Política

Vice de Pedro Paulo, Cidinha Campos minimiza acusações de agressão à ex-mulher

PMDB queria mulher na chapa para atenuar acusação contra candidato de Paes
PDT oficializa apoio a Pedro Paulo e anuncia Cidinha Campos como vice Foto: Divulgação
PDT oficializa apoio a Pedro Paulo e anuncia Cidinha Campos como vice Foto: Divulgação

RIO — A deputada estadual Cidinha Campos (PDT) voltou atrás e aceitou ser vice do candidato do PMDB à Prefeitura do Rio, deputado federal Pedro Paulo. Ela havia alegado problemas de saúde para não integrar a chapa. O nome foi oficializado em convenção do PDT na noite desta segunda-feira. Com o papel de tentar atenuar o desgaste do peemedebista com a acusação de que agrediu sua ex-mulher Alexandra Marcondes, Cidinha relativizou a gravidade de casos de violência doméstica. Também afirmou que essa é uma discussão menor para o movimento feminista.

— O movimento feminista tem que cuidar para que mulheres tenham o mesmo salário que os homens. Esse é um caso resolvido (a acusação de agressão por parte de Pedro Paulo). Eu sou contra a violência doméstica, mas quando é com pessoas desvalidas, que não têm como se socorrer, que não têm como se amparar. Ela (Alexandra) está bem, está feliz, ela está muito mais rica do que quando estava com ele. O marido dela parece que é muito mais rico do que o Pedro Paulo — afirmou a deputada, em entrevista após a convenção.

Cidinha também minimizou divergências entre o laudo do Instituto Médico-Legal feito na época da suposta agressão, em fevereiro de 2010, segundo o qual Alexandra quebrou um dente, e um outro, feito por perito contratado pela defesa de Pedro Paulo. Esse último afirma que o candidato estava apenas se defendendo da ex-mulher. O caso é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal.

— A população nunca pergunta pelo laudo, ninguém quer saber do laudo. A Justiça vai querer saber do laudo. O que é importante saber é que a mulher disse que não apanhou, ele disse que não bateu, e ele está sendo crucificado. Quando você se separa, o pau come, a vingança é o caminho mais curto. Ela vai dizer que o laudo não é verdade, vai dizer: eu me bati nesse lugar — afirmou a deputada.

Interrogada pela Polícia Federal em abril, Alexandra mudou a versão apresentada em 2010. Segundo ela, Pedro Paulo apenas tentava se defender de suas investidas. Ela explicou que registrou a ocorrência na época porque a separação foi traumática e “estava muito transtornada”. Esclareceu ainda que “não possui qualquer interesse” na continuidade do inquérito.

Segundo Cidinha, ela havia recusado o convite por estar com diverticulite. Outra opção de Pedro Paulo, a deputada estadual Martha Rocha (PDT) também não aceitou compor a chapa.

Diante das negativas, o PMDB passou a articular para ter o ex-jogador de futebol Bebeto, atual deputado estadual pelo PDT, como vice. Seu nome, no entanto, não foi aceito pelo PDT, já que ele chegou a trocar o partido pelo Solidariedade, onde ficou pouco mais de dois anos.

Os trabalhistas indicaram então o nome da professora Maria Amelia Reis, ex-auxiliar de Darcy Ribeiro no programa dos Cieps. A opção não agradou o PMDB, porque ela nunca disputou uma eleição.

Diante do impasse, o nome de Cidinha Campos voltou à mesa de negociações, horas antes da convenção municipal para sacramentar o vice. Ela foi pressionada pelo partido a aceitar.

— Eu devo mais essa a ela, vai me cobrar uma fatura cara. Fiz um apelo patético a ela, que estava com problema de saúde — disse o presidente do PDT, Carlos Lupi.

Radialista, Cidinha, que também foi atriz, repórter e apresentadora, está em seu quarto mandato na Assembleia Legislativa do Rio. Ela foi secretária Defesa do Consumidor do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e deputada federal por dois mandatos.

Pedro Paulo negou que Cidinha tenha sido escolhida devido à polêmica envolvendo sua ex-mulher:

— A Cidinha é muito maior do que isso, seria uma deselegância reduzir seu tamanho político.