Neymar é o cara. Não há dúvidas de que se trata do maior nome
do futebol olímpico em 2016. Num torneio esvaziado de astros, o brasileiro centraliza
atenções de torcedores, jornalistas, adversários e até companheiros, como o
volante Thiago Maia, que admitiu, na última segunda-feira, ainda ter tremedeira
nas pernas quando fica perto do atacante.
Só que no aguardado ataque formado por ele, Gabriel Jesus e
Gabriel, os números muito semelhantes deste ano colocam os três no mesmo
patamar. O palmeirense, inclusive, tem média de gols superior à de Neymar, que
teve na temporada 2014/15 a sua melhor até aqui, mas não conseguiu repetir o
desempenho no último ciclo.
Jesus, na mira de clubes milionários como os dois de
Manchester – United e City –, fez 19 gols em 33 partidas em 2016, média de
0,57. Gabriel disputou o mesmo número de jogos por Santos e seleção brasileira,
e marcou 14 vezes, média de 0,42.
Entre os dois garotos de 19 anos está Neymar. Um dos três
convocados acima do limite de 23 anos, o atacante de 24 participou de 31 jogos
em 2016. Fez 15 gols, média de 0,48.
É quase um empate técnico entre os prováveis titulares de
Rogério Micale para o amistoso do próximo sábado, em Goiania, contra o Japão. E
talvez justifique o fato do gremista Luan, com 10 gols em 35 jogos (média de
0,28) começar no banco de reservas. Vale lembrar que em todos os treinos desde
o início da preparação, o técnico da seleção olímpica utilizou, por alguns
minutos, os quatro atacantes juntos.
Se Neymar está no mesmo patamar numérico dos companheiros da
missão do ouro olímpico, no Barcelona a realidade foi bastante diferente. Lionel
Messi e Luis Suárez têm estatísticas que beiram o absurdo. Em 2016, o argentino
tem média de 0,85 (34 gols em 40 jogos), enquanto o uruguaio estraçalha
previsões possíveis com mais de um gol por partida (33 em 31).
É evidente que há diferenças entre os gols de Neymar e dos
xarás olímpicos. Enquanto Jesus e Gabigol disputaram o Paulistão durante quatro
dos sete meses que se foram no ano, o craque do Barça teve rivais mais difíceis
na Liga dos Campeões e no Espanhol. Por outro lado, teve o privilégio de atuar
no ataque mais poderoso do mundo, que goleou impiedosamente nanicos da liga
local – Suárez conseguiu três vezes a façanha de marcar quatro gols num jogo.
A Olimpíada – competição que não conta gols e jogos pela
seleção principal do Brasil – pode fazer com que todo o trio aumente suas
médias. A equipe de Micale é treinada para atacar, roubar a bola no campo
ofensivo, finalizar, envolver. Se vai dar certo, será possível saber a partir
do dia 30, e depois nos jogos contra África do Sul, Iraque e Dinamarca, nos
dias 4, 7 e 10 de agosto, já pela fase inicial do torneio.
Neymar deverá jogar pela esquerda, setor de sua
preferência, com Gabriel na direita, assim como faz no Santos, e Jesus mais
centralizado. Só que a comissão técnica estimula movimentação constante, troca
de posições, tabelas. Micale diz que o jogo é um “organismo vivo”. Boa notícia
para uma seleção que esbanja vontade de viver.