• Por Maria Silvia Ferraz
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Atualizado em
  (Foto: Evelyn Müller)

(Foto: Evelyn Müller)

Toques femininos para uma solteira convicta em 40 m²
Um ano de estudos na cidade de Florença, na Itália, e a publicitária Flavia Baptistini retornou ao Brasil se sentindo outra pessoa. Ficou um tempo na casa dos pais antes de retomar a vida profissional na capital. Não passava pela sua cabeça morar em um apartamento pequeno de 40 m², na Vila Nova Conceição, que alugava na época da faculdade. “Era apertado e seria como se eu estivesse voltando para trás”, recorda. Em 2009, quando viu que o imóvel estava à venda, tomou a resolução: “Só mudo se transformá-lo totalmente”. A promessa foi cumprida após a reforma radical feita pelas arquitetas Débora Racy e Nicole Sztokfisz, do escritório Arquitetura Paralela. “A primeira providência foi construir a cozinha integrada com a sala, o que deixou o espaço amplo e claro”, afirma Débora. Ficou mais iluminado ainda com o amarelo vibrante escolhido para a pintura das paredes da cozinha. O fogão antigo estava abandonado nos fundos da casa de uma tia dela, mas em perfeito estado. “Era da cozinha de visitas e usado apenas para fazer o café e os bolinhos de chuva, que eu adorava”, recorda Flavia. Para favorecer a circulação, ela não quis muitos móveis. Em todos os cômodos, a marcenaria, feita sob medida, aproveitou bem os espaços e acompanhou os cantos arredondados das paredes, originais do prédio. Até o sofá, de 3 m de largura, se encaixa na curva da sala. De linho rosa antigo, é a peça mais feminina. “Quis nessa cor para não ficar apagado no meio das paredes brancas e do piso cinza”, comenta a moradora.

  (Foto: Evelyn Müller)

(Foto: Evelyn Müller)


  (Foto: Marcelo Magnani)

(Foto: Marcelo Magnani)

Aconchego masculino em 45 m²
Marco Antonio Medeiros até deu uns toques na arquitetura de interiores do apartamento de 45 m², em Florianópolis, pertencente a um amigo. “Mas jamais imaginei que iria acabar morando aqui”, conta o arquiteto catarinense. Foi assim: o proprietário se mudou para outro apê na mesma época em que Marco resolveu se mudar para o pequeno imóvel alugado. “Como tudo estava novinho, praticamente só refizemos essa decoração de apartamento, antes à base de marrom”, conta o profissional. Hoje, prevalecem os tons neutros. Paredes brancas e toques de azul exalam um espírito navy, propício a quem mora à beira-mar. Nem foi preciso recorrer muito à marcenaria sob medida, trunfo comum para fazer caber tudo de que se precisa em áreas pequenas. A exceção foram os armários da cozinha americana, pouco usada porque os dois comem fora praticamente todos os dias. O grande barato é o living, que dispensa sala de jantar, onde gostam de receber amigos. Há inclusive objetos de decoração ganhados de alguns deles, como a mesa de centro e a mesa-bar que fica perto da entrada. Mas e o sofá, que forma um grande “L” e parece ter sido projetado especialmente para o local? “Veio de uma antiga loja e coube direitinho”, conta Marco, que destaca ainda a base com portinholas retráteis do móvel, onde se podem guardar calçados. Ele também pode virar duas camas de solteiro para abrigar visitantes.

  (Foto: Marcelo Magnani)

(Foto: Marcelo Magnani)

  (Foto: Salvador Cordaro)

(Foto: Salvador Cordaro)

Boas sacadas para uma mulher que adora moda em 43 m²
Em um cálculo aproximado, a gerente de publicidade Sandra Maciel deve ter perdido 14.400 horas de sua vida – ou 600 dias – no trânsito. Sandra morava na Vila Mariana e trabalha no Jaguaré, em São Paulo. Apesar de ter tamanho razoável, o apartamento de 75 m² onde ela vivia sozinha havia se tornado inviável. Pois, numa sexta-feira à noite, durante uma festa na casa de um conhecido, Sandra se apaixonou perdidamente: por um loft de 43 m², no bairro do Itaim. “No dia seguinte, voltei lá e comprei”, diz. Ao receber a informação do tamanho, o designer de interiores Rogério Castro quase caiu para trás. Amigo de Sandra de longa data, foi ele, ao lado da arquiteta Fabíola Fera, o encarregado de criar soluções que atendessem uma executiva com vida social agitada e dona de 100 pares de sapato. “Sabe o que eu falei para ela? ‘Não vai dar’”, conta Rogério. Mas deu. Graças a duas providências. A primeira: antes de se mudar para o loft, a proprietária desfez-se de quase tudo. Móveis, eletrodomésticos, roupas, sapatos – ficou com 50 pares. A segunda: a criação de um apuradíssimo projeto de marcenaria. “Em espaços assim, os móveis prontos não funcionam”, diz Rogério. Na decoração de quarto o guarda-roupas com portas de correr é muitíssimo menor do que o closet do outro apartamento, mas adequado à nova fase da moradora. “Viver aqui fez com que eu mudasse até meu estilo de vestir. Só compro o que realmente amo”, diz Sandra. Há algumas semanas, comemorou seus 39 anos na companhia dos amigos. Em casa, obviamente. “O pessoal se espalha, senta nos degraus da escada e dá tudo certo”, afirma. Vez por outra, ainda há espaço para hospedar a mãe, que dorme no sofá-cama da sala.

  (Foto: Salvador Cordaro)

(Foto: Salvador Cordaro)