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O Nobel e Pitanguy

Ivo Pitanguy, entre a literatura e a medicina

Ivo Pitanguy em Belo Horizonte

Ivo Pitanguy quase foi escritor profissional. Fez o curso primário no Grupo Escolar Affonso Pena, em Belo Horizonte, ao lado de Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Hélio Pellegrino e Otto Lara Rezende. Nunca foi o primeiro da turma mas influenciado pelos colegas, dedicava grande parte de seu tempo aos  aos livros e à convivência com escritores. Nadou no Minas Tênis Clube, e ganhou alguns torneios, como o contemporâneo Sabino.

Mas a vida deste quase escritor deu uma guinada. No segundo ano de Medicina, na UFMG, entrou para o CPOR, interrompendo a Faculdade. Para continuar, teve que mudar-se para o Rio de Janeiro, onde passou o resto de sua vida, assim como todos da sua geração - Pedro Nava, Carlos Drummond de Andrade, Wilson Figueiredo, Sábato Magaldi e os quatro cavaleiros de um íntimo apocalipse - Fernando, Paulo, Hélio e Otto. O Rio de Janeiro era o caminho natural. Otto brincava que mineiro não perguntava se ia mudar-se para o Rio - perguntava quando. 

Pois este quase escritor formou-se em Medicina, rodou o mundo, tornou-se uma celebridade planetária em sua especialidade, a cirurgia plástica, e continuou, até hoje a clinicar, para pobres e ricos. Não há como resumir noventa anos em algumas linhas. Por isso corram às boas casas do ramo para comprar "Viver Vale a Pena", a autobiografia de Ivo Hélcio Jardim de Campos Pitanguy, nascido em Belo Horizonte no dia cinco de julho de 1926. Um exemplo, uma referência, um orgulho brasileiro. Afinal, um País que tem Ivo Pitanguy não precisa se ressentir por não ter um Nobel de Medicina. Que poderia ser, quem sabe, se a poesia desta vida fosse outra, um Nobel de Literatura. 

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