Vamos salvar o mundo e sermos mais tolerantes. A partir das 20h desta sexta-feira, uma audiência estimada em 3 bilhões de pessoas assistirá no Maracanã uma cerimônia de abertura olímpica que espelha a sociedade. Em vez de apenas celebrar o Rio e o Brasil, alertas ao mundo serão dados. Dentre o que já foi divulgado e o que vazou do ensaio de domingo passado, é possível ter uma ideia do que será visto ao vivo por 50 mil par de olhos. Principal cotado para acender a pira olímpica, momento ápice, Pelé foi liberado para participar da festa após resolver pendências comerciais.
Tirando o cerimonial - discursos, hasteamento da bandeira olímpica e desfile das delegações - o roteiro é dividido em três pilares. O primeiro trata do início do mundo e coloca o Brasil como jardim natural do mundo. O segundo ato versa sobre o país de maior diversidade racial do mundo. E o terceiro, sobre o calor humano do povo brasileiro.
- A mensagem que deve ficar é a importância da tolerância. O mundo está muito tenso. O Brasil está assim também. Também estamos propondo ao mundo parar de agredir a nossa casa. Por questões climáticas o mundo está ameaçado. Pisamos fundo nessa tecla. É quase um chamado para ação - disse Fernando Meirelles, nesta quinta-feira.
O diretor de Cidade de Deus aproveitou para dizer que a polêmica cena do assalto a Gisele Bundchen, ensaiada no domingo passado, não faria parte da cerimônia - segundo ele tratava-se de uma pegadinha. Meirelles é uma dos três cabeças pensantes da cerimônia de abertura, ao lado da cenógrafa Daniela Thomas e de outro diretor de cinema, Andrucha Waddington. Com as limitações de espaço do Maracanã foi preciso recorrer a gambiarras, como eles disseram. O trio fez alusão à imagem de McGiver, personagem de um seriado dos anos 1980 que sempre se safava de encrencas com soluções inusitadas e baratas. Depois de uma reforma de R$ 1,2 bilhão para a Copa do Mundo, evitou-se fazer mais outra para alargar os túneis de acesso. Por isso, as alegorias maiores foram montadas dentro do gramado e sairão de trás do palco. A cobertura também não suporta um peso excessivo, o que também limitou as ideias.
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Os cortes no orçamento também influenciaram, mudando o roteiro quatro vezes. Quem banca a festa é o Comitê Rio 2016, que usa dinheiro privado. Recorreu-se ao mercado popular do Saara no Centro do Rio para o fornecimento de 50 mil metros de tecido de 5 mil figurinos. No lugar de grandes aparatos tecnológicos, projeções.
- O espírito da gambiarra é importante no Brasil, o "McGaiverismo". Não temos como fazer, mas faremos. Temos que encantar durante três horas. É difícil, mas a parte artística é para deixar as pessoas emocionadas. Uma série de sensações que façam com que elas se questionem sobre maltratar a cidades, os vizinhos. Tudo embalado pela emoção. Ninguém quer apontar dedo. Talvez a gente tenha sido pretensioso para mandar uma mensagem para 3 bilhões de pessoas. Mas não podíamos perder essa chance - disse Daniela, que teme comparações com festas dos Jogos anteriores.
- Ter as cerimônias de Pequim e Londres antes da gente dá medo.
Para aumentar o interesse no desfile de 206 delegações e 10 mil atletas haverá atrações apoiadas no método da gambiarra. No fim, cada um deles vai depositar uma semente em uma muda. Elas vão compor no Parque Radical de Deodoro a Floresta dos Atletas.
Sobre quem vai acender a pira, os diretores juraram não saber quem será. Em relação a uma possível vaia ao presidente interino Michel Temer, nenhuma solução sonora será feito para abafar qualquer manifestação do público, de acordo com o trio.