café da manhã em apoio ao capitão Augusto Sampaio, que agrediu o estudante Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, durante um protesto, em Goiânia. Durante o evento, o presidente do órgão, o tenente coronel Alessandri da Rocha Almeida, disse que não condena a atitude do colega e chamou os manifestantes envolvidos naquela situação de "terroristas".

De acordo com a Assof-GO, cerca de 150 pessoas compareceram à reunião, inclusive o próprio Sampaio, que não quis falar com a imprensa. Alessandri afirmou que o capitão terá todo apoio jurídico necessário e que ele será acompanhado em todos os procedimentos relacionados à investigação do caso.

Questionado sobre a atitude do policial durante o protesto, que ocorreu na última sexta-feira (28), Alessandri disse que não condena seu comportamento. No entanto, fez duras críticas ao comportamento dos manifestantes.

"Poderia ter sido evitado sim [a agressão], se nós tivéssemos uma manifestação pacífica, não tivéssemos vândalos ali manifestando. Eu vou além. Vândalos não, terroristas. Porque eles estão usando tática de guerrilha urbana para poder enfrentar a Polícia Militar. E nós temos que acordar para isso", opinou.

Tenente-coronel Alessandri apoia PM que agrediu manifestante — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O tenente-coronel contou que Sampaio está recebendo ameaças de morte e que a culpa pelo que ocorreu no protesto é da falta de equipamentos da corporação para atuar em situações de confronto.

"O capitão Sampaio tinha o uso de um cassetete e uma pistola na cintura. Ele fez o uso progressivo da força. O certo seria o estado nos dar condições de trabalhar. Para ir a uma situação daquela, tinha que estar equipado com escudo, equipamento químico, coisa que não tem. A PM não tem isso", justificou.

Em entrevista coletiva na terça-feira (2), o secretário de segurança pública de Goiás, Ricardo Balestreri, condenou a ação do capitão e prometeu oferecer treinamentos para os policiais, assim como comprar equipamentos mais modernos e armas não letais.

Mateus Ferreira foi ferido durante protesto em Goiânia — Foto: Reprodução/Facebook

Pneumonia

Mateus está internado desde a agressão no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). O boletim divulgado pela unidade da manhã desta quinta-feira (4) informa que o quadro dele é grave, mais estável. O estudante também está contraiu uma pneumonia e foi submetido a uma tomografia de tórax, cujo diagnóstico ainda não saiu.

Ainda na quarta-feira (3), o estudante foi transferido da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) comum para uma humanizada. A diferença é que, neste espaço, ele pode ficar mais tempo acompanhado da família, das 8h às 20h. Enquanto na UTI normal havia apenas 1 hora de visita.

Agressão

O estudante foi agredido durante protesto em Goiânia contra as reformas trabalhista e da previdência. Na ocasião, mascarados entraram em confronto com policiais militares, momento em que o estudante foi atingido e ficou caído no chão. O capitão saiu correndo. Já o rapaz recebeu os primeiros socorros de outros manifestantes.

Um vídeo mostra em detalhes o momento em que Mateus levou o golpe no rosto (veja abaixo). Fotos também registraram a agressão. O impacto foi tão grande que o cassetete quebrou com a pancada.

Novo vídeo mostra detalhes de agressão cometida por PM contra estudante, em Goiânia

Novo vídeo mostra detalhes de agressão cometida por PM contra estudante, em Goiânia

Sequência de fotos mostra que cassetete de PM quebrou durante agressão — Foto: Arquivo pessoal/Luiz da Luz

Por conta do episódio, Sampaio foi afastado do patrulhamento nas ruas e ficará exercendo apenas atividades administrativas enquanto o Inquérito Policial Militar (IPM) que investiga a conduta dele não é concluído.

Em nota, a corporação explicou que instaurou o procedimento na última sexta-feira “diante das imagens que circulam em redes sociais, quando da intervenção policial militar, que mostram a clara agressão sofrida” pelo estudante.

“Houve excesso, não há como fugir a esta situação, houve o excesso na ação praticada por esse policial militar e, em decorrência disso, o comando da instituição instaurou o inquérito policial militar que irá apurar as responsabilidade”, disse o comandante-geral da PM-GO, coronel Divino Alves, à TV Anhanguera.

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