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Soluções de grandes problemas nascem no quintal, diz diretor do Google Brasil

Soluções de grandes problemas nascem no quintal, diz diretor do Google Brasil

Fabio Coelho esteve no Prêmio GPTW 2016, onde o Google venceu como Melhor Empresa Multinacional Média para trabalhar no país

PAULA SOPRANA
16/08/2016 - 13h42 - Atualizado 31/10/2016 17h58

Considerada a melhor empresa multinacional média para trabalhar no país pelo Prêmio GPTW, concedido na noite de segunda-feira (15), o Google Brasil tem investido no incentivo à inovação de empreendimentos nacionais. Dois meses depois de inaugurar o Google Campus, espaço destinado a startups e a empreendedores que estão na fase inicial de seus negócios, o diretor-geral, Fabio Coelho, afirma que é importante ver o empreendedor brasileiro pela ótica da colaboração. Segundo ele, é preciso dar apoio aos negócios daqui, que nascem como soluções criativas, mas carentes da estrutura necessária para vingar no mercado. É aí que entra a função das aceleradoras, que têm desenvolvido um papel de destaque ao dar mentoria aos empresários depois da fase inicial de concepção de seus projetos. Em entrevista a ÉPOCA, ele também fala sobre o desafio de contratar mulheres na engenharia e sobre a qualidade necessária para ser um funcionário do Google.

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Fabio Coelho, diretor presidente da Google Brasil recebe o prêmio do primeiro lugar na categoria Empresa Média  (Foto: Emiliano Capozoli/ÉPOCA)

ÉPOCA – Aceleradoras são a saída para elevar a régua da inovação no Brasil?
Fabio Coelho –
Sem dúvida. A internet democratiza o acesso e a oportunidade, mas alguém precisa ajudar os empreendedores [e não é necessariamente uma missão com fim lucrativo]. É bom para a sociedade termos empreendedores competentes. No caso do Campus, não é uma proposta para servir ao Google, mas à sociedade. O que fica claro é que a economia digital pode ser poderosa em causar rupturas quando você observa a possibilidade de maior eficiência, transparência e colaboração. Soluções de grandes problemas podem nascer no fundo do quintal de alguém, ideias como o 99Taxis e o Waze nascem em qualquer lugar. É preciso gente criativa, nós temos. É preciso problemas, temos. Mas também é preciso estrutura para ajudar o empreendedor e ensiná-lo a percorrer o caminho das pedras. Gilberto Kassab, ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, esteve no Campus e presenciou o trabalho que fazemos e como ele pode ajudar o Brasil, mas isso não precisa estar restrito ao Google. A gente faz só um pedaço. Temos de olhar o mundo sob uma ótica de colaboração.

ÉPOCA – O que é essencial hoje para se tornar um profissional do Google?
Coelho –
Não é necessariamente o tipo de característica que faz ele se encantar por nós: uma empresa de tecnologia moderna, que trabalha com produtos que impactam a vida de milhares de pessoas [são seis plataformas com mais de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo], com pessoas inteligentes e um ambiente legal e descontraído. Buscamos pessoas dispostas a entender a necessidade de você no mundo de hoje combinar engajamento com performance, ou seja, buscar fazer o melhor para a sociedade e trabalhar muito, muito bem.

ÉPOCA – Como o Google lida com a diversidade em sua contratação? Ainda há poucas mulheres em áreas como inteligência artificial, por exemplo.
Coelho –
Como  o Google constrói produtos para todas as pessoas, ele precisa estar representado por todas as pessoas da sociedade. Isso se traduz numa tentativa da empresa de poder adquirir, manter e desenvolver os talentos independentemente de gênero, de cor da pele e de condição social, e sempre com meritocracia. Por uma questão histórica, uma realidade global, precisamos estimular a maior presença de mulheres na tecnologia. Com a parte comercial, temos zero problemas: metade do corpo de diretoras que trabalham aqui são mulheres. Temos histórico de pessoas que trabalharam em marketing, vendas e propaganda. Na parte da engenharia, matemática e programação, é mais difícil, porque exige que a gente possa abraçá-las num momento até anterior à formação dessas profissionais. Tinha sete engenheiras numa turma de 90 quando me formei na Federal do Rio. É uma mudança que ainda vai demorar nesse sentido, mas exige uma preparação para as gerações que estão vindo.

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