Por France Presse


Greve pelo Clima: A ativista Greta Trunberg fala para manifestantes durante protesto em Estocolmo nesta sexta-feira (24). — Foto: Janerik Henriksson/TT News Agency via AP

Elas representam a nova face do alerta climático, em nome do qual os ecologistas (Verdes) conseguiram um grande avanço nas recentes eleições ao Parlamento Europeu: Greta, Luisa e outros jovens como elas encarnam uma geração em ascensão, que coloca o futuro do planeta no centro do debate político.

Seu forte ativismo nos meios de comunicação, nas ruas e nas redes sociais tem tido um inquestionável efeito mobilizador, afirmam analistas.

Aos 16 anos, a sueca Greta Thunberg deu rosto a um movimento que se tornou mundial, com centenas de milhares de jovens aglutinando-se em torno de seu nome em dezenas de países nas manifestações "Friday For Future" (Sextas-feiras pelo futuro).

Uma delas, Luisa Neubauer, uma estudante de 23 anos, foi apelidada de "a Greta alemã".

Luisa-Marie Neubauer, ativista alemã de proteção ao clima, em palestra na Alemanha — Foto: Ot/Wikimedia

As duas ativistas se encontraram em pelo menos duas ocasiões, em dezembro passado na Polônia, durante a COP24, e em março passado na Alemanha, onde se manifestaram juntas.

As redes sociais têm um papel decisivo na mobilização dos jovens, sobretudo na convocação de manifestações de rua.

De maria-chiquinha e olhar desafiador, Greta inspirou outras jovens e mulheres, caso das estudantes Anuna De Wever, de 17 anos, e Kyra Gantois, de 20, na Bélgica, ou de Leah Namugerwa, de 14, em Uganda, que se destacaram nas trincheiras do ativismo ecologista recentemente.

Anuna e Kyra já publicaram inclusive um ensaio, intitulado "Somos o clima. Carta para todos".

Nas recentes eleições ao Parlamento Europeu, os Verdes conseguiram uma forte projeção, apoiada sobretudo nos ecologistas alemães (20,5%), franceses (13,47%) e britânicos (12,1%).

As eleições "demonstram que nós não colocamos a crise ecológica apenas na agenda de rua, mas também nas urnas", escreveu Neubauer no Twitter.

"Efeito Greta"

Para o jornal sueco Dagens Nyheter, de tendência liberal, "sopra um vento ecologista em toda a Europa", em parte devido ao "efeito Greta".

"Mas ninguém é profeta em sua própria terra", acrescentou o periódico na ressaca das eleições europeias, visto que na Suécia, os ecologistas recuaram com relação a 2014, perdendo dois dos quatro assentos que tinham no Parlamento europeu.

Manifestantes seguram cartazes com frases em prol do meio ambiente em protesto na Inglaterra — Foto: Kirsty Wigglesworth/AP

Um resultado que, no entanto, mascara uma dinâmica real: com 11,4%, multiplicaram por 2,6 seu resultado nas legislativas de setembro de 2018, antes do fenômeno Greta.

Entre as mulheres, os Verdes suecos tiveram 15% dos votos, segundo pesquisas de boca de urna feitas pela TV pública sueca.

Algo que também explica porque são sobretudo Greta e Luisa que produzem o "zumbido verde". Elas confirmam "a diferença observada entre o voto das mulheres jovens, que foi para os partidos liberais, e o dos homens mais velhos, que representam sobretudo o eleitorado dos partidos de direita e de direita populista", explicou à AFP a cientista política Sofie Blombäck.

Greve pelo Clima na Itália: manifestantes fazem protesto contra a mudança climática próximos a monumento em Roma — Foto: Maurizio Brambatti/ANSA via A

A ameaça para estas formações políticas parece ser tal que Greta, que tem síndrome de Asperger - um transtorno do espectro autista - foi, durante a campanha para as eleições europeias, alvo de ataques virulentos de parte da extrema direita cética do aquecimento global.

Na França e na Alemanha, em particular, ativistas desta tendência destacaram sua condição para desacreditar seu discurso, acusando-a de ter sido usada por "ecofascistas", segundo um relatório do Instituto para o Diálogo Estratégico (ISD), de Londres.

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