Rio

Estado muda plano de concessão da Cedae

Dornelles afirma focar áreas sem investimentos, e não mais Barra e Zona Sul

RIO - O governador em exercício Francisco Dornelles disse nesta sexta-feira que pretende fazer uma concessão de serviços da Cedae em quatro áreas do estado: no Noroeste Fluminense, em São Gonçalo, na Baixada e em algumas cidades da Região Metropolitana. Dornelles, que mudou o plano inicial, cujo foco estava nas redes de água e esgoto da Barra, de Jacarepaguá e da Zona Sul, admitiu enfrentar resistência para implantar mudanças no abastecimento de água e no tratamento de esgoto no município do Rio.

Ao ser questionado pelo GLOBO sobre o tema, o governador evitou usar o termo “privatização”, que sofre críticas de funcionários antigos e de gestores que já estiveram à frente da empresa.

— Não há a possibilidade de se falar em privatização. O que estamos discutindo é a concessão de água e esgoto. Queremos concessões em lugares nos quais a Cedae ainda não investiu — disse Dornelles.

Mais cedo, no entanto, em um evento na Associação Comercial do Rio, ele havia defendido a realização de privatizações como política para superar a crise financeira do estado.

Dornelles articula um plano de concessões com o secretário de Parcerias Público-Privadas da Presidência da República, Moreira Franco. Eles estiveram juntos na Associação Comercial do Rio.

— O governador Francisco Dornelles relatou uma conversa que teve com a presidente do BNDES (Maria Silvia Bastos Marques) no sentido de o banco e o estado construírem uma modelagem para que a Cedae passe por uma concessão — afirmou o secretário após fazer um discurso em defesa de um amplo programa de concessões.

“ESTADO GRANDE E FALIDO"

Sem mencionar diretamente o plano de concessão da companhia, Dornelles, após a fala de Moreira, afirmou que a retomada do crescimento econômico em um “estado gigante e falido” — numa referência às contas públicas — requer investimentos privados. O governador discursou em defesa das privatizações:

— Todos nós queremos a retomada do crescimento econômico. Essa retomada só ocorre com aumento do nível de investimento. E dentro de um estado gigante e falido, que não tem nenhum recurso, isso vem através das privatizações, das concessões e das parcerias público-privadas.

No último dia 15, Dornelles se reuniu com a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, e com a diretora de Infraestrutura da instituição, Marilene Ramos, para tratar de um modelo de concessão da Cedae.

O BNDES, por meio da sua assessoria de imprensa, informou que, na reunião, ficou combinada a elaboração de “modelos alternativos para concessão de água e esgoto no Rio". O projeto deve ser apresentado em três semanas.

A privatização da Cedae é um assunto polêmico no estado. No mês passado, o governo pôs na mesa a possibilidade de incluir a companhia na renegociação da dívida com a União. Na cúpula do governo, a privatização é defendida por Dornelles. Pessoas próximas ao governador licenciado Luiz Fernando Pezão — que sempre foi contrário à medida — afirmam que a Cedae é avaliada em R$ 4 bilhões, mas que há mais de R$ 2 bilhões em passivos trabalhistas. O valor cobriria um pequeno percentual da dívida com a União, de R$ 67 bilhões.

A concessão ou privatização de serviços da Cedae, no entanto, não é uma decisão que possa ser tomada apenas pelo governo do estado. O assunto terá que ser debatido e aprovado por uma espécie de órgão colegiado, cujo formato ainda está sendo discutido na Assembleia Legislativa. Representantes do estado e de 21 municípios deverão integrá-lo.

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