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Por Felipe Zito e Marcelo Braga — São Paulo


Torcida brasileira entoa grito homofóbico no Morumbi e Galvão reprova atitude

Torcida brasileira entoa grito homofóbico no Morumbi e Galvão reprova atitude

A estreia do Brasil na Copa América ficou marcada não só pela vitória por 3 a 0 sobre a Bolívia. Na noite desta sexta-feira, no Morumbi, os torcedores entoaram gritos homofóbicos nos momentos de reposição de bola da Bolívia.

A atitude começou ainda no primeiro tempo, logo na primeira bola do goleiro Lampe. Em todos os lances envolvendo saídas de bola do time visitante, os gritos foram sucessivamente repetidos.

A CBF já foi multada pelo ocorrido em outras oportunidades. Ao longo das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, a federação teve que pagar 123 mil francos suíços (cerca de R$ 450 mil) por causa dos mesmos gritos durante cinco jogos da Seleção como mandante.

Ao ser alertado por Tino Marcos durante a transmissão da estreia do Brasil, na TV Globo, Galvão Bueno criticou a atitude dos torcedores e pediu mais respeito.

- O torcedor tinha que tomar consciência de que ele tem que seguir as questões de ética, de respeito e o regulamento estabelecido - afirmou o narrador.

Quando a reposição de bola era de Alisson, o gesto era diferente. A cada saída de bola do goleiro brasileiro, alguns puxavam o grito de "lindo".

Além dos gritos nos tiros de meta, a estreia também contou com vaias vindas da arquibancada do Morumbi. Ao fim do primeiro tempo, quando o placar ainda era de 0 a 0, o público de 47.260 torcedores presentes demonstrou de forma sonora com a atuação da equipe até aquele momento. Até um "fora, Tite" foi ouvido no setor mais próximo à tribuna dos jornalistas.

Torcedores vaiam a seleção ao fim do primeiro tempo

Torcedores vaiam a seleção ao fim do primeiro tempo

O descontentamento, porém, durou pouco. Logo no início do segundo tempo, Coutinho marcou dois gols e abriu caminho para a vitória do Brasil por 3 a 0. Ao fim da partida, o meia-atacante do Barcelona considerou normal a reação dos torcedores.

- Faz parte, a torcida quer que a gente ganhe e jogue bem, por isso a cobrança. Queremos sempre o apoio, mas estamos focados no jogo. Vaias ou aplausos... O importante é estar blindado, fazer bons jogos e classificar - disse Coutinho.

Philippe Coutinho comemora seu primeiro gol contra a Bolívia — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Até os gols, porém, só o VAR havia levantado o torcedor de seu assento muito bem pago – os ingressos para a abertura variaram entre R$ 190 e R$ 590.

Por duas vezes, o árbitro argentino Nestor Pitana parou o jogo para consultar o vídeo. Na primeira, deu cartão amarelo para Saucedo Pereyra por um braço que acertou Casemiro. Enquanto ele julgava se o lance valia vermelho, a primeira ola apareceu no estádio são-paulino.

Na segunda vez, assinalou o pênalti por toque de mão de Jusino Cerruto. Festa nas arquibancadas e gritos de "Coutinho", que correspondeu com o gol de pênalti. E logo depois, com outro de cabeça. A alegria se repetiu no gol de Everton, já mais perto do fim do jogo.

Nestor Pitana consulta o VAR: pênalti levou torcida ao delírio — Foto: Henry Romero/Reuters

Considerada a mais exigente do país, pelo histórico de rusgas com o time canarinho, a torcida paulista repetiu o padrão de várias outras pelo país com parte do Hino Nacional cantado à capela, gritos bem-humorados que já se tornaram parte da tradição (como o que "Messi não tem Copa, quem tem Copa é o Vampeta") e os gritos homofóbicos contra o goleiro boliviano Carlos Lampe.

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