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Por Guido Nunes, Ivan Raupp e Marcel Lins — Jaraguá do Sul-SC e Rio de Janeiro


Filipe Luís cumpre a promessa ao avô Ivo e realiza o sonho de jogar no Flamengo

Filipe Luís cumpre a promessa ao avô Ivo e realiza o sonho de jogar no Flamengo

Filipe Luís realizou os sonhos de qualquer menino brasileiro. Teve uma carreira de sucesso na Europa, disputou uma Copa do Mundo, conquistou um título com a Seleção (a Copa América de 2019)... Mas faltava alguma coisa.

Quando se deparou com o interesse do Flamengo em repatriá-lo, o lateral-esquerdo viu a chance de cumprir uma meta daquele garoto magrinho de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. Um sonho que estava guardado. Jamais adormecido.

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Filipe Luis, sorridente, com a camisa do Flamengo. Na infância em Santa Catarina a paixão pelo clube começou — Foto: Arquivo Pessoal

Agora, aos 34 anos, Filipe Luís veste a camisa rubro-negra. Mas isso ainda não é o suficiente. Ele tem uma missão.

- Eu não quero ser mais um na história do Flamengo. Quando entrei no Ninho do Urubu e vi as fotos... O que mais gostaria é de ter uma foto lá, dizendo "esse cara participou desse grupo que foi campeão". Ser campeão com o Flamengo não é a mesma coisa que ser campeão com outra equipe. Que os torcedores lembrem daqui a 15, 20 anos, "aquele time campeão de 2019, o lateral era o Filipe", isso aí é o meu maior sonho. Ser campeão com o Flamengo seria o ápice a minha carreira, seria a cereja do bolo - disse, em entrevista exclusiva ao Esporte Espetacular.

Filipe Luís conta que se voltasse mais tarde poderia não render tão bem como queria no clube do coração — Foto: Ronaldo Gonçalo

As origens de Filipe Luís explicam bem essa paixão. Ele é um autêntico rubro-negro de "carteirinha".

- Quando eu era bem novo, uns 7 ou 8 anos, meu tio Pedro me deu uma carteira do Flamengo. Meu pai, que é santista, nunca me obrigou a ver um jogo do Santos. Meu tio, e normalmente flamenguista é fanático assim, começou a falar do Flamengo e comecei a gostar das cores, do símbolo, a ter cada vez mais carinho. Lembro que o Flamengo ia jogar na Libertadores, pegava os times argentinos e eu sofria. Depois o Flamengo foi campeão carioca, fui acompanhando todo esse momento e passei a ter mais essa paixão.

Além da antiga carteira, Filipe Luís tem outras histórias curiosas que sempre o conectaram ao Flamengo. Nossa equipe foi até Jaraguá do Sul para poder contá-las nesta reportagem.

Em Fortaleza, Filipe Luís tirou fotos com torcedores na entrada do hotel. Neste domingo, o Flamengo enfrenta o Ceará, às 19h — Foto: Fred Huber

Assista ao vídeo no topo da página. Está imperdível!

Filipe também nos recebeu em sua nova casa no Rio de Janeiro para uma entrevista e, além de relembrar todas as histórias, falou mais sobre a decisão de aceitar a proposta do Flamengo e o momento que está vivendo.

Veja a seguir alguns trechos da entrevista:

DINHEIRO X DESAFIO

- A decisão que tomei foi baseada nisso, em continuar tendo desafio no futebol, em sentir essa pressão. Poderia estar tranquilamente agora na Europa, sem pressão alguma. Nunca fui atrás do dinheiro, sempre fui atrás do desafio, e o desafio é esse.

FATOR DIEGO

- Eu e Diego temos uma amizade muito forte (eles jogaram juntos no Atlético de Madrid). Nossas esposas são muito amigas também. Então, não só pelo Flamengo, mas semana a semana nós íamos conversando. Quando ele veio para o Flamengo, me contava tudo. Quando começou a ideia de eu vir para o Flamengo a primeira coisa foi "me conta". E ele falou tudo. Importante também que o Diego nunca falou "vem", pois ele sabe que o Renê é um grande lateral, que a decisão é pessoal, que eu que tinha que tomar a decisão e que ele não deveria influenciar nisso. Mas sempre falando "tomara que tu venha". E acabou que ele foi uma peça importante para eu estar aqui, pois, tendo um amigo como ele, tudo fica mais fácil.

Filipe Luís e o amigo Diego: anos depois do Atlético de Madrid, voltam a jogar juntos, agora no Flamengo — Foto: Divulgação

De cabeça erguida, Filipe Luís enfrenta o Vasco, antigo rival da infância de torcedor — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

"AJUDAR O MEU FLAMENGO"

- O Flamengo veio atrás de mim com força. A minha esposa me falou: "Você vai para um lugar onde realmente te querem, estão demonstrando que te querem". E aí comecei a pensar, conversando com o presidente do Flamengo. Ele falou lá na Copa América: "Aqui a gente teve, cada um, que dar um pouquinho da sua parte para ajudar o clube". Pensei: é o momento de eu ajudar o meu Flamengo, por que (se não for agora) quando vou voltar? Com 37, 38 anos? Já não vou poder mais correr bem. Então, senti que era o momento para poder ajudar o meu Flamengo.

JOGANDO POR AMOR

- Dentro de mim está falando: "Você está jogando por amor", entendeu? E isso é uma coisa que não tinha sentido no futebol. Estou indo treinar num lugar que não conhecia, com companheiros que não conhecia, alguns até conhecia, mas estou indo lá solto, livre de qualquer tipo de pressão. Não tenho que demonstrar nada para ninguém, tenho que ir lá e ajudar o Flamengo. Esse é meu pensamento, mais nada.

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