Considerada a melhor empresa multinacional média para trabalhar no país pelo Prêmio GPTW, concedido na noite de segunda-feira (15), o Google Brasil tem investido no incentivo à inovação de empreendimentos nacionais. Dois meses depois de inaugurar o Google Campus, espaço destinado a startups e a empreendedores que estão na fase inicial de seus negócios, o diretor-geral, Fabio Coelho, afirma que é importante ver o empreendedor brasileiro pela ótica da colaboração. Segundo ele, é preciso dar apoio aos negócios daqui, que nascem como soluções criativas, mas carentes da estrutura necessária para vingar no mercado. É aí que entra a função das aceleradoras, que têm desenvolvido um papel de destaque ao dar mentoria aos empresários depois da fase inicial de concepção de seus projetos. Em entrevista a ÉPOCA, ele também fala sobre o desafio de contratar mulheres na engenharia e sobre a qualidade necessária para ser um funcionário do Google.
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ÉPOCA – Aceleradoras são a saída para elevar a régua da inovação no Brasil?
Fabio Coelho – Sem dúvida. A internet democratiza o acesso e a oportunidade, mas alguém precisa ajudar os empreendedores [e não é necessariamente uma missão com fim lucrativo]. É bom para a sociedade termos empreendedores competentes. No caso do Campus, não é uma proposta para servir ao Google, mas à sociedade. O que fica claro é que a economia digital pode ser poderosa em causar rupturas quando você observa a possibilidade de maior eficiência, transparência e colaboração. Soluções de grandes problemas podem nascer no fundo do quintal de alguém, ideias como o 99Taxis e o Waze nascem em qualquer lugar. É preciso gente criativa, nós temos. É preciso problemas, temos. Mas também é preciso estrutura para ajudar o empreendedor e ensiná-lo a percorrer o caminho das pedras. Gilberto Kassab, ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, esteve no Campus e presenciou o trabalho que fazemos e como ele pode ajudar o Brasil, mas isso não precisa estar restrito ao Google. A gente faz só um pedaço. Temos de olhar o mundo sob uma ótica de colaboração.
ÉPOCA – O que é essencial hoje para se tornar um profissional do Google?
Coelho – Não é necessariamente o tipo de característica que faz ele se encantar por nós: uma empresa de tecnologia moderna, que trabalha com produtos que impactam a vida de milhares de pessoas [são seis plataformas com mais de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo], com pessoas inteligentes e um ambiente legal e descontraído. Buscamos pessoas dispostas a entender a necessidade de você no mundo de hoje combinar engajamento com performance, ou seja, buscar fazer o melhor para a sociedade e trabalhar muito, muito bem.
ÉPOCA – Como o Google lida com a diversidade em sua contratação? Ainda há poucas mulheres em áreas como inteligência artificial, por exemplo.
Coelho – Como o Google constrói produtos para todas as pessoas, ele precisa estar representado por todas as pessoas da sociedade. Isso se traduz numa tentativa da empresa de poder adquirir, manter e desenvolver os talentos independentemente de gênero, de cor da pele e de condição social, e sempre com meritocracia. Por uma questão histórica, uma realidade global, precisamos estimular a maior presença de mulheres na tecnologia. Com a parte comercial, temos zero problemas: metade do corpo de diretoras que trabalham aqui são mulheres. Temos histórico de pessoas que trabalharam em marketing, vendas e propaganda. Na parte da engenharia, matemática e programação, é mais difícil, porque exige que a gente possa abraçá-las num momento até anterior à formação dessas profissionais. Tinha sete engenheiras numa turma de 90 quando me formei na Federal do Rio. É uma mudança que ainda vai demorar nesse sentido, mas exige uma preparação para as gerações que estão vindo.
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