• Texto Bruna Menegueço | Produção Tiago Cappi
Atualizado em
Jardim | A casa da praia fica a 30 m da areia. O jardim abriga coqueiros e plantas que Angela trouxe de vários cantos do país. A telha de barro que cobre a casa foi feita em forma rústica e é uma produção local (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Jardim | A casa da praia fica a 30 m da areia. O jardim abriga coqueiros e plantas que Angela trouxe de vários cantos do país. A telha de barro que cobre a casa foi feita em forma rústica e é uma produção local (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

“- Alô, Angela? Você ainda sonha em escovar os dentes olhando para o mar todas as manhãs?
- Claro que sim. Por quê?
- Porque tem um terreno à venda no litoral da Bahia que pode ser a sua realização.”

Era 1979. A proposta parecia ótima, mas o amigo da psicóloga paulista Angela, 70 anos, não sabia a medida nem a localização exata. O único documento que ele tinha em mãos era uma folha de caderno com um compromisso de compra e venda. Os advogados de Angela foram categóricos: não compre.

Inconformada, ela decidiu arriscar. Assim que os advogados saíram, ela e o amigo redigiram um contrato e assinaram. O negócio estava fechado, mesmo sem saber se o lugar existia.

A confirmação só veio após cinco anos, quando a psicóloga decidiu ir até o lugar. O acesso era difícil, porque não havia estrada e o mar era bravo. Ou seja, a única saída era ir a pé. E foi o que ela fez. Caminhou durante quatro horas pela praia na companhia do irmão, segurando apenas um mapa com a localização próxima. Durante a jornada, encontraram uma vila de pescadores e comeram sardinha com bolacha de água e sal. Quando tudo parecia loucura e Angela quis desistir, ela olhou o mar. “Foi a visão mais linda que eu tive na minha vida”, conta, emocionada. Seu irmão, que segurava o mapa nas mãos, disse: “Angela, você está pisando na terra que comprou. Chegamos”.

+ SALAS DE JANTAR RÚSTICAS
+ CASA DE CAMPO TEM PISCINA E JARDIM EXUBERANTE DE 5.500 M²

No terreno, havia apenas os escombros de uma pequena casa. Justamente essa que estampa as páginas da revista. A transformação começou, enfim, em 1988, quando Angela terminou o casamento. “Troquei o ex-marido por um amante de olhos verdes, o mar da Bahia, e comecei a construir a casa dos meus sonhos”, diz.

Quando a casa grande ficou pronta,em1992, ela resolveu renovar e ampliar os escombros da casinha que já estava lá quando comprou o terreno. Todas as mudanças foram feitas respeitando a estrutura de madeira cumaru e os materiais originais. Angela criou um quarto e um banheiro com vista para o mar, sala, cozinha e um deque ao redor de toda a casa. A decoração foi construída aos poucos com objetos das viagens que fez pelo país e pelo mundo e com o trabalho dos artesãos locais.

Atualmente, a fazenda Espelho da Maravilha é composta por cinco casas. A psicóloga construiu uma para cada um dos três filhos, além do casarão e da casinha de praia, como é carinhosamente chamada pela família. É lá que os amigos se hospedam e a família se reúne para jogar conversa fora. Justamente o que Angela sempre sonhou.

+ VARANDA RÚSTICA NA CASA DE PRAIA
+ COZINHA RÚSTICA

Portão | De madeira, a peça foi produzida por Seu Araão, o primeiro pescador que habitou as redondezas (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Portão | De madeira, a peça foi produzida por Seu Araão, o primeiro pescador que habitou as redondezas (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Deque | De madeira cumaru, ele contorna a casa. Na rede, da fábrica Santa Luzia, comprada em Fortaleza, a família pode olhar o mar (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Deque | De madeira cumaru, ele contorna a casa. Na rede, da fábrica Santa Luzia, comprada em Fortaleza, a família pode olhar o mar (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Varanda | O sofá, desenhado por Angela, foi feito em Fortaleza, em um povoado de pescadores. Os estofados foramrevestidos com tecidos da extinta AGain. As mesas de centro de madeira foramfeitas por artesãos de Itaporanga, próximo a Porto Seguro (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Varanda | O sofá, desenhado por Angela, foi feito em Fortaleza, em um povoado de pescadores. Os estofados foramrevestidos com tecidos da extinta AGain. As mesas de centro de madeira foramfeitas por artesãos de Itaporanga, próximo a Porto Seguro (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Copa | O São Francisco de madeira, comprado no norte da Bahia, dá as boasvindas aos hóspedes. A mesa é acervo da família. A cadeira, desenhada pelo arquiteto Ricardo Salém, foi um presente para Angela. As obras do artista plástico Ivald Granato colorem o  (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Copa | O São Francisco de madeira, comprado no norte da Bahia, dá as boasvindas aos hóspedes. A mesa é acervo da família. A cadeira, desenhada pelo arquiteto Ricardo Salém, foi um presente para Angela. As obras do artista plástico Ivald Granato colorem o ambiente. Pendente de cipó e fruteira de madeira, feitos pelos indígenas pataxós que vivem em Porto Seguro (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Detalhe | A cadeirinha de madeira foi comprada em um antiquário de Trancoso há muitos anos. De madeira, o cabideiro de peixes foi feito pelo artesão Cleri, também da região (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Detalhe | A cadeirinha de madeira foi comprada em um antiquário de Trancoso há muitos anos. De madeira, o cabideiro de peixes foi feito pelo artesão Cleri, também da região (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Cozinha | O tecido da extinta AGain foi transformado em cortina pela costureira Miralva, de Trancoso, e fecha o armário de alvenaria da cozinha. Quadro comprado durante uma viagem ao México (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Cozinha | O tecido da extinta AGain foi transformado em cortina pela costureira Miralva, de Trancoso, e fecha o armário de alvenaria da cozinha. Quadro comprado durante uma viagem ao México (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Sala de jantar | Opiso de cimento queimado estáemtoda a casa.Mesa de jantar com marchetaria feita pelo marceneiro João Calazans Filho. As cadeiras Angela foraminspiradasemummodelo dos anos 1950 do pai da psicóloga, e executadas por Ricardo Salém (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Sala de jantar | Opiso de cimento queimado estáemtoda a casa.Mesa de jantar com marchetaria feita pelo marceneiro João Calazans Filho. As cadeiras Angela foraminspiradasemummodelo dos anos 1950 do pai da psicóloga, e executadas por Ricardo Salém. Pendente de cerâmica da Calazans Cerâmica (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Sala de estar | Angela recuperou os estrados de cama, feitos pelo artesão João Calazans, que viraram sofás. Dessa forma, é fácil acomodar mais pessoas. Luminária feita sob medida pelos indígenas pataxós da região (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Sala de estar | Angela recuperou os estrados de cama, feitos pelo artesão João Calazans, que viraram sofás. Dessa forma, é fácil acomodar mais pessoas. Luminária feita sob medida pelos indígenas pataxós da região (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Quarto | A cama de madeira foi feita pelo artesão local Dati. Colcha pintada à mão pela artesã Silvinha Calazans. O abajur branco é do acervo da família. O mosquiteiro de tule de algodão foi feito pela costureira Miralva, em Trancoso (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Quarto | A cama de madeira foi feita pelo artesão local Dati. Colcha pintada à mão pela artesã Silvinha Calazans. O abajur branco é do acervo da família. O mosquiteiro de tule de algodão foi feito pela costureira Miralva, em Trancoso (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Banheiro | Em vez de armários, apenas prateleiras de cumaru compõem a área. O pendente de bambu foi feito pelos indígenas pataxós e o cabideiro em formato de peixe pelo artesão João Luz Calazans (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Banheiro | Em vez de armários, apenas prateleiras de cumaru compõem a área. O pendente de bambu foi feito pelos indígenas pataxós e o cabideiro em formato de peixe pelo artesão João Luz Calazans (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Armário | Alémde pendurar roupas, é neste espaço que os hóspedes se trocam. A banqueta azul de madeira também faz parte do acervo da família há tempos (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

Armário | Alémde pendurar roupas, é neste espaço que os hóspedes se trocam. A banqueta azul de madeira também faz parte do acervo da família há tempos (Foto: Evelyn Müller/Editora Globo)

.